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Bolsonaro dá prazo ao PL e cita conversas com outros partidos

O presidente Jair Bolsonaro disse nesta segunda que existe a possibilidade de ingressar em outro partido do Centrão

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Estadão Conteúdo

Publicado em 16/11/2021 às 9:29
Jair Bolsonaro, presidente do Brasil - MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL
Um dia depois de suspender a cerimônia de filiação ao Partido Liberal (PL), o presidente Jair Bolsonaro disse nesta segunda, 15, que existe a possibilidade de ingressar em outro partido do Centrão. Bolsonaro relatou manter ainda conversas paralelas e que segue vivo o interesse do Progressistas e do Republicanos em filiá-lo.
O presidente indicou estar disposto a esperar "pouquíssimas semanas" para concluir as negociações com o PL, comandado pelo ex-deputado Valdemar Costa Neto, condenado e preso no mensalão. "Eu tenho um limite. Espero, em pouquíssimas semanas, duas ou três no máximo, casar ou desfazer o noivado. Mas acho que tem tudo para a gente se casar e ser feliz", disse o presidente, durante entrevista na Expo Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
Segundo Bolsonaro, a conclusão das conversas somente irá acontecer se o PL desistir de apoiar adversários políticos dele, principalmente na esquerda, e de participar de palanques estaduais que possam beneficiar rivais como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e João Doria (PSDB). "Nosso partido não pode estar flertando com a esquerda num ou outro Estado, se resolvermos isso aí eu assino essa filiação que me satisfaz e satisfaz em grande parte o nosso eleitorado, que quer a continuidade da minha política", afirmou.
O presidente afirmou ter conversado nos últimos dias sobre o assunto com os ministros da Casa Civil, Ciro Nogueira (Progressistas), das Comunicações, Fábio Faria (PSD), e do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho.

ACORDOS

Os principais entraves nas conversas são as composições políticas do PL em São Paulo, Bahia, Pernambuco e Piauí. Na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes, a ideia do Planalto é forçar o PL a desfazer o acordo para apoiar a candidatura do vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB). "Tem alguns Estados que para mim, a possível reeleição, se eu vier (a ser) candidato, são vitais, como São Paulo. Ele (Valdemar) tem um compromisso com um candidato que vai apoiar o atual governador (Doria) se ele tiver o espaço lá no partido dele (para concorrer a presidente)."
O PL ainda não decidiu como vai atender as solicitações de Bolsonaro, mas trabalha para ajustar um acordo. O presidente do partido pediu um tempo a Bolsonaro para poder administrar internamente a questão. Uma reunião com a participação do comando da legenda e das bancadas na Câmara e no Senado está marcada para amanhã, na sede do PL em Brasília.
Integrantes do partido avaliam que um acordo só vai efetivamente começar a ser desenhado após uma conversa cara a cara entre Bolsonaro e Valdemar. O chefe do Poder Executivo volta ao Brasil na quinta.
Segundo o deputado José Rocha (PL-BA), que foi líder do partido e vice-líder do governo, não existe rompimento de Bolsonaro com o PL e ainda há chance de acordo para a filiação. "Valdemar disse que está tudo acertado, combinado, que vamos nos sentar, conversar. Não ficou nada estremecido, não", afirmou. Valdemar Costa Neto não foi localizado.
ESTADOS
Em relação ao palanque paulista, as prévias presidenciais do PSDB também pesam na decisão do PL. A definição da candidatura tucana ao Palácio do Planalto está marcada para o dia 21 e é citada como um dos motivos para que a cerimônia de filiação, antes marcada para o dia 22, fosse adiada.
Se Doria for escolhido, Garcia se torna o candidato natural do PSDB ao governo paulista, o que dificulta um acordo entre Bolsonaro e Valdemar. Já se Eduardo Leite for definido pré-candidato, o PL vê mais possibilidade de arranjar motivos para romper com o PSDB, já que haveria uma indefinição sobre a candidatura tucana no Estado.
No Nordeste, o PL também tem alianças que esbarram nos planos de Bolsonaro. No Piauí, o partido está aliado ao governador Wellington Dias (PT). Na Bahia, embora o PL planeje se aliar a ACM Neto (DEM) para o governo estadual, há ainda uma ala do partido que mantém proximidade com o governador Rui Costa (PT).
Bolsonaro disse que vai precisar lançar candidatos em quase todos os Estados, em especial São Paulo, por causa do eleitorado de 30 milhões de pessoas. "Valdemar é uma pessoa de palavra. Ele disse que está buscando a negociação e não conseguiu ainda a garantia de que possa desfazer o que fez no passado", afirmou, confirmando o adiamento da filiação. O nome preferido do presidente para a disputa no Estado é do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas.
 

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