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Mobilidade

Por Roberta Soares e equipe
COLUNA MOBILIDADE

Metroviários afirmam que Paulo Câmara desistiu de conceder Metrô do Recife à iniciativa privada

Informação, com declarações do governador de Pernambuco, foi postada nas redes sociais do SindMetro, no dia em que categoria decide sobre possível paralisação contra o processo de gestão privada

Cadastrado por

Roberta Soares

Publicado em 26/05/2022 às 11:38 | Atualizado em 26/05/2022 às 15:19
Metrô do Recife segue sem investimentos e indefinição sobre o processo de privatização iniciado no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro - GUGA MATOS/JC IMAGEM

Uma postagem no Instagram do Sindicato dos Metroviários de Pernambuco (SindMetro) afirma que o governador Paulo Câmara teria decidido adiar uma possível transferência da gestão e operação do metrô do Recife para a iniciativa privada. Diz, inclusive, que o governador assumiu ter “errado” ao autorizar os estudos para a concessão pública do sistema metropolitano - realizado por dois anos - sem o envolvimento dos metroviários.

O governador recebeu a direção do SindMetro no início da noite desta quarta-feira (25/5), no Palácio do Campo das Princesas, sob mediação do presidente estadual do PSB, Sileno Guedes, ex-secretário de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude (SDSCJ) de Pernambuco. O chefe de Estado teria dito, inclusive, que o Estado não tem interesse em administrar o metrô, mas que o faria para não ver o sistema ser destruído por completo.

E que o diagnóstico elaborado nesses dois anos pelo BNDES (via Ministério da Economia) e a Secretaria de Planejamento de Pernambuco - que indicou uma concessão pública de 30 anos e no valor de R$ 8,4 bilhões, dos quais R$ 3,8 bilhões seriam aportes financeiros públicos -, ficará pronto, mas apenas como cobrança ao governo federal.

O governador Paulo Câmara teria afirmado na reunião, segundo o SindMetro: “Nosso objetivo é o funcionamento bem, não aceitamos a degradação do sistema feito pelo governo federal, que joga os usuários e a opinião pública contra o Estado de Pernambuco. O governo federal não conversa com a gente. Não temos interesse em administrar o metrô”.

 

 
 
 
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E seguiu: "Estou preocupado com o transporte metropolitano público e de qualidade, sei a importância do metrô, e até o último dia do governo, não vamos assinar nada. Vamos deixar um diagnóstico pronto, para cobrar do presidente que deixe um olhar para o metrô. Erramos, tudo será de agora em diante dialogado com a categoria, com o Sindmetro-PE e o Fórum Permanente pela Mobilidade e Defesa do Metrô”, garantiu Paulo.

 

O governo de Pernambuco não confirmou as declarações do governador, como também não divulgou a visita oficial com os metroviários. O Fórum Permanente foi lançado na manhã desta quinta-feira (26), na sede do Metrô do Recife, em Areias.

Decisão de Paulo Câmara deve atrasar solução para problemas do metrô

Diagnóstico elaborado por dois anos pelo BNDES (via Ministério da Economia) e a Secretaria de Planejamento de Pernambuco indicou uma concessão pública de 30 anos e no valor de R$ 8,4 bilhões, dos quais R$ 3,8 bilhões seriam aportes financeiros públicos - GUGA MATOS/JC IMAGEM

PARALISAÇÃO

A reunião com o governador era decisiva para indicar os rumos da assembleia da categoria, que acontece nesta quinta, às 18h, na Estação Recife do metrô, e poderá resultar numa paralisação do sistema. O SindMetro já tinha colocado que, se o Estado recuasse da decisão de seguir com o processo de concessão pública (não é correto chamar privatização porque significa o repasse definitivo para a gestão privada. No caso da concessão é determinado um período), não haveria paralisação.

O Estado é personagem essencial no caso de o Metrô do Recife passar a ser uma concessão pública, estratégia estudada pelo governo federal desde o fim de 2019 para todos os sistemas da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) e da Trensurb (de Porto Alegre). Por determinação legal, a estadualização do sistema precede a transferência para operadores privados. Ou seja, a gestão precisa sair das mãos do governo federal para o de Pernambuco para, depois, virar uma concessão pública.

“A assembleia é soberana e irá votar o indicativo de greve. Vale lembrar que já aprovamos o estado de greve. Mas dependemos da postura do governador Paulo Câmara. Queremos que o Estado se comprometa a não levar a proposta de concessão pública adiante. Assim não haverá uma paralisação do metrô”, afirmou o presidente do SindMetro, Luiz Soares, na quarta-feira, antes da reunião no Palácio.

A PROPOSTA DE CONCESSÃO

Pelo que já foi acordado, o governo de Pernambuco será o gestor do futuro contrato de concessão pública do Metrô do Recife, um pacote que representará o montante de R$ 8,4 bilhões em 30 anos. E, desse total, R$ 3,8 bilhões serão aportes financeiros públicos.

Segundo a Secretaria de Planejamento de Pernambuco, esse valor é necessário para reerguer o metrô e trazê-lo de volta aos padrões do passado, quando tinha intervalos de cinco a seis minutos nos horários de pico - hoje o metrô chega a intervalos de 17 minutos e 13 minutos nos ramais das linhas Centro e Sul, respectivamente.

Dos R$ 3,8 bilhões, R$ 3,1 bilhões serão mobilizados pelo governo federal e R$ 700 milhões pelo governo de Pernambuco. E mais: dos R$ 3,1 bilhões bancados pela União, R$ 1,4 bilhão serão recursos que ficarão guardados para serem utilizados pelo Estado ao longo do contrato de concessão pública.

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