Os frequentes cancelamentos de corridas praticados por motoristas de aplicativo de transporte privado de passageiros - como Uber e 99 - estão irritando até mesmo o governo federal, além dos passageiros, é claro.
Na segunda quinzena de junho, a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), órgão vinculado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), convocou as plataformas para dar explicações sobre a prática.
A base é o excesso de reclamações nos canais da Defesa do Consumidor. Além dos cancelamentos - quem usa o serviço sente na pele, principalmente nos horários de pico ou em dias de chuva -, as cobranças indevidas nas corridas também têm sido comuns.
A Senacon deu dez dias para as empresas explicarem os ocorridos, prazo que venceu no dia 30/6, segundo nota pública do órgão. A secretaria quer saber detalhes sobre a política de cancelamentos de viagens e quais as punições aplicadas pelas plataformas aos motoristas que usam o recurso excessivamente.
Em nota, o Ministério da Justiça informou que a apuração tem como objetivo esclarecer eventuais infrações ao Código de Defesa do Consumidor. E que, “constatadas irregularidades, as devidas providências serão tomadas”.
Os cancelamentos de corridas, assim como um tempo maior de espera por um motorista parceiro, têm aumentado nos últimos meses.
São consequências dos constantes reajustes da gasolina e das chuvas mais frequentes no inverno brasileiro. Motoristas reclamam que, mesmo com os aumentos dos combustíveis, as plataformas seguem levando até 40% do valor das corridas.
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“É impossível não escolher viagem. Impossível. Ainda mais nessa época de chuva. Não só pelo custo com o combustível, que vai aumentar ou diminuir de acordo com o destino da corrida, mas pelo prejuízo que podemos ter no percurso, conforme a quantidade de água. A situação não está fácil”, lamenta o motorista de aplicativo Carlos Henrique Macedo, que trabalha com a Uber e a 99.
A Uber e a 99 se posicionaram sobre o assunto. Por email, a 99 informou que, até o momento, não foi notificada por parte da Senacon. Já a Uber encaminhou nota por email:
“A Uber informa que irá responder todos os esclarecimentos solicitados pela Secretaria Nacional do Consumidor no prazo estabelecido pelo órgão.
Motoristas parceiros são profissionais independentes e, assim como os usuários, podem cancelar viagens quando julgam necessário. Cancelamentos excessivos, porém, representam abuso do recurso e configuram violação ao Código da Comunidade por mau uso da plataforma, pois atrapalham o seu funcionamento e prejudicam intencionalmente a experiência dos demais usuários e motoristas.
A Uber tem equipes, processos e tecnologias próprias que revisam constantemente os cancelamentos para identificar suspeitas de abusos que violam o Código da Comunidade e, quando são comprovadas, banir as contas envolvidas.
Além disso, sempre buscando melhorar a experiência dos usuários e o bom funcionamento da plataforma para todos, a Uber vem implementando uma série de iniciativas voltadas à redução dos cancelamentos excessivos, como a inclusão de mais informações na tela de solicitações de viagens para os motoristas parceiros, como o ganho total e destino final, e um pacote de medidas para ajudar a mitigar o impacto da alta dos combustíveis para os parceiros”.