Adilza Cardoso, 36 anos, namorada do despachante Heverton Guimarães Reis, 32 anos, vítima de ataque de tubarão nesse domingo (25), contou ao JC que o homem "estava muito abalado" durante sua visita ao hospital. Após o incidente na Praia de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, ele foi levado até o Hospital da Aeronáutica e, em seguida, ao Hospital da Restauração (HR), no Centro do Recife, onde permanece internado em estado estável.
“O encontrei, ele está consciente, aparentemente estável. Ele falou muito pouco, porque foi muito rápido, não deu tempo mesmo da gente conversar muito, não. Ele disse que estava com água na cintura quando o tubarão o atacou, e que acabou escapando após entrar em atrito com ele”, diz.
- "Existe uma série de circunstâncias que podem ser feitas" para evitar ataques de tubarões na Praia de Piedade, diz pesquisador
- Banhista atacado por tubarão na Igrejinha de Piedade foi alertado para não entrar no mar; veja o que dizem testemunhas
- Ataques de tubarão em Pernambuco: governo do Estado, Prefeitura de Jaboatão e pesquisadores precisam agir. E rapidamente
- Vídeos: veja como foi o resgate da vítima de ataque de tubarão na Igrejinha de Piedade
- Vítima de ataque de tubarão na Praia de Piedade está consciente e estável, diz HR
- O que se sabe sobre as investigações do novo ataque de tubarão na Praia de Piedade
A dona de casa recebeu a ligação de um amigo do namorado na última tarde avisando que ele havia sido mordido pelo animal. “Fiquei transtornada, nem acreditei. Meu chão caiu, jamais iria acreditar que isso iria acontecer com ele. Eu achei que fosse uma brincadeira, uma pegadinha, e só vim acreditar quando o amigo começou a chorar e o socorrista falou comigo. Naquele momento, pensei que ele tinha perdido a perna, que tinha acontecido o pior”, relata. O casal mora em Jardim Jordão, em Jaboatão, e está junto há um ano e quatro meses. Nesse tempo, de acordo com Adilza, Heverton não tinha o hábito de ir à praia. Quando ia, preferia a Praia do Pina, na Zona Sul do Recife.
Após Heverton ter passado por uma cirurgia e ter sido transferido para a sala de recuperação, Adilza se tranquilizou. “Estou mais aliviada por ele estar conversando e estável”, revela. Agora, Heverton está na enfermaria do HR, segundo a assessoria do centro médico.
A mãe da vítima, Dilene Guimarães, disse que todas às vezes que o filho ia à praia costumava mergulhar no mar. "Ele não sabia nadar, mas gostava de ir à praia e se molhar", informa. A notícia do acidente foi recebida com desespero. "Só consegui ir no hospital nesta segunda, porque tomei muito remédio. Quem me acalmou foi a equipe que socorreu o meu filho, pois me ligaram duas vezes e me disseram para ficar calma". Agora, com o filho estável, Dilene agradece pelo livramento.
O caso
Heverton foi atacado pelo animal na coxa esquerda na praia de Piedade, na altura da Igrejinha, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, às 12h20 do domingo. Ele foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros em seguida. Segundo testemunhas, ele estava bebendo em uma das barracas instaladas em frente à Igrejinha de Piedade. O ataque teria acontecido na segunda vez em que o homem entrou no mar.
Caso acontece duas semanas após o auxiliar de serviços gerais Marcelo Costa Santos, 51 anos, ter morrido após ser mordido pelo animal no mesmo ponto.
- Morte de padre após ataque de tubarão em Piedade não é lenda
- "Me senti no lugar dele", comenta sobrevivente sobre recente ataque de tubarão em Pernambuco
- A memória, legado e destino do Sinuelo: o barco utilizado para monitorar tubarões em Pernambuco
O episódio mais recente é discutido em reunião convocada pelo Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit) e realizada a portas fechadas às 16h desta segunda-feira (26) no auditório da Secretaria de Defesa Social (SDS), no bairro de Santo Amaro, Centro do Recife.
Incidentes em Pernambuco
Quando o caso deste domingo for confirmado, o Estado passará a ter 68 registros de ataques ou incidentes com tubarão em seu litoral registrados pelo Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit) desde 1992.
Foram 63 ataques no continente, sendo 27 no Recife, 25 em Jaboatão dos Guararapes, seis no Cabo de Santo Agostinho, quatro em Olinda, um em Paulista e outro em Goiana. Em Fernando de Noronha, quatro pessoas foram vítimas dos tubarões. Há, ainda, dois casos em análise pelo Cemit em Noronha, que ainda não foram oficialmente incluídos no relatório.