Paralelo ao fogo cruzado entre o PT, do ex-presidente Lula, e o PDT, do ex-ministro Ciro Gomes, o PSB segue sem definição sobre quem poderá apoiar nas eleições de 2022 ou até mesmo se poderá lançar nome próprio na disputa pela presidência da República. O fato é que ter o Partido Socialista Brasileiro em ambos os palanques continua sendo alvo de disputa.
“A gente tem um olhar muito especial para o PSB de Pernambuco, porque ele é a seção mais importante do PSB no Brasil, então é um jogo nacional mas que grande parte dele se joga em Pernambuco. Então a gente tem essa estratégia, que é uma coisa aberta, de buscar aproximação com o PSB para tê-lo ao nosso lado em 2022. Isso a gente vem fazendo não só em Pernambuco, mas também em nível nacional, e vem dando certo”, afirmou o presidente estadual do PDT e líder do partido na Câmara dos Deputados, Wolney Queiroz
Segundo o parlamentar, que na quinta-feira (14) esteve no Palácio do Campo das Princesas, o governador Paulo Câmara (PSB) deverá se reunir com o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, em Brasília, nas próximas semanas. “Fui conversar com o governador para manter essa chama acesa com ele, para renovar esse diálogo e dizer da importância de mantermos essa conversa a nível nacional. Fui para dizer que nós queremos conversar com ele mais de perto”, declarou Wolney.
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A conversa entre os dirigentes poderá, inclusive, ocorrer em meio a vinda do ex-presidente Lula a Pernambuco. Há uma expectativa no Palácio que o encontro com o líder petista possa ocorrer ainda neste mês, no mais tardar em junho. Lula deverá iniciar sua agenda política pelo Nordeste, por Recife - a capital é vista como um ponto de partida estratégico mais próximo das outras capitais da região. A data da vinda de Lula ainda não foi fechada, mas já se sabe que ele irá à mesa com o governador Paulo Câmara.
“Lógico que a chegada de Lula nesse cenário deixa as coisas instáveis, mas esse é um partido que nós vamos disputar, vamos trabalhar esse apoio porque é fundamental para nós ter o PSB junto da gente em 2022”, defendeu Wolney Queiroz.
Em um tom mais ameno do que o adotado pelo presidenciável Ciro Gomes, após criticar duramente o ex-presidente Lula e ao projetar um cenário no segundo turno em que teria condições de derrotar o líder petista, Wolney disse não “haver problema com Lula ou com o PT”. O distanciamento do PDT, em Pernambuco, se dá pelo fato do partido ter um candidato à presidência.
Inclusive, apesar de ter como foco o apoio dos socialistas, o deputado federal voltou a afirmar, como já havia antecipado ao JC, que o partido está aberto para o diálogo, inclusive com figuras políticas e partidos que se encontram no campo de oposição ao PSB. "Nós vamos priorizar essas conversas, comecei conversando com Miguel, essa semana temos outras conversas agendadas. Vou procurar o PSDB, do deputado Bruno Araújo e do senador Armando Monteiro. Também vou procurar o ministro Mendonça Filho, as lideranças do PV e da Rede, serão procuradas, todas, porque é importante, olhando para o cenário nacional, a gente construir esse arco”, afirmou.
Tanto as movimentações do PT quanto do PDT são tratadas com cautela dentro do PSB. “Posições extremistas de quem quer que seja, não ajudam o debate”, pontuou Danilo Cabral, líder do PSB na Câmara dos Deputados, ao comentar sobre as recentes falas do ex-governador do Ceará contra Lula.
“O PSB ainda não definiu sua posição e temos alguns cenários em discussão. Uma parte defende candidato próprio, outras partes defendem aliança com PT e/ou com PDT. Qualquer que seja a decisão, nós vamos trabalhar para preservar a unidade do campo contra Bolsonaro. Esse é o nosso ponto de convergência, até lá temos que ter juízo e preservar o diálogo”, afirmou Cabral.
Para o líder do Governo na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), Isaltino Nascimento, é importante priorizem o restabelecimento de uma frente “de retomada de sentido do Brasil, uma frente para enfrentar Bolsonaro”. “Essa é a nossa prioridade política em Pernambuco e a nível nacional. Os arranjos políticos serão traçados no tempo necessário. Esse é o momento de construção e cada agremiação partidária tem sua estratégia”, comentou o parlamentar.
PESQUISA
A pesquisa Datafolha divulgada na quarta-feira (12) mostra que Lula atualmente lidera a corrida eleitoral do ano que vem, com 41% das intenções de voto no primeiro turno, contra 23% de Bolsonaro. O ex-ministro Ciro Gomes aparece com 6%.
Nos bastidores, o PSB tem acompanhado com afinco os possíveis cenários para 2022 e a falta de perspectiva de que Ciro Gomes possa pontuar no segundo turno, pode impactar diretamente na relação dos partidos em Pernambuco. “Não pode ter apenas o desejo de se candidatar e vencer Bolsonaro, sem isso se concretizar na vontade das pessoas. Isso vai ter um peso em como os partidos vão se comportar, na composição política destes cenários”, avaliou um socialista sob reserva. “Ciro não tem performance no resultado eleitoral”, cravou.