A Academia Pernambucana de Letras celebra 117 anos de fundação com solenidade aberta ao público nesta segunda-feira (29/01) e anuncia o novo projeto museográfico do solar da Avenida Rui Barbosa, sede de APL desde 1966. Além de uma nova arrumação para a casa, no bairro das Graças, Zona Norte do Recife, a proposta contempla a atualização do inventário das peças do acervo com base de dados em meio digital.
“Começamos pelo inventário do acervo, que ficará disponível para consulta no site da academia e num aplicativo para celular ainda este ano”, informa o museólogo Albino Oliveira, que assina o projeto. A reorganização do museu da APL, localizado na esquina da Rui Barbosa com a Avenida Doutor Malaquias, terá início em fevereiro e vai durar cerca de dois meses. Nesse período, o casarão ficará fechado ao público.
Quando reabrir as portas, possivelmente em abril e com cobrança de taxa de ingresso para ajudar na manutenção, o museu resgatará para os visitantes a história casa contextualizada com o bairro, a história do Barão Rodrigues Mendes (antigo proprietário do solar) e a história da Academia Pernambucana de Letras e dos acadêmicos. “O museu, hoje, não destaca papel e a importância da instituição para a cidade”, observa Albino Oliveira.
Ele reservou o andar térreo para apresentar a APL ao público. “Teremos uma linha do tempo contando essa história, galeria de quadros dos ex-presidentes da academia e da família do barão, além de salas ambientadas com móveis originais do solar, importados da Áustria no século 19”, diz o museólogo. A sala de estar será decorada com móveis da época, que não pertenceram ao comerciante português Rodrigues Mendes.
O primeiro pavimento deverá manter a proposta museográfica dos anos 1970, de mostrar aos visitantes uma casa típica da aristocracia pernambucana, com o acervo reunido pelos acadêmicos mesclado com móveis do comerciante João José Rodrigues Mendes (1827-1893). A ideia é recuperar, a máximo, a planta da casa do barão. E valorizar o acervo com a nova disposição das peças nas salas, explica Albino Oliveira.
Quadros dos pintores Vicente do Rego Monteiro, Teles Júnior, Mário Nunes e Marly Mota também terão mais destaque. “Recebemos do advogado Roque de Brito Alves uma coleção de porcelanas, algumas raras como o prato do casamento de Dom Pedro II, que estará em exposição”, comenta a escritora e vice-presidente da Academia Pernambucana de Letras, Luzilá Gonçalves Ferreira.
O projeto é financiado com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. O BNDES também liberou recursos para a obra de restauração do solar, na gestão da acadêmica e escritora Fátima Quintas.
Criada em 26 de janeiro de 1901, a Academia Pernambucana de Letras é a terceira Academia de Letras do Brasil. Desde 1966 a entidade ocupa o solar do barão, uma construção de estilo arquitetônico neoclássico do século 19. A solenidade desta segunda-feira (29) será às 19h30 com posse da nova diretoria e entrega dos prêmios literários de 2017. Haverá apresentação do compositor Getúlio Cavalcanti, do Bloco das Flores e do Bloco Lírico Carnaval Poeta.