Trânsito, transportes e mobilidade urbana, com Roberta Soares

Mobilidade

Por Roberta Soares e equipe
COLUNA MOBILIDADE

Cadê as bicicletas do Bike PE? Usuários relatam dificuldades para usar o sistema de compartilhamento de bikes no Recife

A procura aumentou demais com a retomada das atividades econômicas. Governo do Estado, gestor do sistema, diz que já pediu diagnóstico para reavaliar operação

Cadastrado por

Roberta Soares

Publicado em 05/10/2021 às 7:00 | Atualizado em 06/10/2021 às 11:24
A promoção é válida para todas as praças que possuem o Bike Itaú - YACY RIBEIRO/ JC IMAGEM

Conseguir uma bicicleta do Bike PE, sistema de compartilhamento de bikes públicas, voltou a ser tarefa árdua em alguns pontos do Recife durante os fins de semana. Principalmente aos domingos, quando a capital e a cidade de Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana, por exemplo, ganham rotas cicloviárias provisórias. Clientes do sistema - que reduziu as gratuidades e não custa barato (R$ 29,90 o plano mensal) - têm relatado dificuldades para encontrar bicicletas e também para liberá-las.



“Enfrentei dificuldades para conseguir uma bicicleta neste domingo (3/10). Só consegui uma na terceira estação em que fui, todas em Boa Viagem (Zona Sul do Recife). Por volta das 8h já não tinha bikes nas estações do 2º e 3º Jardins. E no Bairro do Recife a situação foi pior. Além de poucas bicicletas, o sistema apresentou instabilidade. As pessoas não conseguiam fazer a liberação pelo aplicativo. Eu consegui porque estava utilizando o cartão VEM (o mesmo usado nos ônibus e Metrô do Recife)”, contou o universitário Alírio Souza. O grupo com quem ele estava no domingo, por exemplo, não conseguiu liberar bicicletas no fim da manhã devido às falhas de conexão.

Os passes do Bike PE tiveram um reajuste de quase 50%. O mensal agora custa R$ 29,90 (era R$ 20) e o anual subiu para R$ 239,90 (custava R$ 160) - YACY RIBEIRO/ JC IMAGEM


O aumento da demanda nos fins de semana e, consequentemente, as reclamações, já chegaram ao conhecimento do governo de Pernambuco, gestor do Bike PE. Segundo a secretária executiva de Políticas Urbanas da Secretaria de Desenvolvimento Urbano de Pernambuco (Seduh), Simone Osias, a fiscalização que o Estado faz do sistema identificou problemas pontuais, como filas para retirada dos equipamentos, e já acionou a operadora - a Tembici - para reavaliar as estratégias de operação. “Vimos filas em algumas estações, como a do Parque da Jaqueira (Zona Norte do Recife) e uma do Bairro do Recife (Centro) no sábado e domingo. Por isso, já solicitamos um diagnóstico da demanda para avaliar a necessidade de remanejamento de bicicletas nos dias de maior procura. Estamos no aguardo de um retorno”, explicou.

No novo contrato do Bike PE, inclusive, o aumento da demanda de passageiros está atrelado à expansão do sistema. Por isso o Estado pediu a análise do crescimento.

Confira onde estão localizadas as novas estações - Thiago Lucas/ Artes JC


EXPANSÃO RECENTE, MAS TÍMIDA

Em abril de 2021, como prometido e determinado na renovação do contrato de prestação de serviço entre o Itaú Unibanco, a Tembici e o poder público, o Bike PE foi expandido. Ganhou dez novas estações e foi a primeira ampliação desde que o sistema foi criado em Pernambuco, em outubro de 2011. A expansão chegou a apenas alguns bairros das Zonas Norte e Oeste do Recife. O incremento representou mais 100 bicicletas novas lançadas no sistema, que até abril deste ano já tinha registro de mais de 3 milhões de viagens na RMR.

Bike PE expande, fica mais caro e perde gratuidade total para estudantes

As estações foram distribuídas nos bairros de Casa Amarela (que ganhou a maioria - 4), Tamarineira (1), Parnamirim (1), Madalena (2) e Água Fria (2). As novas localizações, como explicou a Tembici na época, foram escolhidas para complementar a integração - ou pelo menos tentar - das bikes públicas com o transporte público na RMR, tendo sido aprovados pelo Escritório da Bicicleta, colegiado que traça o caminho da ciclomobilidade em Pernambuco. O escritório é composto por representantes do poder público (Estado e municípios da RMR) e representantes da sociedade civil.

O Bike PE funciona no Recife, em Olinda e em Jaboatão dos Guararapes. Das 100 estações, mais de 80 estão na capital pernambucana. No último ano, 73% das viagens foram feitas em dias de semana, o que comprova o uso cada vez maior da bicicleta como transporte. Os passes do Bike PE tiveram um reajuste de quase 50%. O mensal agora custa R$ 29,90 (era R$ 20) e o anual subiu para R$ 239,90 (custava R$ 160).

TEMBICI

A Tembici pontuou, por email, que em setembro deste ano foi registrado um aumento de 5% nas viagens aos domingos e que esse crescimento já era esperado. Disse estar sempre estudando os movimentos dos usuários e lembrou que em abril promoveu a expansão com dez estações e cem novas bicicletas. Ou seja, pelo menos por enquanto, não há expectativa de nova ampliação. Confira a nota na íntegra:

“A Tembici, responsável pelo sistema de bikes compartilhadas em Pernambuco, afirma que há uma tendência natural de aumento de viagens no projeto aos finais de semana, além de considerar os avanços da vacinação e flexibilização das cidades, bem como a aproximação do verão (período em que há o aumento de uso devido às férias).

Em setembro, foi registrado o crescimento de 5% no número de viagens aos domingos comparado ao uso em dias de semana.

Vale destacar que em abril, deste ano, a startup implementou 10 novas estações distribuídas na zona norte de Recife e realiza constantemente estudos, além de acompanhar dados, para entender o comportamento e uso em todo o sistema para viabilizar possíveis expansões.

Os locais de todas as estações são previamente definidos por meio de estudos e análises realizados pelo time de urbanistas da empresa, avaliando alguns critérios, como proximidade à infraestrutura cicloviária, maior demanda e integração com o transporte coletivo.

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