Uma frente parlamentar contrária à privatização da Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf) pelo governo federal será criada na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). O grupo será coordenado pelo deputado estadual Lucas Ramos (PSB), adversário em Petrolina do grupo político do senador Fernando Bezerra Coelho (PSB), pai do ministro de Minas e Energia, Fernando Filho (PSB), que está a frente da venda da Eletrobras, estatal que controla a Chesf.
De acordo com Lucas, as principais preocupações são com a função estratégica da energia para o desenvolvimento do País, com a possível dilapidação do patrimônio público e com o papel central que a empresa tem na gestão das águas do Rio São Francisco. “O rio tem um uso múltiplo no que diz respeito ao consumo de água para uso humano, para a produção agrícola através da irrigação ou da agricultura familiar, da pesca artesanal e o objetivo fim da Chesf que é a exploração para a geração de energia elétrica”, lembra.
A criação da frente ocorre no momento em que FBC e o ministro Fernando Filho ensaiam deixar o PSB para reforçar o palanque de oposição no Estado, mirando numa candidatura majoritária ao lado de outros ministros do governo Michel Temer. Após a aprovação da frente, Lucas criticou a privatização como uma medida tomada pelo “desgoverno” federal.
“Do ponto de vista partidário, o ministro Fernando Filho, parlamentar eleito pelo PSB, feriu gravemente o estatuto do partido quando prevê a privatização de uma estatal, enquanto nós socialistas pregamos o fortalecimento das empresas públicas de forma que o Estado possa oferecer oportunidade para todos os brasileiros. O que nos entristece é saber que um deputado do PSB foi o porta-voz dessa notícia de venda do Rio São Francisco”, disparou. Na Alepe, já há uma audiência pública marcada para o próximo mês para debater a privatização da Chesf, para a qual Fernando Filho foi convidado.
Além dele, integram o colegiado os deputados Odacy Amorim (PT), Rodrigo Novaes (PSD), Laura Gomes (PSB) e Zé Maurício (PP). Em entrevista à TV JC no início da semana, Novaes disse não querer acreditar que a privatização vá incluir as usinas hidrelétricas que existem no Rio São Francisco e cuja vazão interfere na disponibilidade de água. “Acho um pecado, um crime com quem precisa da água do rio”, descreveu. “O ministro conhece o Rio São Francisco e me causa estranheza que ele tome uma medida assim sem ouvir as pessoas envolvidas”, ponderou ainda.