Representantes do Sindicato dos Metroviários de Pernambuco (SindMetro-PE) são os únicos que ainda falam publicamente sobre o Metrô do Recife. Luiz Soares, novo presidente eleito da entidade - mas ainda não empossado - diz que a situação do sistema é tão crítica que há funcionários no setor de manutenção que estão fazendo “vaquinha” para comprar peças e garantir a operação dos trens.
“A situação do metrô é deprimente. Os trabalhadores estão tirando leite de pedra, chegando a comprar peças com dinheiro de seus próprios salários. Temos excelentes funcionários. Alguns com uma vasta experiência acumulada e outros com uma formação técnica acadêmica impressionante”, conta.
“O metrô vem sofrendo com falta de verba de custeios e investimentos já há um bom tempo e a situação piorou muito mais no governo do presidente Bolsonaro e do ministro Paulo Guedes. A falta de verbas de custeio vem levando a uma degradação sem tamanho do nosso sistema”, reforça.
Atualmente, denuncia o novo presidente, o Metrô do Recife tem dez composições completamente sucateadas e opera sem um número razoável de trens, o que provoca intervalos de 17/20 minutos e, consequentemente, viagens menos confortáveis devido à superlotação dos vagões.
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“Atualmente estamos operando com sete ou oito metrôs na Linha Centro, de três a quatro na Linha Sul e um VLT na Linha Diesel. Estamos chegando a uma situação na Linha Sul de ter apenas três metrôs em operação, impossibilitando o seu funcionamento, ou seja, com possibilidade de paralisação daquela linha”, denuncia.
Outra situação deprimente, segundo Luiz Soares, são os equipamentos da via permanente, que cuidam da manutenção dos trilhos, das máquinas de chaves, dos sinalizadores, dormentes e da rede aérea.
“Temos 17 máquinas especiais e apenas quatro delas estão funcionando. A falta dessas máquinas no setor de via permanente é que provocam a queda da rede aérea, o descarrilamento e outros problemas”, acrescenta.
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Toda a situação é provocada pela falta de verbas de custeio e que deve piorar porque o governo federal tem enviado para o Metrô do Recife cerca da metade do valor que o sistema necessita para operar com o básico.
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Investimentos são coisa do passado.