O encontro entre o prefeito do Recife, João Campos (PSB), e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), sinaliza que as correntes de resistência por parte dos socialistas à retomada da aliança com a sigla petista começam a ceder. A partir disso, é inevitável que se inicie um novo rearranjo da base governista, baseado em uma tendência que está perto de ser concretizada: o retorno do PT à Frente Popular.
O presidente estadual do PSB, Sileno Guedes, já havia deixado claro que a discussão sobre a composição da chapa majoritária em 2022, será feita com o conjunto de partidos que compõem o bloco partidário. Ou seja, para que o PT possa participar das articulações em torno de nomes e espaços, será necessário voltar à Frente Popular de Pernambuco.
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Isso já está no radar dos partidos, entretanto, uma fonte socialista, em reserva, afirma que essa decisão não é algo para ser feito de imediato. “Dentro desse grande acordo, é natural que o PT volte para a Frente Popular, mas não necessariamente com cargos no Estado. Não teria sentido fazer uma mudança agora, com a indefinição que os dois partidos se encontram, isso é algo que vai acontecer no futuro e pode ocorrer num cenário de abril, quando a desincompatibilização dos cargos seja amarrada. Dessa forma poderá haver a volta do PT ao governo”, comenta.
Para o presidente do PT de Pernambuco, o deputado estadual Doriel Barros, o retorno à composição da Frente Popular ainda não está sendo discutido nas hostes petistas, mas havendo uma definição por uma aliança com o PSB, “isso passará por uma presença do partido no Executivo”.
“A gente saiu da relação do Governo por uma decisão que teve lá atrás [nas eleições de 2020], onde houve posições e questionamentos ao próprio PT da sua luta e de seus quadros. Agora, com o PSB passando a refletir o que disse, a leitura que se tinha começa a mudar, e o que está sendo discutido na mesa é para saber como a gente avança nessa parceria. O que nós priorizamos são os interesses dos trabalhadores e do povo pernambucano, que eles estejam em primeiro lugar”, declara Doriel, ao JC.
Se por um lado o PT e o PSB tentam demonstrar que as rusgas causadas pelo enfrentamento no pleito municipal, onde claramente o prefeito João Campos assumiu uma postura antipetista para derrotar a deputada federal Marília Arraes, no segundo turno, parecem ser águas passadas. Agora, as forças estão centradas em torno de um projeto maior e nacional, que é derrotar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), em 2022.
“Todos sabem que hoje, o melhor para o Brasil é o presidente Lula. O PT está buscando dialogar com todo mundo e o PSB é um partido que Lula tem dialogado, e isso tem ficado evidente nas falas que ele tem feito, chamando o PSB para esse compromisso, mas que de fato ele possa vir na sua plenitude. Isso vale para o governador, para o prefeito e acredito que para todos”, afirma Doriel Barros.
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Em contrapartida os socialistas querem que o PT apoie palanques locais que consideram estratégicos. Por isso, eles afirmam que apesar de Pernambuco se mostrar mais avançado nas movimentações em torno dessa aliança e ser uma peça importante, ainda é preciso aguardar o cenário que será definido nos estados do Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo.
Essas pendências foram apresentadas à Lula, durante reunião realizada no dia 10 de outubro, em Brasília, quando o líder petista esteve com a bancada federal do PSB. Em São Paulo, o PSB lançou a pré-candidatura do ex-governador Márcio França, em contrapartida, o PT possui a pré-candidatura do ex-prefeito Fernando Haddad. No Rio Grande do Sul, o principal nome colocado para a disputa majoritária é do ex-deputado federal pelo PSB, Beto Albuquerque, uma das principais lideranças dentro do partido que se coloca contrário a essa aproximação com os petistas.