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Cena Política

Por Igor Maciel
Murchou

A universal receita de "bolo murcho" que acabou com a operação Lava Jato

A justificativa para conquistar e, posteriormente, manter o poder, está no entendimento de que "estavam fazendo o que é melhor para o coletivo" num tipo de império da honestidade. No fim, tudo é vaidade e presunção, como em qualquer império.

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Igor Maciel

Publicado em 08/02/2021 às 12:50 | Atualizado em 08/02/2021 às 13:22
Senador Sergio Fernando Moro - PEDRO FRANÇA / AGÊNCIA SENADO

O começo do fim de qualquer império é a soberba e a ostentação. Pode não acabar ali, mas é o cume de onde não passa.

As grandes pirâmides, por exemplo, maior símbolo de grandiosidade da época, foram construídas no ápice da civilização egípcia. Depois, o império entrou em declínio. Com Roma, que o sucedeu, ocorreu algo parecido. Com os EUA, o processo está em curso.

Após atingir o cume, sem mais necessidade de negociar para conquistar, começam a fazer bobagem e despencam ao longo dos séculos seguintes.

A receita de fracasso dos grandes impérios serve para projetos mais modestos também.

Os gestores da Operação Lava Jato assumiram como batismo para o seu empreendimento um "império da honestidade" que os colocava acima dos outros mortais. Ao ponto de acharem que deveriam ser vistos como passíveis de vista grossa caso cometessem irregularidades, já que "o fim era nobre".

Dissecar o que levou esse trabalho ao fim não é difícil. 

Quando o apoio popular chegou ao auge e Sergio Moro era saudado como um herói nas ruas, os procuradores chegaram a pensar em fazer estátuas como homenagem a eles próprios, colocaram outdoors.

Os projetos fantasiados de coletivos, diversificaram-se e se tornaram mais privados.

Procuradores viraram candidatos e alguns se elegeram, Moro virou ministro da Justiça.

Nas campanhas eleitorais, por sinal, "juiz", "procurador" e "delegado" virou prenome. José agora é "Delegado José", porque dá voto.

Tudo, claro, pensando no povo.

O foco de grupos assim, tanto nas civilizações antigas quanto na atual, relaciona-se à conquista e manutenção de poder.

A justificativa para conquistar e, posteriormente, manter o poder, está no entendimento de que "estão fazendo o que é melhor para o coletivo".

Para comprovar que fazem o melhor para o coletivo, buscam legitimação por popularidade.

E, para manter a popularidade, embarcam no populismo.

É uma receita simples e universal, de um bolo que sempre murcha. Como murchou.



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