Uma das ligações mais importantes da cidade, o Viaduto Capitão Temudo, que liga a área do Centro Expandido à Zona Sul do Recife, é também um dos lugares mais temidos pelos ciclistas. Só passa quem realmente precisa e tem coragem. A velocidade dos veículos é sempre alta, o que expõe os deslocamentos ativos. Ao mesmo tempo, o Temudo é uma importante ligação não só viária, mas também de oportunidades sociais, embora seja domínio dos automóveis - nem mesmo os ônibus têm uma faixa de circulação exclusiva no elevado.
Leia também Ciclovia no Viaduto Capitão temudo custaria pouco mais de R$ 1 milhão e transformaria mobilidade do Recife
OUTRAS MATÉRIA DO MAIO AMARELO
- Maio Amarelo - Um mês no ano para fazer com que as mortes no trânsito incomodem o Brasil
- Por ruas mais calmas e humanas: limite de velocidade de 30 km/h já
- Confira como ficará o Cais da Aurora, no Recife, depois da reforma de R$ 6 milhões
- Recife amplia malha para bicicletas a conta gotas e evita os grandes corredores viários
Por isso, o JC apresenta para discussão duas propostas de ciclovias para o Complexo Viário Joana Bezerra, composto da Ponte José de Barros Lima e do Viaduto Capitão Temudo. O Plano Diretor Cicloviário (PDC) da Região Metropolitana do Recife já prevê uma infraestrutura na área que nunca foi implementada, é importante ressaltar. O material proposto são ideias simuladas por cicloativistas e pela Ameciclo (Associação Metropolitana de Ciclistas do Recife) para serem apresentadas como sugestão aos gestores públicos - Prefeitura do Recife e governo do Estado. A extensão dos equipamentos seria de 5,8 km, considerando os dois sentidos.
Leia também UM OUSADO PLANO PARA A BICICLETA NO RECIFE
A primeira proposta prevê uma ciclovia - estrutura totalmente segregada do tráfego de veículos - bidirecional (sentido duplo) começando a partir da conexão com a Avenida Agamenon Magalhães, na altura do Hospital Português, no Paissandu. Depois, seguindo pela pista oeste da Ponte José de Barros Lima até o Viaduto Capitão Temudo. A ciclovia seguiria até o Pina, entrando na Zona Sul do Recife pela Ponte Paulo Guerra.
Já na segunda proposta, a ciclovia seria unidirecional (um único sentido) em cada lado do canteiro central da Ponte José de Barros Lima e do Viaduto Capitão Temudo. Essa seria a principal diferença da primeira ideia, além do fato de que, no sentido Boa Viagem-Derby, o equipamento seria implantado também num trecho da Avenida Antônio de Góis e na Ponte do Pina (que sai de Boa Viagem e faz a conexão com o Capitão Temudo).
As duas ideias permitem a conexão, inclusive, da Ciclovia Capitão Temudo com a estrutura da Via Mangue e, também, da Avenida Boa Viagem. Nos dois casos haveria o redimensionamento da largura das faixas dos carros, mas seria possível manter a quantidade, só que mais estreitas.
“Seria uma ligação muito importante para quem pedala e usa a bicicleta como transporte. Mesmo que, nessas propostas, não seja possível haver a conexão para as pessoas que residem no entorno do Temudo devido às alças de acesso. Mas ajudaria muito. É a ligação da Zona Sul com o Centro Expandido do Recife, um reduto de serviços e oportunidades”, destaca Daniel Valença, da Ameciclo.
O medo que os ciclistas têm de passar pelo Capitão Temudo devido ao perigo provocado pela velocidade dos veículos se reflete nos números. Contagem do Instituto da Cidade Pelópidas Silveira (ICPS) mostra que passam um média de 400 ciclistas por dia no viaduto. “O alto perigo afasta quem pedala. Mas colocando a infraestrutura, os ciclistas viriam”, diz Daniel Valença. A conexão com a Ciclovia da Agamenon Magalhães - projetada pela prefeitura do Recife sobre o canteiro central ainda na gestão do prefeito Geraldo Julio (PSB) - seria fundamental para consolidar o equipamento do Capitão Temudo.
CICLISTAS JÁ MORRERAM ATROPELADOS NO VIADUTO CAPITÃO TEMUDO
Faltava uma ciclovia no caminho do ciclista César Filipe, atropelado no Viaduto Joana Bezerra
Motorista que atropelou e matou ciclista é identificado, presta depoimento e diz que fugiu por temer assalto