O tapa que Will Smith deu em Chris Rock durante a cerimônia do Oscar 2022, realizada no último domingo (27), ofuscou um dos momentos históricos da noite: o prêmio de Melhor Ator ao próprio Smith, por sua excelente atuação no filme "King Richard: Criando Campeãs". "Histórico" não apenas por ser o primeiro troféu de uma das figuras mais carismáticas, talentosas e rentáveis de Hollywood na atualidade, mas também por ser o quinto homem negro a vencer nessa categoria em 94 anos de Oscar.
Will Smith já havia sido indicado outras duas vezes nessa categoria: por "Ali" (2002), uma cinebiografia sobre o lendário lutador de box Muhammad Ali, e pelo também emocionante "À Procura da Felicidade", com quem contracena com o filho Jaden. Para além do prestígio da Academia, sua carreira é atravessada por personagens marcantes da cultura popular, a exemplo do seriado televisivo "O Maluco no Pedaço" (1990-1996).
A vitória em 2022 já era aguardada, pois o seu trabalho com "King Richard" varreu as premiações consideradas termômetros do Oscar. O ator já havia vencido o Critics Choice Awards, Bafta, Golden Globes e SAG Awards. No filme, vive o pai e empresário de meninas negras que sonham em ser atletas do tênis. Tinha tudo para ser o seu grande momento de glória, mas existia um Chris Rock no caminho.
Na cerimônia, o comediante sugeriu que a atriz Jada Pinkett-Smith, esposa de Wiil, poderia protagonizar o próximo G.I Jane, longa em que Demi Moore protagoniza de cabelo raspado. Ocorre que Jada é careca pela condição causada pela doença alopecia, que causa perda de cabelo.
Não foi a primeira vez que Rock fez piada com a atriz. Em 2016, Will e Jada não compareceram ao Oscar em protesto pela falta de atores negros entre os indicados. O humorista comandou o evento e zombou da situação logo em seu monólogo de abertura: "Jada fazendo boicote ao Oscar é como eu fazendo boicote às calcinhas de Rihanna… não fui convidado."
Chris Rock também já é conhecido por falas controversas. Em 2019, fez piada com o vício de Whitney Houston ao compartilhar um meme da cantora e escrever: "Vamos logo, eu tenho um crack para fumar". Em recente entrevista a uma rádio americana, ele comentou que vem achando o mundo da comédia entediante por conta da "cultura do cancelamento".
"Eu atualmente vejo muitos comediantes sem graça. Eu vejo programas de TV sem graça, vejo premiações sem graça, vejo filmes sem graça, porque todo mundo tem medo de fazer um movimento fora do normal", disse. Eis que a "graça" da noite do domingo (27) roubou todos os holofotes do Oscar.
A piada foi, de fato, desnecessária, sobretudo em tempos em que o humor vem sendo repensado para não reforçar opressão às minorias. Já a resposta de Will gerou um amplo debate. Ele estaria certo ao defender a honra da esposa e da família?
A celebração da agressão física pode ser perigosa. Uma vez que se legitima a agressão, episódios com violência podem ser naturalizados e se tornarem cada vez mais costumeiros na mídia - algo que não precisamos, pois os tempos já são agressivos demais. Por isso, o ator também errou.
O momento de destempero, no entanto, não apaga que Will Smith foi o grande astro da noite e que seu trabalho mereceu ser celebrado. A verdade é que a sua família não merecia uma piada de mal gosto num momento de glória. É o resultado de um amadurecimento de décadas, algo que não pode ser escanteado da repercussão do evento por conta de um perda de linha de segundos. Acima dos burburinhos, o prêmio é maior do que o tapa.
Gafes no Oscar
Quando subiu ao palco e deu um tapa no comediante Chris Rock, o ator Will Smith deixou as pessoas na cerimônia do Oscar 2022 em choque. A agressão, que num primeiro momento confundiu se era um ato ensaiado, escapou da premiação que segue em formato e moldes clássicos. Porém, não foi a primeira vez que o Oscar sofreu com imprevistos na festa.
Apesar de não envolver nenhuma agressiva física, algumas "surpresas" marcaram o público nas edições da premiação. Confira: