Fundado há 40 anos, o Centro Josué de Castro reuniu um grupo de pesquisadores pernambucanos, alguns ainda no exílio – na época, vivia-se a abertura política – em torno da obra de um homem que sonhou e lutou por um mundo melhor, principalmente para as populações mais pobres do Brasil e do mundo. Nascido no Recife, em 1908, e morto em Paris, em 1973, aos 65 anos, o legado que Josué de Castro deixou continua vivo, não só em sua ideias e teorias para aplacar a fome, mas também em virtude do seu ativismo político.
Para finalizar as comemorações em torno dos 40 anos do centro, acontece nesta segunda-feira (14/10) a mostra Nas Margens do Homem, a Maré, no Cinema da Fundação/Museu, às 19h, com a exibição de cinco curtas-metragens com temas que abordam a relação da sociedade com a natureza. A entrada é gratuita. Organizada pelo professor e cineasta Camilo Soares, a seleção de filmes reúne duas produções realizadas na década passada e outros três mais recentes. “Todos os filmes dialogam com a obra de Josué de Castro, principalmente Homens e Caranguejos, que é inspirada no único romance que ele escreveu”, comenta Camilo.
Dirigido por Paulo Andrade, Homens e Caranguejos, produzido em 2017, se passa às margens dos mangues recifenses, sem cerimônia de mostrar a realidade dos moradores que sobrevivem do que o bioma permite. Filho de José e Maria, um casal de migrantes nordestinos, Josué vive à beira do Capibaribe, com os pés na lama, andando pela vielas da favela, visitando um amigo e ajudando a um padre. Paralela às andanças de Josué, o filme mostra situações comuns de quem mora à beira do rio, como a ação dos funcionários da prefeitura, que impedem a construção de novas palafitas.
A realidade dos bairros pobres do Recife e a luta dos moradores pela sobrevivência também estão presentes em Quando a Maré Encher, de Oscar Malta, realizado em 2007, que documenta a forma de sustento na comunidade da Ilha de Deus, na Imbiribeira.
Paisagem Fluida, de Lula Queiroga, foi feito para acompanhar as comemorações do ano do Brasil na França, em 2007. É um documentário sobre o Rio Capibaribe, obrigatoriamente didático e bastante informativo sobre sua história.
Os outros dois filmes da mostra foram realizados este ano: O Jardim do Futuro, de Victor Jiménez, e Beira a Rio, de Caju. Após a sessão, os cinco realizadores vão participar de um debate sobre os filmes e a influência da obra de Josué de Castro.
Parceira do centro, localizado na Boa Vista, a Fundação Joaquim Nabuco desde 2012 cuida do acervo da instituição, que possui mais de 30 mil itens, entre livros, cartas, documentos pessoais, fotografias e vídeos. “Fico tranquila em saber que a Fundaj cuida bem desse acervo, principalmente porque este é um momento de retomada de contatos”, conta a presidente do Centro Josué de Castro, Nanci Lourenço.