Apesar de ser inevitável, a morte é o momento que ninguém quer pensar sobre. A pandemia da covid-19 trouxe o assunto à tona, já que, até 8 de junho, mais de 474 mil brasileiros vieram a óbito pela doença. Aos humanos, quando uma pessoa querida se vai, resta o luto e a saudade. Mas você já pensou se os pets também sofrem com a perda do tutor?
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O psicólogo canino Nahum Anselmo defende que a saudade não faz parte da natureza dos cães. Pelo contrário, esse desprendimento é necessário para a própria sobrevivência do animal. "O maior exemplo é o das mães. Em certo momento, as cadelas se desprendem dos próprios filhotes, e depois não sofrem quando eles são doados ou vendidos", explica.
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Para ele, o sofrimento, na verdade, se dá com a mudança do cenário em que o cão vivia. É quando a "memória associativa", responsável pela criação do laço entre o tutor e o pet, volta a funcionar. Por exemplo, se a família anterior promovia uma vida tranquila e equilibrada pro cão, e agora ele não recebe mais atenção e vive isolado, ele pode desenvolver um comportamento de tristeza pela falta dos estímulos que ele estava condicionado a ter.
Já a especialista em comportamento animal pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) Roseana Diniz explica que esse é um assunto complexo, pois depende de vários fatores, incluindo a conexão entre o humano e o animal. "A falta pode variar em intensidade e mesmo em tempo de permanência, a depender do vínculo emocional existente entre homem-animal em questão", diz.
Segundo ela, para entender a falta que o humano fará na vida do pet é necessário considerar fatores como: idade em que o animal chegou ao lar, tempo da relação, papel do humano na vida do animal, forma que o animal é criado, existência ou não de outros humanos no lar, temperamento do pet, forma em que o humano veio a óbito, se o animal permaneceu, ou não, ao lado do humano durante o processo da doença, o processo da doença em si e como os humanos do lar vão se comportar após a morte.
De acordo com Roseana, a falta do tutor também pode ser manifestada de várias formas, como excitação, depressão, inquietação, vocalização excessiva, apatia, inapetência alimentar, visitas frequentes ao cômodo do finado, reações de busca/exploração quando citam o nome do finado, comportamento usual de quando chega a hora em que o animal tinha atividade junto ao finado, carência, medo de ficar sozinho e pode até mesmo estreitar laços com outro humano da casa.
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A especialista explica que o processo costuma ser mais leve para os cães, por terem uma "mentalidade de grupo". Já os gatos domiciliados, ou seja, que não convivem fora de casa, "são matriarcais e fraternais, não possuem mentalidade de grupo, mas hierarquia horizontal", o que os torna "mais sensíveis a mudanças de humor e a emoções" do que os cães.
O psicólogo canino Nahum afirma que, ainda que o cão tenha convivido muitos anos com o dono que terminou por falecer, ele poderá ter uma vida emocionalmente saudável e equilibrada desde que a nova família promova a atenção, cuidados e atividades de lazer necessárias.