Com Miguel Coelho cotado para disputar o governo de Pernambuco, oposição não desiste de aliança com o MDB

Apesar disso, devido à proximidade dos caciques emedebistas com o PSB, rumores indicam que o prefeito de Petrolina pode se filiar ao Democratas para disputar a eleição no próximo ano
Renata Monteiro
Publicado em 01/04/2021 às 16:45
Mendonça Filho é presidente do DEM em Pernambuco e seu partido vai para mais uma eleição contra o PSB em 2022 Foto: ARNALDO CARVALHO/JC IMAGEM


Enquanto o PSB tenta fortalecer seus laços com o MDB do senador Jarbas Vasconcelos e do deputado federal Raul Henry, os partidos que fazem oposição aos socialistas em Pernambuco não desistem de tentar tirar a sigla da base do governo. Desde 2018, quando o senador Fernando Bezerra Coelho, ex-PSB, se filiou ao MDB, diversos tipos de articulações - até mesmo jurídicas - já foram realizadas pelo grupo do parlamentar sertanejo para afastar emedebistas de socialistas no Estado, mas até o momento nenhuma das estratégias foi bem-sucedida. Nesta quinta-feira (1º), o ex-ministro da Educação e ex-governador Mendonça Filho (DEM) afirmou que "seria ótimo" se o MDB seguisse para oposição, por se tratar de uma agremiação "relevante" e com figuras "importantes".

Prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (MDB), filho de FBC, é um dos cotados pela oposição para disputar o cargo de governador nas eleições de 2022. Assim como o pai, o gestor faz parte da ala emedebista que não apoia o PSB em Pernambuco e tem enfrentando grande resistência do setor jarbista da agremiação para lançar a sua postulação.

Os dois irmãos de Miguel que estão na política, deputado federal Fernando Filho e deputado estadual Antônio Coelho, são filiados ao DEM, que em Pernambuco é presidido por Mendonça. Por conta disso, tem crescido nos bastidores rumores de que o prefeito poderia entrar no Democratas para viabilizar uma possível candidatura, uma vez que a sigla já está na oposição em Pernambuco.

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Questionado sobre isso nesta quinta-feira (1º), durante entrevista ao programa Cidade em Foco, da Rede Agreste de Rádios, Mendonça afirmou que "as portas do partido sempre estiveram e estarão abertas" a todos da família Bezerra Coelho, mas não deixou claro se o tema já foi debatido com o prefeito. "Eu não posso falar sobre o MDB, que tem lideranças de peso no Estado, como Jarbas, Raul Henry, além do próprio Fernando Bezerra Coelho e do prefeito de Petrolina, Miguel Coelho. O MDB falará pelo próprio partido no momento certo sobre os caminhos que deve adotar no processo eleitoral de 2022. (...) Com relação ao Democratas, o partido nunca fechou as portas para quem quer que seja. Aliás, da família Coelho nós temos dois companheiros e amigos, Fernando Filho e Antônio Coelho. Eu não vou antecipar, mas evidentemente as portas do partido estarão abertas a pessoas que tenham talento e compromisso público, e Miguel se enquadra nesse perfil", disse Mendonça.

Ao JC, o democrata afirmou que defende o lançamento de uma única candidatura pela oposição em 2022 e que "seria ótimo que Miguel pudesse trazer o MDB para o grupo, por se tratar de um partido relevante e com figuras importantes como Jarbas e Raul", indicando que a oposição não desistiu de ter o MDB ao seu lado. Nos anos 1990, depois de romper relações com Miguel Arraes, o grupo político de Jarbas Vasconcelos aliou-se ao de Mendonça, união que inclusive os levou ao Palácio do Campo das Princesas em 1998 e 2002. Alguns anos depois, Jarbas voltaria a se aproximar do PSB.

Os socialistas, no entanto, não estão dispostos a abrir mão dessa aliança. Na última quarta-feira (31), o prefeito do Recife, João Campos (PSB), reuniu-se com Jarbas via videoconferência para tratar de diversos assuntos, como a vacinação contra a covid-19. Alguns dias antes, o emedebista já havia falado sobre o gestor nas suas redes sociais, elogiando a sua atuação no combate ao coronavírus na capital pernambucana.

Por conta desse tipo de gesto do cacique emedebista, rumores de que a família Coelho voltaria a apoiar Frente Popular começaram a surgir, mas, na última semana, Fernando Filho tratou de afastar todos eles. "Nós queremos construir um projeto diferente do que está aí em Pernambuco", cravou o deputado federal.

Procurado pela reportagem para comentar a situação, o prefeito Miguel Coelho preferiu não se pronunciar.

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