Com informações de Berg Santos, da Rádio Jornal
A família da vendedora Patrícia Roberta Gomes da Silva, 22 anos, aguarda a liberação do corpo da jovem para realizar o sepultamento nesta quinta-feira (29). O adeus à jovem assassinada em João Pessoa, na Paraíba, deve ser dado no período da tarde, no cemitério Dom Bosco, em Caruaru, no Agreste de Pernambuco, município onde ela morava.
Para elucidar melhor o crime, que tem como principal suspeito o amigo de infância da vendedora, Jonathan Henrique Conceição dos Santos, 23, foram solicitados exames sexológicos e toxicológicos. Assim que concluídos os trabalhos, o corpo da jovem deve ser liberado.
De acordo com familiares de Patrícia, não será realizado velório. Em entrevista à Rádio Jornal, o ex-marido da jovem, Vitor da Silva, falou sobre a esperança de encontrar a jovem com vida durante o período que ela ainda estava desaparecida.
"A gente se agarrou o máximo que pôde na esperança de encontrar ela com vida, mas, infelizmente, fomos arrasados com essa notícia. Todos os amigos e familiares nutriam o laço de esperança de que ela fosse encontrada em qualquer estado, mas com vida, porque tudo que a gente queria era ela respirando, dando a risada dela", declarou.
A polícia trabalha com a hipótese de asfixia. Segundo a perita criminal Amanda Melo, Patrícia não foi atingida por tiros, armas ou golpes na cabeça. "Lesões por projéteis de arma de fogo, lesão por arma branca, não tem. Afundamento de crânio também não. Estou trabalhando inicialmente com a hipótese de asfixia mecânica". Ademais, é investigada se ela foi morta durante algum tipo de ritual.
A perita disse ainda que o suspeito tem características de frieza, pela maneira como tentou ocultar o cadáver. "O saco usado foi um saco de colchão. E eu não vi colchão novo na residência, então ele foi buscar. Ele teve um tempo para esse preparo. Estava extremamente organizado. Isso é uma característica importantíssima da personalidade", afirmou. "Esse corpo teria vindo a óbito há, pelo menos, 48 horas. Isso nos leva a pensar que o corpo foi morto e permaneceu um tempo naquela residência e, só depois, foi transportado", detalhou.
Prisão do suspeito
O tatuador Jonathan Henrique Conceição dos Santos foi preso na noite da terça-feira (27) em João Pessoa, na Paraíba. O homem foi encontrado por profissionais da Força Tática do 5ª Batalhão da Polícia Militar em uma casa no bairro Mangabeira III.
Horas antes da prisão, a polícia teve acesso a um suposto bilhete escrito por Jonathan, após o amigo dele ser detido. No texto, o tatuador negava a autoria do crime.
"Eu sou inocente! Solicito os seus serviços como detetive particular. Tente reunir fatos que provem minha inocência. Deixarei esse bilhete aqui na sua caixa de correio (sic). Armaram contra mim. PS: depois acertamos a conta. Nathan."
O amigo do suspeito prestou depoimento e foi liberado, mas será investigado. Já o tatuador, após capturado, teve a prisão preventiva decretada pela Justiça.
Jonathan ficará preso na Penitenciária Flóscolo da Nóbrega. Na decisão, a juíza alegou que "as circunstância do delito e sua prisão demonstram a periculosidade do mesmo sendo imperiosa a sua permanência no cárcere, como medida necessária para garantir a ordem pública".
O assassinato de Patrícia Roberta
Patrícia saiu de Caruaru, no Agreste do Estado, onde mora, na última sexta-feira (23), para encontrar o amigo. Dois dias depois, no domingo (25), numa troca de mensagens de WhatsApp com a mãe, a vendedora se mostrou aflita porque estaria trancada no apartamento dele. Depois, avisou que estava tudo bem. E não mais respondeu à mãe.
Na madrugada da terça-feira (27), vizinhos entraram em contato com a polícia para denunciar terem visto o suspeito saindo do prédio com um tonel de lixo em um carrinho de mão. Um dos vizinhos teria seguido e visto quando o tonel caiu, e desconfiou que pudesse se tratar de um corpo. Pouco depois, o suspeito é filmado por câmeras de segurança saindo de moto levando o mesmo volume estranho.
O corpo, que estava com fitas isolantes e sacos plásticos, foi encontrado a cerca de dois quilômetros do prédio onde o tatuador mora. Isso aconteceu horas após familiares da vítima procurarem a Delegacia de Homicídios de João Pessoa para registrar uma queixa de seu desaparecimento.
"Começamos as buscas em outra área, uma área muito extensa, mas informações da própria população nos chamou a atenção em alguns detalhes e nós chegamos a esse ponto [que o corpo foi localizado]", disse o comandante do 5º BPM, coronel Barros. Não havia sinais de marca de tiros ou faca no corpo. Uma possibilidade é que a vendedora foi morta por asfixia, o que será comprovado após exames no Instituto de Medicina Legal. O corpo deve ser liberado hoje para enterro, à noite, em Caruaru.
Patrícia havia informado aos familiares que retornaria na segunda-feira (26), mas os pais acharam estranho a falta de contato da jovem desde o domingo (25). Segundo a mãe da garota, ela e o amigo o qual havia ido visitar, estudaram juntos há mais de dez anos em um colégio de Caruaru. Desde que o garoto se mudou para João Pessoa, eles mantinham contato apenas pelas redes sociais.
Em entrevista ao NE10 Interior, a prima de Patrícia, Karen Melo, disse que na última semana a jovem havia falado com ela pedindo ajuda para comprar uma passagem de ônibus e informou à família que iria viajar para João Pessoa. Na última mensagem trocada com a mãe, Patrícia disse que o amigo comprou as passagens para voltar com ela a Caruaru.
Desenhos macabros e caderno com nomes de mulheres
No apartamento do suspeito, a polícia encontrou fronhas de travesseiro e roupas com possíveis manchas de sangue, próximas à máquina de lavar. Além disso, cadernos com anotações, desenhos macabros e uma lista com cerca de 20 nomes de mulheres - o de Patrícia era um deles. E um altar.
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"Encontramos vários manuscritos. Pedi o exame grafotécnico para saber se foi escrito pelo suspeito. Fiz isso porque o conteúdo dos escritos era bastante perturbador (...) Em algumas partes havia escrito 'eu saio à noite para matar', 'você é uma menina boa, eu sou um menino mal'. Isso são pequenos trechos de um vasto conteúdo que nós encontramos escritos", contou a perita criminal Amanda Melo.