Em entrevista coletiva realizada nesta segunda-feira (19), a Polícia Civil de Pernambuco explicou como era o ''modus operandi'' dos quatro homens presos, na última quinta-feira (15), suspeitos de serem integrantes de uma quadrilha especializada em arrombamentos de condomínios de luxo. No Recife, a prática dos crimes contava com acesso a banco de dados e falhas de segurança na própria portaria dos prédios, que acabavam facilitando a entrada dos criminosos, segundo afirma o delegado Carlos Couto, à frente da investigação.
"Eles provavelmente identificavam as vítimas por bancos de dados comprados de forma fraudulentas
e acessavam os condomínios de forma clandestina. Eles ludibriavam os porteiros que acreditavam se tratar de moradores, sempre aparentando estar bem vestidos, dando essa imagem que facilitava a falha da portaria", disse o delegado.
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Apesar do erro acontecer na portaria do condomínio, as investigações da polícia não concluem que houve participação direta dos porteiros nos crimes.
"Os suspeitos agiam sempre da mesma forma, os porteiros, talvez, com temor de serem constrangidos por outros moradores por barrarem seus convidados, por exemplo, liberavam e franqueavam o acesso ao condomínio", explicou.
Por meio de imagens de câmeras de segurança é possível ver a movimentação dos suspeitos dentro dos condomínios, de como eles adentram e circulam nos locais com tranquilidade. Em um dos vídeos, os homens aguardam a chegada do elevador próximos a uma possível moradora, sem levantar qualquer suspeita.
Furtos e prisão dos quatro suspeitos
Segundo a Polícia Civil, em novembro do ano passado, dois dos suspeitos entraram em um condomínio nas proximidades da praça Fleming, no bairro da Jaqueira, na Zona Norte da capital pernambucana, onde subtraíram quatro armas de fogo, dinheiro e joias de um dos apartamentos.
A outra ação do grupo criminoso se deu no dia 13 de fevereiro deste ano, em outro edifício no bairro da Jaqueira, próximo ao alvo anterior. O arrombamento contou com a ação direta de dois homens, já identificados. Depois do crime, os suspeitos saíram pelas ruas transportando um cofre, coberto por um lençol.
Os suspeitos se preparavam para agir novamente quando foram surpreendidos pela polícia na última quinta-feira (15). "Conseguimos informações de que eles iam desembarcar no Recife durante a semana e conseguimos monitorá-los desde a chegada no aeroporto", garantiu o delegado Carlos Couto.
Sendo assim, os policiais da Delegacia de Casa Amarela conseguiram prender quatro integrantes da organização criminosa, que não conseguiu subtrair nenhum objeto ou valor na referida data que cometeriam mais um crime.
Na ocasião, foi constatado que o grupo havia espreitado os bairros de Boa Viagem, Ilha do Retiro e Rosarinho. No momento em que a polícia decidiu realizar a abordagem, os suspeitos estavam na Via Mangue.
Os foram foram flagrados indo a uma loja de materiais de construção do bairro do Pina, onde possivelmente adquiriram as ferramentas a serem utilizadas no arrombamento. Além disso, os policiais constataram que eles conseguiram ingressar em um condomínio de luxo, na Ilha do Retiro, na Zona Oeste do Recife, mas não chegaram a invadir nenhum dos apartamentos no local.
A polícia acredita que eles voltariam ao local no sábado ou domingo, onde aproveitariam o fluxo de moradores que passam os finais de semana em casas de praia ou de campo.
Já no bairro do Rosarinho, a polícia identificou uma falha inicial da portaria, dinâmica habitual que facilitava a prática dos crimes pelo grupo, mas que foi corrigida sem que nenhum objeto efetivamente furtado, impedindo a entrada dos suspeitos. A vítima-alvo no local seria um homem de nacionalidade chinesa, da qual os suspeitos já tinham acesso aos dados e sabiam o que poderiam encontrar no imóvel.
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Crimes
Ao todo, quatro homens foram autuados em flagrante por tentativa de furto duplamente qualificado e associação criminosa. De acordo com a polícia, foi feita uma representação e a prisão em flagrante foi convertida em preventiva. Um dos suspeitos já tinha mandando expedido pelo mesmo motivo.
Peritos do Instituto de Criminalística (IC) de Pernambuco realizaram uma perícia no local do arrombamento para coleta de material genético. A Polícia Civil irá utilizar o material para investigar se os suspeitos possuem envolvimento com outros casos registrados em outras delegacias.
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Outras prisões
A Polícia Civil afirma que além de Pernambuco, o grupo criminoso, que conta com coordenações advindas de São Paulo, age em vários estados do Brasil há alguns anos.
Em 2017, dois integrantes da organização criminosa foram presos na Delegacia de Boa Viagem após arrombarem um apartamento de luxo na Avenida Boa Viagem. Já em fevereiro de 2019, investigações da polícia resultaram na prisão em flagrante de cinco integrantes da quadrilha após ações no Recife.