Ibope/JC/Rede Globo: Marília Arraes larga na frente de João Campos no eleitorado masculino e com ensino superior do Recife

Confiram os dados da pesquisa que mostram em quais segmentos estão os votos de Marília e de João
JC
Publicado em 22/11/2020 às 7:30
Marília Arraes é candidata a prefeita do Recife pelo PT Foto: Divulgação


Da mesma forma como se sai bem no eleitorado com mais renda, a candidata a prefeita do Recife Marília Arraes, do PT, tem vantagem sobre o adversário João Campos (PSB) no público com maior grau de escolaridade. De acordo com os dados da primeira pesquisa Ibope/JC/Rede Globo do segundo turno, Marília possui 49% contra 33% de João no segmento que possui ensino superior. Brancos e nulos somaram 17% e 1% por cento não sabe ou não respondeu.

Na medida em que o grau de escolaridade vai diminuindo, o percentual de João Campos cresce. E no grupo com ensino fundamental o socialista se sai melhor. São 52% contra 38% de Marília neste segmento. Na avaliação de Ernani Carvalho - professor associado do departamento de Ciência Política da UFPE - o público com menos escolaridade pode ser associado ao grupo com menor renda e estes são setores onde a máquina pública tem mais impacto.

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"Sobre o público com menos escolaridade, o PSB é governo e há um cinturão de políticas sociais que atende esse espectro, dá para fazer relação entre renda e escolaridade que são próximos e são pessoas sensíveis a políticas sociais, e, vinculados a essa política, enxergam no partido a continuidade da política social que os beneficia. Por isso, há apoio a João por essas especificações", explicou Ernani.

Como este JC mostrou na última quarta-feira (18), a vantagem de Marília sobre João no Recife também é maior entre os que têm maior renda. A petista chega a vencer João por mais de 20 pontos percentuais, considerando os votos totais, do eleitorado com renda familiar superior a cinco salários mínimos, com 51% contra 30% do socialista. Outros 19% afirmam votar em branco ou nulo.

Ensino médio

Por mais que João esteja na frente no eleitorado com ensino fundamental e Marília no eleitorado com ensino superior, o maior volume de eleitores ouvidos pela pesquisa está no segmento com ensino médio. Aqui, Marília Arraes pontua 46% e João Campos 35%. Brancos e nulos somaram 17% e não sabe ou não respondeu 2%.

"O ensino superior ou médio, também, acaba tendo visão mais crítica do processo. Ele olha para a gestão e essa história política toda, eu acho que esse segmento é o que motiva essa formação dos grandes temas, não que a opinião do eleitorado de menor escolaridade não importe. Mas, pelo consumo de informação política, participação nestes cenários políticos, é um eleitor mais engajado, porque ele consome mais informação. Pode ser que esse eleitor que tenha esse nível de escolaridade tenha uma percepção mais crítica, entendendo a continuação de projeto de poder (com João) e assimilar melhor a questão de ser PT, mas ser a renovação com um novo quadro (com Marília)", destaca a cientista política e professora da Faculdade de Ciências Humanas de Olinda (Facho), Priscila Lapa.

Na última quinta-feira, os candidatos debateram na Rádio Jornal; confira:

Na mesma linha de Priscila, o professor Ernani ressalta que o eleitorado com ensino superior apresentou nas pesquisas de primeiro turno voto aos candidatos de centro-direita, pois reprovam a gestão do PSB na capital. "Há crescimento de Marília no estrato de escolaridade mais alta e há certa reprovação do prefeito Geraldo Julio e certa tendência de mudança vinculado a esse segmento. É um setor que, junto com parte dos que possuem ensino médio, no primeiro turno, votou em Mendonça Filho e Delegada Patrícia. Mas, ainda é um setor que está titubeando, como uma bola quicando no meio de campo esperando alguém colocar no chão para jogar. Marília parece ter saído na frente nas primeiras pesquisas, mas resta saber na campanha se vai haver reestruturação do programa para atrair esse eleitorado. São 40% dos votos válidos", destacou.

Público masculino

O fato de ser mulher não deu automaticamente maior vantagem a Marília Arraes no público feminino. Ele está numericamente à frente de João nesse segmento, com 45% afirmando votar na petista e 40% no socialista. Mesmo assim, eles estão empatados por conta da margem de erro do levantamento, de três pontos percentuais para mais ou para menos.

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Já no público masculino, Marília se distancia do adversário e tem vantagem fora da margem de erro. Ela pontua 45% contra 37% de João Campos neste segmento. Os especialistas ouvidos pelo JC apontam que a candidata deve reforçar no segundo turno o fato de ser mulher, ser mãe, para ampliar o percentual, também, entre as mulheres recifenses. 

"Eu sou mãe, sou mulher, tenho sensibilidade para entender todos esses problemas que o Recife tem e tenho também coragem para enfrentar todos esses desafios. " - Marília Arraes durante debate na Rádio Jornal.

"É um fenômeno interessante e a estratégia dela no segundo turno deve dar destaque ao fato de poder ser a primeira prefeita mulher do Recife, ela vem destacando ser mãe e que tem experiência, por ter sido vereadora, por ser a única deputada federal mulher de Pernambuco", disse Ernani Carvalho.

PH Reinaux/Divulgação - Marília Arraes, candidata a prefeita do Recife, em encontro com mães e pais de alunos da rede municipal de ensino no bairro da Madalena

"Nessa eleição, foi trabalhado a questão da identidade, se discute mais a representação política, essa questão da pauta feminina veio com tudo, mas há questões que vão além dessa questão. O antipetismo, quando acionado se traz a experiência de Dilma e remete, também, a variáveis negativas. Marília tem discurso que muitas mulheres se identificam, mas o fato de ter mulher competitiva é novidade, tivemos outras candidatas mulheres em outros anos, mas não com as chances que ela tem agora. Será um teste para ver como o voto feminino vai se representar", afirmou Priscila Lapa.

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