Tudo dentro do esperado. As passagens de ônibus da Região Metropolitana do Recife serão reajustadas em 8%, em média, a partir do próximo domingo (7/2). Além da pandemia de covid-19, a população terá que arcar com mais esse custo. Como historicamente acontece, o Conselho Superior de Transporte Metropolitano (CSTM) aprovou o aumento sugerido pelo governo de Pernambuco, gestor do sistema, elevando o Anel A para R$ 3,75 e o Anel B para R$ 5,10. Também foi criado o Horário Social, quando a passagem custará quarenta centavos mais barata nos horários fora-pico e apenas para quem paga com o cartão VEM Comum.
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As entidades da sociedade civil representadas no Conselho - Frente de Luta Pelo Transporte Público (FLTP) e Frente dos Usuários do Transporte Público - ainda tentaram evitar o aumento, sem sucesso. Nem mesmo a participação do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) como ouvinte foi suficiente para conseguir reduzir o índice de reajuste ou adiar a entrada em vigor do aumento - como a instituição pleiteava. Foram 14 votos a favor do aumento, 3 abstenções e 6 votos pelo congelamento proposto pela FLTP e o MPPE. Assim, valeu o aumento de 8,7% para o Anel A, que passará de R$ 3,45 para R$ 3,75, e de 8,5% no Anel B, que subirá de R$ 4,70 para R$ 5,10.
Por outro lado, haverá redução do preço da passagem nos horários de menor movimento no sistema - das 9h às 11h e das 13h30 às 15h30 -, o chamado Horário Social. Será R$ 0,40 e estará atrelada ao pagamento com o cartão VEM Comum - utilizado por 40% dos passageiros do sistema. No Horário Social, o Anel A custará R$ 3,35, e o Anel B, R$ 4,60. O Horário Social ajudaria a pulverizar a superlotação dos ônibus nos horários de pico, quando mais da metade dos passageiros se deslocam concentrados em quatro horas - duas pela manhã e duas à noite.
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O Estado destacou desde que apresentou a proposta que os índices são menores do que a inflação acumulada de 2019 e 2020, que foi de 9%. Vale lembrar que em 2018 e 2020 - anos de eleição - não houve revisão tarifária. O modelo do Horário Social é semelhante ao adotado recentemente em Curitiba (PR) e em Fortaleza (CE), chamado Tarifa e Hora Social, respectivamente.
NOVIDADES DA REUNIÃO
A reunião teve algumas peculiaridades não vistas em outros encontros e que foram provocados pela pandemia de covid-19. Entre elas, a presença do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PE) e do Ministério Público de Pernambuco (MPPE). Outra novidade foi a postura do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Urbana-PE), que retirou a proposta apresentada em janeiro defendendo um reajuste de 16%, o que elevaria o Anel A para R$ 4. Os empresários de ônibus optaram por defender a proposta do governo de Pernambuco.
O CSTM é um colegiado com 24 representantes, mas apenas oito da sociedade civil, representando passageiros, idosos, estudantes e pessoas com deficiência. Os outros são ligados à gestão pública, à operação e ao Legislativo. A composição é a seguinte: governo do Estado (6 representantes), Prefeitura do Recife (1), Prefeitura de Olinda (1), Assembleia Legislativa (1), Câmara de Vereadores do Recife (1), Câmara de Vereadores de Olinda (1), empresários de ônibus (1), Companhia Brasileira de Trens Urbanos – CBTU (1), Sindicato dos Rodoviários (1), Sindicato do Transporte Complementar do Recife (1), usuários do sistema (4), estudantes (2), pessoas com deficiência (1) e idosos (1). Ou seja, uma composição com mais representatividade do poder público e que historicamente fecha com o governo do Estado.
O secretário de Desenvolvimento Urbano, Marcelo Bruto, e quem preside o CSTM, explicou o reajuste. “Estamos transportando entre 700 e 800 mil pessoas, o equivalente a 60% do que era transportado antes da pandemia. E, mesmo com uma cobrança maior da população, o limite é o financiamento. Faltam recursos para realizarmos mais do que já fazemos”, afirmou. Marcelo Bruto também destacou que o Estado tentou aplicar o menor percentual de aumento possível. “Os estudos apresentados pelo Grande Recife Consórcio de Transporte adotaram três premissas: não aumentar a tarifa acima da inflação, viabilizar o reforço da frota na pandemia e criar uma política pública para 30% dos passageiros que financiam o transporte público, que conseguimos com o Horário Social”, afirmou à imprensa após a reunião.
A inflação acumulada em 2019 e 2020 seria de 9% e o reajuste do Anel A foi de 8,7%. E o Horário Social vai beneficiar 10% dos passageiros que pagam a tarifa em dinheiro ou cartão VEM atualmente. A estimativa é que 70 mil pessoas sejam beneficiadas diariamente pela passagem mais barata.
Começou a ampliar a frota de ônibus de 70% para 81%, com a entrada, imediata, de 255 ônibus e a meta de alcançar 300 veículos até o fim de fevereiro, já que a liberação das aulas presenciais na rede pública e privada geraria uma expectativa de 180 mil estudantes circulando nos ônibus da RMR. Também ampliou a presença de PMs em mais oito TIs.
REAÇÃO NAS RUAS
Nas ruas, a população foi pura revolta com o aumento das passagens. "É um absurdo. É um reajuste inviável para o bolso do brasileiro. Quem diria que a passagem chegaria a custar R$ 5,10 (valor do Anel B com o aumento). E no meio de uma pandemia. É revoltante", criticou o auxiliar financeiro Renan Augusto, que mora em Olinda e usa o Anel B.
"Já não basta o desemprego que temos enfrentado e que aumentou demais com a pandemia? Isso tudo não é suficiente? Estou há dois anos sem emprego e entrando pela porta de trás do ônibus porque não tenho como pagar a passagem. Não gosto de fazer isso, mas é a necessidade", disse o armador Vanderlei Gomes.
"Esse aumento é muito injusto porque não temos um transporte público adequado. Os ônibus demoram demais e estão sempre cheios", criticou a confeiteira Gerlane Samuel dos Santos.