Com informações de Maria Eduarda Bravo
Em seu projeto de reeleição à Presidência da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM) se reuniu com o governador Paulo Câmara, vice-presidente nacional do PSB, em busca de conseguir o apoio dos socialistas. "Estamos dialogando, o PSB é um dos grandes partidos que a Câmara tem, um partido histórico, com grandes quadros, começando pelo seu líder, o deputado Tadeu (Alencar). Infelizmente, tomou uma posição divergente, mas a gente espera que ainda possa, conversando, tentar trazê-los de volta, como foi na eleição de 2017, mas independente disso a gente respeita a posição do PSB, tem grandes quadros e certamente vai continuar contribuindo para o parlamento como contribuiu nos últimos anos", afirmou Mais, nesta quinta-feira (17).
Maia Ainda destacou que a visita foi de cortesia e que não pode pedir ao governador que divida o partido para lhe apoiar. "O governador é um homem de partido, ele vai trabalhar para que o partido esteja unido, não posso pedir que divida o partido para me apoiar, seria deselegante da minha parte. Fiz questão, como sempre faço quando venho a Recife, de visitar o governador Paulo Câmara, meu amigo, um grande governador, uma referência de gestão para todos nós, claro conversar um pouquinho sobre política, mas é um governador de Estado não tem que passar desse limite institucional", destacou.
Após o apoio do PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, a Rodrigo Maia, o PSB recuou de apoiar o demista. "Acredito que a gente não pode misturar o processo eleitoral da Câmara com o processo eleitoral de 2018. A Câmara tem uma representação decidida pela sociedade, representada em mais de 20 partidos, o PSL é um dos partidos, não há nenhum acordo na minha candidatura com o governo, a Câmara e um poder independente, agora o PSL elegeu 52 deputados que precisam ser respeitados, como precisam respeitar os 55 deputados do PT, acho que uma boa Câmara é a que garante o diálogo, o equilíbrio e a oportunidade de participação de todos os partidos. A preocupação do PSB de que o apoio do PSL seria o apoio do governo, todo mundo sabe que não é verdade, foi uma decisão partidária e é assim que eu trato. O PSL terá o espaço dele, como certamente todos os outros partidos pelo tamanho de sua bancada terão sua representação garantida se a decisão for para a minha eleição à presidência", comentou.
No encontro também estavam os deputados João Campos (PSB), Danilo Cabral (PSB) e Tadeu Alencar (PSB), líder da bancada socialista e que ainda não bateu o martelo sobre qual candidato irá apoiar. Deputados de outros partidos participaram como Augusto Coutinho (SD), Raul Henry (MDB), Wolney Queiroz (PDT), Silvio Costa Filho (PRB), André de Paula (PSD), Osésio Silva (PRB) e Nilton Mota, chefe da Casa Civil. Além da vice-governadora Luciana Santos (PCdoB).
À tarde, Maia tem almoço marcado com a bancada pernambucana para também angariar votos. A expectativa é que compareçam entre 12 e 15 parlamentares. Nos bastidores, comenta-se que, com o indicativo de apoio por parte do PCdoB e do PDT a Maia, ele identificou a possibilidade de o PSB voltar atrás e seguir o entendimento desses dois partidos. As três legendas formam um novo bloco de oposição ao presidente Bolsonaro.
Foi justamente o apoio do PSL a Maia que gerou a primeira divergência no bloquinho, com os socialistas abrindo possibilidade de apoiar outro candidato. A negociação de apoios para a eleição passa pela ocupação de cargos na Mesa Diretora e pelo comando de comissões estratégicas, como a de Constituição e Justiça (CCJ), que faz parte do acordo com o PSL.
A bancada socialista de Pernambuco é a maior do País, com cinco deputados. O partido possui um peso histórico no Estado. Foram presidentes da legenda os ex-governadores Eduardo Campos e Miguel Arraes. A expectativa é de que, com o apoio dos pernambucanos, as bancadas de outros Estados poderão segui-los.
A maioria dos deputados pernambucanos é dos 12 partidos que já declararam apoio a Maia, como PSD, PPS, PRB e PROS. Essas siglas somam 283 cadeiras na Casa. Augusto Coutinho um dos articuladores da reunião de hoje, garantiu que todos os deputados foram convidados, independentemente da posição dos partidos. Mas nomes como Marília Arraes (PT), Carlos Veras (PT) e Eduardo da Fonte (PP) não compareceram.
Partidos de um segundo bloco lançaram outras candidaturas na tentativa de neutralizar Maia e arrastar a disputa para um segundo turno. O PP lançou a candidatura do alagoano Arthur Lira. O próprio PSB tem o candidato alagoano João Henrique Caldas na agulha. Um parlamentar em reserva afirmou que a candidatura de Maia não é bem vista dentro da sigla progressista porque os deputados avaliam que “Maia já está há três anos e meio. Isso faz com o que os parlamentares possam conhecer os posicionamentos dele. Mas outras candidaturas também estão ganhando corpo e têm espaço de diálogo com outros parlamentares também”, afirmou. Logo após o encontro com os pernambucanos, Maia segue para o Rio Grande do Norte. Ele já se encontrou com a bancada do Piauí, fruto de uma articulação do governador Wellington Dias (PT).