Após registrar recorde deste ano com 68 envios de ambulâncias para atendimento de pessoas com sintomas de covid-19, na última quinta-feira (18), o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) do Recife vê os primeiros indícios de estabilização nos chamados, mas alerta para permanência de alta nos casos. Ainda é expressivo o número de pessoas que precisam ser socorridas em domicílio e levadas a unidades de saúde. Passados dias consecutivos de aumento na média móvel (considerando os últimos sete dias) de envio de ambulâncias, o Samu permaneceu na casa de 50 saídas de veículos para casos suspeitos de covid-19 na última semana, sem elevação desse indicador no período. O mês — que começou com uma média móvel de 22,7 — apresentou subida diária desse indicador. A cada dia, mais pontos eram acrescidos à média móvel.
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"Há 15 dias, era impressionante ver a velocidade na aceleração de subida dos chamados e envios de ambulâncias. A sensação era que iríamos ter um incremento mais expressivo do que no ano passado. Mas esse sentimento diminuiu na última semana. Parar de ver o crescimento diário já é um alento", informa o médico Leonardo Gomes, coordenador-geral do Samu Metropolitano do Recife. Para ele, outro termômetro importante é o fato de, no domingo (21), o Samu não ter apresentado demanda reprimida de casos respiratórios. Ou seja, todos (58 ao todo) que precisaram de atendimento receberam. Ainda assim, o médico frisa que esse cenário não é garantia de uma queda nos próximos dias, pois pode acontecer de a doença decolar novamente. "Precisamos que os números caiam, pois não adianta só estabilizar com essa alta. Se assim permanecer, ainda vai morrer muita gente pela covid-19. Não é isso que queremos", destaca.
Só no domingo (21), o Samu registrou 81 ligações para atendimento a pessoas com sintomas de covid-19. Desse total, 58 pessoas tiveram que receber assistência da equipe do serviço em domicílio para encaminhamento a uma unidade de saúde. "A demanda ainda é muito grande, e continuamos com a nossa força-tarefa. Cerca de 60% das saídas de ambulâncias são para atendimento das pessoas em domicílio; o restante é para fazer transferência de pacientes entre serviços de saúde."
Atualmente o Samu conta com 30 ambulâncias circulando na capital pernambucana: 24 delas funcionam com estrutura para oferecer suporte básico aos pacientes e outras 6 dão assistência mais especializada — são as chamadas unidades de terapia intensiva (UTIs) móveis. "Antes do novo coronavírus, tínhamos 21 ambulâncias. No início da pandemia, esse número subiu para 26. Agora são 30, pois precisamos dar conta das suspeitas de covid-19 e dos chamados gerais, como acidentes de trânsito", explica Leonardo.
O médico faz questão de ressaltar que ainda não é momento de a população relaxar diante das medidas restritivas, pois o contágio ainda precisa cair bastante. "A estabilização que percebemos, na última semana, ainda traz números altos. Não sabemos se isso ainda vai se traduzir numa virada (queda) de curva epidêmica. Precisamos aguardar ainda mais uns dez dias para uma melhor análise", salienta Leonardo.