O pão está quentinho, tem alface, uma rodela de tomate e, no meio, um hambúrguer suculento convida para a primeira mordida. Tudo muito bom, tudo muito bem, mas a receita do hambúrguer contém ingredientes vegetais usados de forma a deixar o produto com características sensoriais de textura, sabor e aparência similares ao hambúrguer feito com carne bovina.
O nome é plant-based, termo inglês que designa alimentos com aparência, textura e sabor que se assemelham aos produtos feitos com proteína animal. Isso tudo apesar da composição ter como um dos ingredientes a fibra de caju tratada, que apresenta características neutras de sabor e odor.
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Na receita, a fibra caju contribui especialmente para a textura e melhoria do valor nutricional com o acréscimo de fibra alimentar. Eles já estão no mercado, mas parece claro que, ano que vem, a lanchonete vai ter em definitivo um cardápio de sanduíches vegetais.
O setor de plant-based terá um crescimento anual médio de quase 12% até 2027, segundo relatório da Meticulous Market Research.
O mercado global pode chegar a US$ 370 bilhões em 2035, de acordo com outro levantamento, desta vez da consultoria A.T. Kearney.
No Brasil, uma pesquisa do The Good Food Institute em parceria com o Ibope, detectou que 39% dos flexitarianos (pessoas que diminuíram o consumo de produtos de origem animal, mas não os cortaram definitivamente).
Também aqui no Brasil, um estudo das pesquisadoras Melicia Galdeano, Ilana Felberg, Janice Lima e Caroline Mellinger da Embrapa Agroindústria de Alimentos (RJ) prevê que esse é um negocio de futuro.
E essa demanda por hambúrgueres de carne “fake” cresceu tão rápido que a gigante JBS já considera criar uma empresa global focada, exclusivamente, em produtos à base de plantas.
Mas a JBS é apenas uma das muitas empresas tradicionais de alimentos e em expansão que apostam em substitutos da carne em meio ao maior interesse por proteínas vegetais.
Na verdade, desde 2019, o consumidor brasileiro vem acompanhando uma enxurrada de lançamentos de produtos à base de ingredientes vegetais.
Hoje, existem de bebidas e sorvetes a hambúrgueres, empanados, almôndegas e até pedaços inteiros de carne, peixe ou frango. Todos feitos à base de plantas!
A categoria de produtos substitutos da proteína animal não é nova no Brasil, mas antes estava muito restrita às populações vegana e vegetariana. Além disso, os produtos eram feitos quase que exclusivamente à base de soja.
O hambúrguer vegetal à base de soja e fibra de caju, desenvolvido pela Embrapa em parceria com a iniciativa privada, é um bom exemplo dessa nova geração de produtos plant-based que, além se ser nutritivo e saboroso, ainda é rico em fibras.
Outras pesquisas da Embrapa estão focando o desenvolvimento de ingredientes protéticos alternativos à base de feijão, grão de bico e lentilha, bem como no desenvolvimento de texturas diferenciadas, que se assemelham à textura da carne, por aplicação da tecnologia de extrusão.
O consumidor para esse público já ganhou até um nome: “flexitariano”. O nome é em razão deles serem os grandes responsáveis pela rápida evolução dos plant-based, uma vez que optam pela redução do consumo de proteína animal, sem, no entanto, deixar de consumi-la.
E, exatamente por não deixar de comer produtos de origem animal, são mais exigentes quanto à sabor, aroma e textura, o que é um desafio para a pesquisa.
A população mundial está crescendo e deve somar 10 bilhões em 2050. Não será possível produzir a quantidade de carne necessária para satisfazer as necessidades mundiais de proteína.
Pouca gente lembra, mas nos anos 70, o extrato de soja já era uma opção ao leite e era inclusive oferecido na merenda escolar para suprir o déficit nutricional que atingia a população com baixo poder aquisitivo. Quem não se lembra do cachorro quente feito com soja, embora a salsicha fosse bovina?
O consumidor atual mais informado, exigente e mais consciente do seu papel, compromisso com o planeta e com a causa do sofrimento animal, vem pressionando para que os modelos de produção se alterem para alternativas mais sustentáveis e humanizadas.
A cultura do consumo de alimentos plant-based é muito recente no Brasil. Mas está claro que os alimentos plant-based estão se consolidando como uma alternativa no cardápio do brasileiro e que o mercado seguirá ampliando a oferta.
Tanto que a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e instituições privadas estão atuando no desenvolvimento de novos ingredientes que resultem em produtos de excelente qualidade, sobretudo em termos de sabor e textura.
E essa tendência vai ser o alvo de muita gente grande. A JBS é apenas uma das muitas empresas tradicionais de alimentos e em expansão que apostam em substitutos da carne em meio ao maior interesse por proteínas vegetais.
Empresas como McDonald’s e Starbucks incluíram produtos alternativos à carne em seus menus.
A JBS, assim como a rival Tyson Foods, entrou no mercado de carne à base de plantas em 2019, e equipes regionais ao redor do mundo desenvolveram produtos de acordo com as demandas locais.
Além disso, a crescente classe média na Ásia e na África quer incluir, cada vez mais, proteínas em suas dietas. A produção de proteínas precisa aumentar 70% nos próximos 30 anos para atender à essa nova demanda.