O protesto realizado por um grupo de rodoviários na manhã desta segunda-feira (18/4), na Avenida Cruz Cabugá, corredor viário fundamental na ligação do Norte da Região Metropolitana com o Recife, é apenas um pouco do que o passageiro de ônibus deve esperar nos próximos dois meses.
Embora a manifestação tenha sido em alerta pelo crescimento dos atos de vandalismos e invasões do sistema - principalmente do “surf” praticado por jovens no teto dos ônibus -, a categoria está iniciando o período de campanha salarial.
E, como acontece todos os anos, à medida que as negociações com os empresários de ônibus não avançam, só a pressão de protestos que travam avenidas e dificultam o deslocamento da população funciona.
E os rodoviários sabem disso.
Nesta terça-feira (19), a categoria realiza uma assembleia para fechar a pauta de reivindicações para a campanha salarial 2022, dando início à luta anual entre trabalhadores e empregadores - que tem o passageiro no meio.
A discussão acontece na sede do Sindicato dos Rodoviários de Pernambuco, em Santo Amaro, em duas assembleias. Uma às 10h e outra às 16h.
Na pauta de reivindicações, seis pontos chaves: reajuste pela inflação (estimada em 11%) e 5% de ganho real, o fim (ou redução) da dupla função dos motoristas, a implementação de plano de saúde para toda a categoria, aumento do vale alimentação de R$ 314 para R$ 400 por mês, adoção do ticket refeição no valor de R$ 200 e o fim da folga compensatória.
“Estamos dando início à campanha salarial com a definição da nossa pauta de reivindicações. E, de fato, é um período em que temos que fazer muita pressão. Também precisamos envolver o governo do Estado na questão da dupla função, já que é ele o gestor do sistema de transporte”, afirma Aldo Lima, presidente do Sindicato dos Rodoviários.
Embora não tenha comandado a manifestação contra o vandalismo nesta segunda, o sindicato diz apoiar a manifestação e já ter acionado a segurança pública do Estado para combater as práticas.
“Está muito difícil para quem trabalha no sistema. Os motoristas de ônibus estão com medo porque, sem o cobrador, ficaram expostos. Eles não conseguem perceber tudo que acontece no interior do coletivo”, relata Aldo Lima.
“Os atos de vandalismo aumentaram demais. Até mesmo jovens de escolas públicas, que têm gratuidade, estão pulando catracas. No caso do surf nos ônibus, o risco de um acidente com um jovem desses é grande. Os motoristas têm medo do que pode acontecer”, reforça Aldo Lima.
A Coluna Mobilidade mostrou o crescimento dos casos de vandalismo e evasão de receita do sistema. O aumento de flagrantes de jovens “surfando” em cima dos coletivos chama atenção.