Com o sepultamento do corpo da filha nesta quarta-feira (24), o sentimento de dona Josymeri Bento, mãe da dentista Emelly Nayane da Silva, de 24 anos, é de dor e revolta. Ela acredita que a jovem tenha sido morta na última segunda-feira (22) pelo ex-marido, um comerciante de 24 anos, que não aceitava a separação. "Ele queria recomeçar e, como ela não aceitou, ele matou minha filha", declarou muito abalada.
Com uma foto da dentista em mãos, a mãe lamentou a interrupção da vida da jovem e pediu por justiça. "Olha como a minha filha era linda, ele interrompeu [a vida dela]. Saiu o CRO dela, ela queria estudar, trabalhar e criar o filho dela. Eu quero que o juiz tome providência, porque eu moro no Brasil e quero Justiça", desabafou.
Segundo familiares, Emelly foi socorrida pelo ex-sogro na segunda até um hospital de Paulista, na Região Metropolitana, mas já chegou sem vida à unidade de saúde. Os médicos desconfiaram do estado da vítima, que estava com marcas no pescoço. Por isso, acionaram a Polícia Militar, e o corpo foi levado para o Instituto de Medicina Legal (IML).
A reportagem teve acesso à declaração de óbito da vítima, que dizia: "asfixia direta por esganadura", que consiste na pressão exercida no pescoço da vítima pela ação direta das mãos do agressor. A declaração informa ainda que foram solicitados exames complementares. O laudo do IML, no entanto, ainda não foi divulgado.
Apesar de a polícia ainda tratar o caso como "morte e esclarecer", a família acredita que Emelly foi morta pelo homem. O casal estava separado há cerca de um mês. Segundo a mãe, o homem teria ligado no domingo (21) dizendo que estava passando mal. Ela, então, foi ao encontro dele no hospital. Emelly teria ligado para a mãe dizendo que estava lá, mas que não aguentava mais o relacionamento. Até que na segunda-feira, por volta das 14h, as duas perderam o contato.
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A última informação que a mãe teve foi de que a filha e o ex-marido teriam se desentendido. Ela, então, ficou muito preocupada, mas só conseguiu descobrir notícias sobre Emelly às 18h. O pai da vítima conta que ela já tinha sido agredida algumas vezes pelo suspeito, e que ambos tinham um relacionamento conturbado.
Por nota, a Polícia Civil de Pernambuco afirma que investiga a "morte a esclarecer" até a completa elucidação do caso. Segundo a instituição, após os resultados das perícias, que já estão sendo feitas e concluídas, e ao término das ouvidas de testemunhas relacionadas, será definida a causa jurídica da morte. A PCPE pede também a ajuda da sociedade para chegar a uma conclusão. Quem tiver qualquer informação relevante que possa ajudar, deve procurar a 7ª Delegacia de Polícia de Homicídios, em Paulista.
Leia a íntegra da nota da Polícia Civil
A Polícia Civil está investigando uma morte a esclarecer ocorrida na noite da segunda-feira (22), num hospital de Paulista. A vítima era uma mulher de 24 anos de idade. Após os resultados das perícias, que já estão sendo feitas e concluídas, e ao término das ouvidas de testemunhas relacionadas, será definida a causa jurídica da morte. As investigações seguirão até a completa elucidação do ocorrido e solicitamos a ajuda da sociedade a fim de chegarmos a uma conclusão. Quem tiver qualquer informação relevante sobre o caso, que possa ajudar nas investigações, deve procurar a 7ª DPHMN.
#UmaPorUma
A violência contra a mulher é constante e frequentemente acaba em tragédia. Existe uma história para contar por trás de cada feminicídio, em Pernambuco. O especial Uma por uma contou todas. Em 2018, o projeto mapeou onde as mataram, as motivações do crime, acompanharam a investigação e cobraram a punição dos culpados. Um banco de dados virtual, com os perfis de vítimas e agressores, além dos trágicos relatos que extrapolam a fotografia da cena do crime. Confira o especial Uma por Uma, sobre feminicídio.