Pouco se sabe da futura Ciclovia Abdias de Carvalho, a mais nova promessa de infraestrutura para bicicletas em grandes corredores viários do Recife. O novo equipamento foi anunciado pelo prefeito João Campos após confirmar a liberação de uma emenda parlamentar. Mas sem nenhum detalhe.
O projeto, inclusive, ainda estaria sendo elaborado, pelo que informou a prefeitura. A ciclovia seria implantada numa avenida fundamental para a conexão da área central com a Zona Oeste da capital, inclusive para o interior do Estado porque se conecta com a BR-232.
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Num vídeo rápido e sem muitos detalhes, o prefeito e o deputado federal Felipe Carreras, ambos do PSB, comemoram a emenda conquistada no valor de R$ 10 milhões. Esse valor, inclusive, seria para viabilizar, além da Ciclovia da Abdias de Carvalho, os equipamentos já prometidos há anos pela gestão municipal: ciclovias na Avenida Agamenon Magalhães, na área central da cidade, e no Cais José Estelita, que faz a conexão da mesma região com a Zona Sul da capital.
CICLOVIA PREVISTA HÁ SETE ANOS
Embora o projeto da futura Ciclovia Abdias de Carvalho não seja conhecido, o corredor tem previsão de receber o equipamento desde 2014, quando o governo do Estado - na época comandado pelo ex-governador Eduardo Campos (PSB) - elaborou o Plano Diretor Cicloviário (PDC) da Região Metropolitana do Recife.
Confira o PDC do Grande Recife
Tanto ela como a Avenida Caxangá, paralela à Abdias de Carvalho e também um corredor viário estrutural da cidade, têm ciclovias previstas. E, pelo PDC, seria ciclovia mesmo, não ciclofaixa. O equipamento, inclusive, teria uma indicação de implantação pelo governo do Estado por ser classificado como da rede cicloviária metropolitana.
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SEM REDUÇÃO DAS FAIXAS DE ROLAMENTO
O que se sabe também é que os técnicos da prefeitura irão adotar na Abdias de Carvalho a mesma estratégia de Fortaleza (CE) para evitar polêmica com uma possível redução de espaço para a circulação dos automóveis. No lugar de retirar faixas de rolamento para os veículos, apenas reduzirão a largura das faixas da avenida para incluir a ciclovia.
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A técnica já tinha sido anunciada para a Ciclovia Agamenon Magalhães. As faixas de rolamento da via passarão de 3,30 metros para 2,90 metros, o que permitirá alargar em um metro o canteiro central, que já tem dois metros.
DIFERENÇA ENTRE CICLOVIA E CICLOFAIXA
Para quem não sabe, ciclovia é um equipamento que tem uma segregação física total do tráfego de veículos (exemplo: ciclovias das avenidas Boa Viagem, Mário Melo e Norte. Já a ciclofaixa - predominante nas cidades, inclusive no Recife que tem praticamente 80% da malha cicloviária feita de ciclofaixas - tem uma segregação parcial, feita apenas com sinalização horizontal e tachões.
Para a Ameciclo, a Associação Metropolitana de Ciclistas do Recife, o equipamento será muito bem vindo. Pouco importa se a implantação será realizada pela prefeitura ou pelo governo do Estado. O que os ciclistas querem conhecer é o projeto, para saber qual o traçado, a localização, extensão e as conexões.
AS OUTRAS CICLOVIAS PROMETIDAS
Ciclovia no Cais José Estelita
No caso da Ciclovia do Cais José Estelita, chamada de Rota José Estelita, a emenda parlamentar cobrirá parte do valor do projeto, que também será custeado como ação mitigadora do Novo Recife, empreendimento imobiliário que está sendo construído no cais.
A Rota José Estelita terá 4,8 quilômetros de extensão e comporá a reurbanização promovida no Cais, prevista no Projeto Novo Recife, que prevê, inclusive, a derrubada do Viaduto das Cinco Pontas, uma barreira para a cidade.
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A licitação para implantação do novo equipamento estava prevista para ter sido lançada ainda em agosto de 2021, mas não avançou.
Ciclovia Agamenon Magalhães
A Ciclovia Agamenon Magalhães foi anunciada ainda em março deste ano, ao custo de R$ 6,7 milhões, e previsão de começar a ser construída em julho. Terá quatro quilômetros de extensão e começará na altura da Rua Leopoldo Lins, na Boa Vista (fim da Ciclovia Graça Araújo, na Avenida Mário Melo, em Santo Amaro).
Será implantada no canteiro central da Agamenon e terá sentido unidirecional (único), de cada lado do canal, até as imediações do Hospital Português, no Paissandu.
Além de fazer a conexão entre a área central e as Zonas Norte e Sul do Recife, a futura ciclovia da terá o mérito de criar um espaço seguro para quem pedala num dos eixos viários mais áridos e perigosos não só da capital, mas de toda a Região Metropolitana: o Complexo Viário Joana Bezerra, composto pelo Viaduto Capitão Temudo e a Ponte José de Barros Lima (mais conhecida como Ponte João Paulo II).
O equipamento terá três metros de largura, com guias de proteção entre as faixas de tráfego dos veículos e o espaço destinado às bicicletas. Nos cruzamentos, serão instalados gradis para a divisão da circulação com os pedestres.
A partir de lá, a ciclovia seguirá pela Ponte João Paulo II e pelo Viaduto Capitão Temudo de forma bidirecional (dois sentidos), na pista oeste da via (lado direito no sentido Olinda-Boa Viagem). Chegará até o Pina, pela Ponte Paulo Guerra, fazendo conexão com a ciclovia da Via Mangue.
O equipamento será compartilhado com os pedestres no trecho entre o início da Ponte João Paulo II e o início do Viaduto Capitão Temudo, no acesso à Ilha Joana Bezerra e ao Terminal Integrado Joana Bezerra. De lá até o Pina, entretanto, será apenas ciclovia.
Dos R$ 6,7 milhões estimados para o equipamento da Agamenon, R$ 5,9 milhões são o custo da obra física. A diferença de valor é a sinalização do equipamento. A previsão era de que os trabalhos fossem concluídos até o fim do ano.