A China acusou, nesta terça-feira (17), Washington de "deixar um caos terrível" no Afeganistão, depois que o Talibã tomou o controle do país, o que provocou a saída caótica de trabalhadores e aliados americanos.
Pequim destacou sua disposição a cooperar com os talibãs após a retirada dos Estados Unidos, a qual estimulou um rápido avanço desses islamitas de linha radical em todo o país, cuja população presenciou como tomaram a capital Cabul no domingo.
Diante das críticas pela desorganizada retirada das tropas americanas depois de 20 anos de intervenção militar, o presidente Joe Biden defendeu a retirada na segunda-feira e culpou as forças afegãs que, segundo ele, "não estavam dispostas a lutarem sozinhas".
No entanto, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying, disse nesta terça-feira que Washington deixou "um caos terrível de distúrbios, divisão e famílias desfeitas" no Afeganistão.
"A força e o papel dos Estados Unidos é a destruição e não a construção", enfatizou Hua.
A China compartilha uma fronteira acidentada de 76 quilômetros com o Afeganistão.
Pequim temeu durante muito tempo que o vizinho se tornasse um ponto de refúgio para os separatistas minoritários uigures na sensível região fronteiriça de Xinjiang.
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Porém, uma delegação talibã de alto nível se reuniu com o ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi, em Tianjin no mês passado, e prometeu que o Afeganistão não seria usado como base para os militares.
Em troca, a China ofereceu apoio econômico e investimento para a reconstrução do Afeganistão.
Hua disse na segunda-feira que a China está pronta para continuar as relações "amigáveis e cooperativas" com o Afeganistão, agora controlado pelos talibãs.
Nesta terça-feira, Pequim pediu ao novo regime afegão para "fazer uma ruptura limpa com as forças internacionais" e "evitar que o Afeganistão se transforme novamente em um ponto de encontro para terroristas e extremistas".
Biden prometeu uma retirada completa das tropas americanas até o fim de agosto, o que marca o fim de duas décadas de guerra.
As tropas de Washington, no entanto, saíram comovidas devido ao rápido colapso do governo afegão e ao avanço arrebatador dos talibãs.
A China criticou repetidamente a apressada retirada dos Estados Unidos do Afeganistão, que considera um fracasso de liderança.