A empresária pernambucana Rebecca Ferraz, 34 anos, proprietária da marca FRBX Store - (@firebox_store), teve uma ideia que impulsionou seu negócio em plena pandemia da covid-19. Ela, que também é estudante de Educação Física e praticante de crossfit (uma das modalidades esportivas que mais crescem no País), uniu, em camisas fitness, o bairrismo do povo nordestino com gírias locais e nomes de movimentos específicos do esporte. Foi sucesso. A mais vendida foi: “Cuscuz e Snatch: paixão de todo crossfiteiro nordestino”.
E o público crossfiteiro, literalmente, comprou a ideia. Quanto mais camisas ela confeccionava, mais vendia. “Se eu fizesse 100 camisas, vendia as 100 em uma semana. Foi um estouro. Vendi até pra nordestino que mora em outras regiões do País”. O preço médio das peças gira em torno de R$ 50 e ela garante que as camisas aguentam o repuxo que o crossfit exige. “Todo mundo que pratica crossfit sabe que as roupas não aguentam muito se não forem resistentes porque os movimentos que o esporte exige desgastam muito”, explica Rebecca.
Antes de ter a ideia, Rebecca focava sua empresa na confecção em atacado de camisas específicas para práticas esportivas. Seus clientes eram donos de academias, organizadores de corridas de rua, personal trainers que tinham grupos de funcional. Sem loja física, as vendas se davam através de um perfil no Instagram e do próprio Whatsapp. Além das camisas fitness, a FRBX Store também comercializa equipamentos próprios da prática de crossfit, como munhequeiras, grips, cordas de pular, entre outros.
Há dois anos, antes da pandemia da covid-19, ela passou a focar também no consumidor do varejo, que seria o público final de seus produtos. Foi então que as camisas descontraídas começaram a surgir. Mas foi em julho de 2020, após o primeiro lockdown enfrentado pelos pernambucanos, que ela decidiu sair do virtual e instalar uma loja física. O espaço foi montado através de uma parceria com o CrossFit SeaBox, em Olinda. “Eu decidi que precisava arriscar. Raspei todo o dinheiro que tinha e abri a loja. Na primeira semana acho que, se muito vendi, entrou uns R$ 200 reais, mas depois veio o boom”, relembra a empresária.
Rebecca conta que a ideia era aproveitar a rotatividade de alunos do box de crossfit para vender seus produtos, mas a estratégia parecia não ter dado muito certo. O negócio só engrenou cerca de um mês depois, quando as pessoas passaram a voltar a praticar exercícios. “A pandemia fez as pessoas se preocuparem mais com a saúde física e mental. O Seabox passou a ter uma grande procura de alunos novatos, além da reativação dos contratos que estavam suspensos. Nem os meninos (proprietários do box) esperavam isso. Foi aí que as camisas fizeram ainda mais sucesso”, diz.
A empresária está certa em dizer que a pandemia impulsionou o mercado fitness, incluindo a moda esportiva. O Brasil é o segundo em números de academias, de acordo com a IHRSA, associação internacional representante do mercado fitness no mundo. O setor foi, inclusive, um dos menos atingidos pela pandemia, mesmo ficando em torno de 3 meses sem atividades presenciais.
Na pandemia, “ser fitness” se tornou mais do que moda, passou a ser necessidade. Isso significa movimentar um setor que vai das próprias academias, alimentação mais saudável, busca por assessoria em profissionais como nutricionistas e fisioterapeutas, sem esquecer da moda fitness. As roupas esportivas, segundo especialistas, representam 20% do mercado de vestuário no Brasil.
“As pessoas precisam usar roupas específicas para a prática de exercícios porque tem a questão de serem tecidos mais maleáveis, que não retêm tanto o suor, fazem menos calor, mas tem muita gente usando as roupas fitness em casa, ou até mesmo para passear. O conforto tem pesado muito na hora de escolher esses produtos”, observa Rebecca.
O bom momento para o negócio fitness deixa a dona da FRBX Store confiante para investir em 2021. Além das camisa com os dizeres nordestinos, ela é revenda autorizada de outra marca fitness de sucesso, a Unbroken, que tem muita procura entre os crossfiteiros. Rebecca ainda garante que o negócio inicial de vender peças para atacado também está aquecido, mesmo com as corridas de rua, uma de suas principais clientelas, ainda não autorizadas pelo governo do Estado. Com tudo fluindo bem, a empresária já planeja remodelar a loja no Seabox, o que deve acontecer ainda neste semestre. E como diz outra camisa de sucesso: “O que hoje parece impossível, amanhã será apenas seu Warm Up (momento mais fácil do treino)”.