Mãe de três meninas e moradora das palafitas localizadas no Pina, Zona Sul do Recife, Leydiane da Silva, 26 anos, trabalhava com reciclagem antes da pandemia de covid-19. Faz um ano que parou e sobrevive com R$ 375 mensais do Bolsa Família, pago pelo governo federal. Não tem sido fácil custear alimentação para as filhas Mikaele, 8 anos, Milena, 3, e Alana, 8 meses. Para a caçula ainda precisa comprar fraldas e leite. Nesta terça-feira (15), Leydiane foi uma das que recebeu uma cesta básica do Instituto JCPM de Compromisso Social. Nas quatro cidades em que a instituição atua (Recife, Salvador, Fortaleza e Aracaju) serão entregues, somente este mês, 3.212 cestas, das quais 2.260 para famílias da capital pernambucana.
"Eu me viro como posso. Cato sururu, faço chapinha nos cabelos das vizinhas para ganhar um trocado. Não passamos necessidade, mas tem dias que é mais difícil. Para Alana gasto R$ 20 com uma lata de leite que dura três dias. Essa cesta básica é uma ajuda muito importante", comentou Leydiane. Os alimentos começaram a ser entregues na última quarta-feira (09), na sede do IJCPM, localizada no Shopping RioMar. A distribuição vai até hoje. Estão sendo beneficiados moradores das palafitas, catadores, pequenos empreendedores e jovens matriculados no IJCPM. Somente das palafitas do Pina, grupo prioritário para ganhar a feira, serão entregues 390 cestas.
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O estudante Mateus Pedro da Silva, 19, também foi buscar uma cesta básica. Ele vende caldinhos na praia para ajudar em casa. Mora com a mãe na comunidade Beira-rio. "Conseguia ganhar entre R$ 1 mil e R$ 1.200 por mês. Mas o governo proibiu o comércio nas praias por causa da pandemia. Então a situação ficou complicada. A ajuda do IJCPM chegou em boa hora", destacou o jovem, aluno do 3º ano do ensino médio da Escola Estadual Assis Chateubriand, que fica em Brasília Teimosa.
No Centro Escola Mangue, em Brasília Teimosa, foram entregues 50 cestas básicas. E mais 34 no Clube de Mães Criativas, no mesmo bairro. "Essa cesta e a sopa que distribuem todos os dias têm sido a salvação da gente", afirmou a cozinheira Edenilse Pereira, 51, uma das que recebeu a feira na Escola Mangue.
"Cato latinhas mas está difícil porque os bares e a praia estão sem movimento. Se juntar uma sacola de latas, vendo por R$ 2 ou R$ 3. É pouco mas já garante o pão. Ainda bem que existem essas doações de cestas básicas, são muito importante pois a maioria das pessoas como eu está sem conseguir trabalhar", disse a catadora Jacilda Araújo Leite, 72.
ESTÍMULO
Além de beneficiar as famílias mais carentes do Pina e Brasília Teimosa, a ação do IJCPM movimenta a economia local. "Os itens das cestas básicas são comprados dos pequenos comerciantes dos dois bairros", explicou a coordenadora de Desenvolvimento Social do instituto, Fábia Siqueira. Sobre a doação das cestas, ela destacou que "é muito gratificante pois são pessoas que realmente estão precisando. Muitas não têm qualquer expectativa de onde buscar alimentos pois estão sem trabalhar por causa da pandemia", comentou Fábia.
"Temos também a distribuição de cestas para os pequenos empreendedores locais que, recentemente, participaram do Fundo Social do IJCPM, onde contaram com apoio financeiro para retomar e garantir os próprios negócios. Mesmo com esse auxílio, ainda hoje é difícil se manter a partir da comercialização de itens diante da queda da renda da população em geral e da redução do fluxo de pessoas nas ruas, onde normalmente eles têm o seu faturamento. Diante disso, 427 famílias desse segmento foram incluídas para receber a doação das cestas também", informou Fábia.
Somando todo o período de pandemia até agora, o IJCPM já realizou a doação de 46.328 cestas, com aporte financeiro de R$ 3,717 milhões. Do total de cestas, no Recife, onde o Grupo JCPM tem sede, foram distribuídas 24.571; em Fortaleza foram outras 9.874; em Salvador a ação já beneficiou 8.685; e em Aracaju, 3.198 famílias.