Trânsito, transportes e mobilidade urbana, com Roberta Soares

Mobilidade

Por Roberta Soares e equipe
COLUNA MOBILIDADE

Ironia e descrédito da população sobre o metrô aéreo no Grande Recife

Ideia foi lançada pelo Movimento Pró-Pernambuco e ainda é bem embrionária. Sociedade só criticou

Cadastrado por

Roberta Soares

Publicado em 21/06/2021 às 13:11
Em geral, a população desconfia da capacidade e interesse dos gestores públicos. Na foto, o metrô de Shangai - DIVULGAÇÃO

A proposta de um metrô aéreo para a Região Metropolitana do Recife, feita pelo setor produtivo pernambucano, foi recebida com descrédito e ironia pela população. O que já era esperado. Choveram comentários críticos à ideia exposta em reportagem da Coluna Mobilidade, com poucas exceções para um ou outro elogio. Em geral, a população desconfia da capacidade e interesse dos gestores públicos - em todos os níveis da administração - para planejar, executar e, principalmente, manter um sistema metroferroviário suspenso.

Um metrô aéreo para o Grande Recife

Confira a série de reportagens Metrôs - Uma conta que não fecha

O fato de ser aéreo é o mais criticado. E a relação direta com a incapacidade do Estado de manter o Sistema BRT é feita com muita frequência nos comentários da reportagem. “O governo não conseguiu nem terminar o Sistema BRT, o que funciona está sucateado. O metrô que temos funciona de forma precária, quebra todo dia. E a passagem aumenta sempre”, diz um dos leitores. O fato de a Região Metropolitana do Recife nunca ter investido na expansão do metrô, tendo o transporte por ônibus o responsável pelo maior volume de deslocamento da população também. "Em uma cidade que prioriza desde os anos 50 o transporte rodoviário, isso é mais um projeto para ficar mofando na gaveta. Não há interesse político nem do governo federal e, principalmente, do estadual. As prefeituras poderiam até incentivar o projeto, mas ficam quietas vendo o povo sofrer com esse péssimo transporte”. “O que foi gasto pra fazer o metrô do chão, não está no gibi (uma lata velha). Imaginem o que será para fazer esse metrô aéreo!? Sem contar os prazos absurdos. Pára. Recomeça, põe mais dinheiro! Quando a obra fica pronta, foi gasto o dobro do projeto inicial!”, diz outro leitor.

O fato de ser aéreo é o mais criticado. E a relação direta com a incapacidade do Estado de manter o Sistema BRT é feita com muita frequência nos comentários da reportagem. Na foto, o metrô aéreo de Bangkok - DIVULGAÇÃO


A proposta de um metrô aéreo para o Grande Recife complementaria o sistema sobre trilhos já existente e seria integrado com corredores de BRT e de ônibus convencionais. É defendida pelo Movimento Pró-Pernambuco e ainda é bem embrionária. Necessita, antes de mais nada, de estudos de demanda e de viabilidade que possam validá-la ou não. A ideia é inspirada em sistemas como os implantados em Xangai, maior cidade da China, e em Cingapura, cidade-estado asiática extremamente rica. No Brasil, seria semelhante à Linha 17 - Ouro de São Paulo, projeto previsto ainda para a Copa do Mundo de 2014 e até hoje não finalizado.

Obras da linha 17 Ouro do Metrô de São Paulo - GOVERNO DE SÃO PAULO/DIVULGAÇÃO
Obras da linha 17 Ouro do Metrô de São Paulo - GOVERNO DE SÃO PAULO/DIVULGAÇÃO

As ideias começaram a ser pensadas há dois anos. Pelo menos quatro principais eixos são propostos para o metrô aéreo: 1) Pela Avenida Agamenon Magalhães, na área central do Recife, ligando o Memorial Arcoverde ao Terminal Integrado Joana Bezerra. 2) Ligação entre o TI Joana Bezerra e o Shopping Guararapes, pela Avenida Domingos Ferreira, em Boa Viagem. 3) Pela Avenida Norte, ligando o TI Macaxeira ao Cais do Apolo, no Bairro do Recife. 4) Ligação entre a Ceasa, na Zona Oeste do Recife, e a Estação Central do metrô, no Centro, pela Avenida Abdias de Carvalho.

“Destacamos que são ideias e que Pernambuco precisa, primeiramente, considerá-las e estudá-las para a ver a viabilidade de fato. Mas sabemos que é possível. Quem trabalha com transporte sabe que sistemas de ônibus convencionais suportam bem um volume de até 50 mil passageiros por dia. Entre 50 mil e 100 mil passageiros, já é necessário sistemas maiores, como o BRT. Mas acima de 100 mil passageiros, só os de alta capacidade, como o transporte sobre trilho”, argumenta o empresário Avelar Loureiro, presidente do Movimento Pró-Pernambuco.

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