Desclassificado do "The Voice Brasil" antes da semifinal por conta de uma gripe, o pernambucano Carlos Filho acredita que encarou o programa "de forma terapêutica". Integrante do time de Lulu Santos, o artista surpreendeu os técnicos e a audiência ao cantar clássicos da MPB e pelo tom poético das apresentações. "O foco principal será a minha carreira solo", diz o cantor, que integra o grupo Estesia, em entrevista ao JC.
"Eu nunca tive interesse em carreira solo, sempre gostei de trabalhar em grupo, mas toda essa experiência mexeu muito comigo. Eu vou começar a produzir um disco de um espetáculo novo, que já venho esboçado há um tempinho", explica.
Carlos Filho revela que iria cantar "Chorando e Cantando", de Geraldo Azevedo, na semifinal. Ele já havia gravado a música para o grupo Estesia, do qual é vocalista. "Eu ia levar parte do arranjo do grupo para o programa. É uma música que domino e tenho muito poder." Caso fosse para a final, ele pretendia cantar "Gente", de Caetano Veloso, "por toda a situação que passamos na pandemia."
Ele torce para o cearense Giuliano Eriston. "É uma pessoa que tive muito contato e que de certa forma é que nos representa melhor no Nordeste. Já declarei publicamente." Giuliano, inclusive, é um dos convidados da série "Que Voz é Essa", que Carlos Filho tem publicado no YouTube.
Sobre a desclassificação
Ele admite que "não foi fácil" lidar com a saída repentina por um motivo externo. "Quando recebi a notícia, tive uma longa jornada. A minha preocupação era como isso seria comunicado. Existem pessoas que se mobilizaram muito. Na cidade onde nasci, montaram um telão na praça. Eu entendi que era algo muito grande para ser digerido de uma hora para outra", diz Carlos.
"Tentei ao máximo não deixar o clima ruim no dia, porque tinham outras pessoas participando. A cada etapa que fui passando, notei que às vezes as pessoas que saiam não mediam o que falavam, o que acaba respingando em quem ficava", continua, ainda sobre a saída.
Agenda e propostas na comunicação
Além da nova carreira solo e da continuidade do Estesia, Carlos Filho revela que tem recebido convites para vários projetos, mas que o contexto da pandemia ainda pede calma em relação aos shows. "Tive uma reunião com a equipe sobre isso, pois estamos passando por um momento muito sensível. Demos uma segurada nessas primeiras datas, que serão realizadas apenas na segunda quinzena de janeiro", explica.
Ele também recebeu convites para trabalhar no âmbito da comunicação, mais especificamente como apresentador. Uma proposta envolve uma emissora de TV, que ainda não pode ser revelada, e outras são de conteúdo para a internet. "Eu vou olhar tudo com calma para entender até que ponto isso não tira o meu foco. Até o momento, achei interessante demais. É uma forma ampla de conversar com as pessoas."
Programa como terapia
Apesar da ambição natural em chegar até o final, Carlos Filho explica que participar do "The Voice" nunca esteve em seus planos. Ele não se inscreveu, mas fez parte da lista de convidados da produção. "Eu aceitei bem de última hora. Os convidados são chamados um tempo depois das inscrições, então tive pouco tempo para me preparar. Não estava no meu plano de carreira. Coincidiu de uma forma muito curiosa com uma terapia que eu estava fazendo", continua.
"Apesar de cantar há muito tempo, eu nunca me vi na função de cantor. Me via mais como instrumentista e compositor", diz o artista, que também já foi vocalista da bandavoou. "Nesse processo do isolamento, percebi que cantar todos os dias era uma forma de suportar. Foi um ciclo muito curioso, e o 'The Voice' convergiu com isso. Essa era uma questão que eu tinha de encarar. Levei o programa quase como um processo terapêutico", conta. "Foi uma experiência incrível e que eu teria feito de novo."