São quatro meses, um tempo ainda curto para solidificar avaliações, mas os primeiros resultados da presença da Polícia Militar no Metrô do Recife começam a aparecer e um ar de moralização volta a fazer parte do sistema. Menos ambulantes nas estações e nos trens, e menos violência nas linhas Centro e Sul, onde os PMs têm atuado predominantemente. A mudança é validada por passageiros e, principalmente, por metroviários, que diariamente sofriam e presenciavam abusos e desordem sem capacidade de intervir.
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Dados do Batalhão de Choque da PM (BPChoque), que está à frente do convênio firmado com a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) no Recife, mostram que o policiamento ostensivo está colocando ordem no interior do sistema - onde o comércio ambulante, totalmente descontrolado, chegou ao ponto de circular não só no interior dos trens, mas até na linha férrea, em perigosas travessias.
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De janeiro a abril de 2021, foram realizados 197 TCOs (Termos Circunstanciados de Ocorrência, usados para crimes de menor potencial ofensivo), feitas 13 prisões em flagrante, recuperados 160 celulares roubados, apreendidos 1 kg de maconha fracionado e 281 pedras de crack, instaurados 14 inquéritos por portaria, registrados 20 boletins de ocorrências circunstanciais com menores, e recapturadas duas pessoas circulando no sistema.
A ATUAÇÃO DA PM
“Nossa avaliação é muito positiva. Os números mostram que nossa ação está dando certo. São 50 policiais lançados diariamente no metrô, a partir do levantamento dos pontos mais problemáticos feito anteriormente e atualizado diariamente em conjunto com o pessoal da CBTU. Além disso, contamos com a parceria da segurança do metrô, fundamental nesse trabalho. Acredito que, sim, estamos conseguindo devolver a ordem ao sistema”, afirmou o comandante do BPChoque, tenente-coronel Bruno Benvindo.
VIDEOMONITORAMENTO
O convênio com a PM estava decidido desde janeiro de 2020, mas quando iria começar a ser executado, a pandemia provocou a suspensão. Em janeiro de 2021, entretanto, a CBTU no Recife conseguiu viabilizá-lo junto à PM. O convênio custa R$ 3,8 milhões por ano (R$ 318 mil/mês) e, inicialmente, envolveria um efetivo de 70 homens do BPChoque. Mas o número diminuiu porque a atuação dos policiais é voluntária, já que é feita nos horários de folga, dentro do Programa de Jornadas Extras (PJEs) da Secretaria de Defesa Social (SDS).
“A ideia inicial era que fossem apenas os policiais do BPChoque, mas ampliamos para outras unidades especializadas da PM, que também têm o preparo adequado para o tipo de policiamento. É o caso da Radiopatrulha, da Cavalaria e da CipCães”, destaca o tenente-coronel Bruno Benvindo.
COMO ESTAVA O METRÔ
Os PMs passaram por um treinamento para conhecer bem o sistema, saber os pontos vulneráveis, as rotas, de forma que entendam a operação. Atuam nas estações mais problemáticas, como Cavaleiro, Coqueiral, Jaboatão, Joana Bezerra, para citar algumas. Circulam pelo sistema, com livre acesso às estações, à linha férrea e nas viagens no interior dos trens. Têm turnos de oito horas e comunicação direta com os seguranças e a central de monitoramento do metrô, que funciona na sede do Metrorec, em Areias, Zona Oeste do Recife. São 1.380 olhos, o equivalente às câmeras instaladas nos últimos dois anos nas Linhas Centro e Sul do sistema. A central tem comunicação direta com os PMs, acionados quando necessário.