O comércio de Porto de Galinhas, no Litoral Sul de Pernambuco, começou a dar indícios de retomada na tarde desta sexta-feira (1º), após mais 24h fechado. Ainda assim, a maioria das lojas e serviços segue sem funcionar. A paralisação acontece em protesto pela morte de Heloysa Gabrielly, de 6 anos, durante ação policial na Comunidade Salinas na última quarta (30).
A informação sobre a reabertura de alguns pontos de vendas foi dada pela equipe da TV Jornal, que está de prontidão no Ipojuca há dois dias. Ainda assim, o clima segue sendo de medo na região.
A decisão de fechar as lojas para pedir por justiça por Heloysa partiu de diferentes classes trabalhadoras do trade turístico da cidade, mas muitos dos comerciantes que conversaram com a reportagem do JC dizem não ter trabalhado hoje por medo de retaliação da população e do tráfico de drogas de Porto.
Essa quinta (31), um dia após a morte da menina, foi marcada por diversas manifestações, umas pacíficas, outras não, no balneário. Barricadas formadas pela população estavam postas nas principais vias, proibindo a passagem de veículos e deixando turistas "presos" no local.
O jangadeiro Carlos Roberto da Silva, 41, participou das manifestações que foram pacíficas, mas defende que o comércio seja retomado para que quem depende dele, a maior parte da cidade, não seja mais prejudicado.
“Jangadeiros são quase uma família, e quando houve o incidente com a menina a gente resolveu parar. Acho que hoje já podia estar todo mundo trabalhando, porque tem muita família que depende da praia. Tenho barraca e faço passeio de jangada, o prejuízo é grande.”
Investigações
A Polícia Militar de Pernambuco (PMPE) afirma que o caso aconteceu durante uma troca de tiros entre policiais do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) e suspeitos de tráfico de drogas. Já familiares de Heloysa que estavam no local da tragédia negam que tenha havido um tiroteio.
O que se sabe, por enquanto, conforme divulgado em imagens de câmeras de segurança, é que duas viaturas policiais perseguiam uma moto momentos antes da criança ser atingida. Só havia um homem nela, diferente da versão informada pela Polícia Militar, de que havia dois suspeitos de tráfico de drogas fugindo.
Os PMs que participaram da ocorrência chegaram ao Departamento de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP), no Recife, com a viatura marcada de tiros. Eles entregaram três armas de fogo, que estão sendo periciadas. Uma delas seria dos suspeitos, que teriam a abandonado na rua.
Em nota, a Polícia Civil informou que está investigando as circunstâncias da morte. "É prematuro, neste momento, fazer afirmativas."
Já a Corregedoria da Secretaria de Defesa Social disse ter enviado equipes a Porto de Galinhas para "colher as informações, para verificar se há indícios de autoria e de materialidade por conduta que represente infração disciplinar, visando a subsidiar um procedimento apuratório."