A Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac) prevê que a intensidade das chuvas de 2023 no Estado seja similar à do último ano: que provocou o maior desastre natural do século em Pernambuco, ocasionando 133 mortes.
Segundo o meteorologista Thiago do Vale, a previsão é baseada na combinação dos mesmos dois fenômenos meteorológicos - La Niña e Atlântico Tropical - a mesma que causou a precipitação do último inverno.
“Ainda estamos sob influência do La Niña, que está começando a enfraquecer, e o Atlântico entra em aquecimento entre março e maio. Como ainda temos influência de ambos, há probabilidade de chuvas similares com as do ano passado”, disse.
Até o dia 25 de janeiro, foram registradas chuvas acima da média na Região Metropolitana, na Zona da Mata e no Agreste. No Sertão, segundo o especialista, a precipitação está abaixo da média, salvo alguns pontos isolados.
“Todos os meses estamos acompanhando e fazendo previsões, assim como divulgando informes climáticos sobre as condições dos oceanos e da atmosfera. Caso enviemos algum aviso meteorológico, a população deve seguir as orientações da Defesa Civil”, informou.
Em 2022, a Apac também havia informado, três meses antes, que a precipitação seria intensa no inverno. Mesmo assim, quando a previsão se tornou realidade, no final de maio, os municípios estavam despreparados para recebê-las.
Não havia uma rede de abrigos disponíveis para os milhares de desabrigados e desalojados que tiveram as casas alagadas ou derrubadas por deslizamentos de terra em áreas de risco da Região Metropolitana do Recife.
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Tampouco, existiam sistemas de alerta para evacuação além do envio de mensagens de texto para os moradores da cidade.
Defesa Civil é prioridade, diz governo
Na última segunda-feira (24), a governadora Raquel Lyra (PSDB) se reuniu com prefeitos do Grande Recife para discutir as principais demandas e instituir uma governança metropolitana.
Entre elas, foi pautada a preocupação com a Defesa Civil, pasta que desenvolve ações preventivas com o objetivo de evitar ou minimizar acidentes em situações de calamidades, como “a primeira e a mais urgente” agenda.
São necessárias uma série de medidas para evitar novos desastres no Estado, já que são, antes de tudo, a consequência da má urbanização das cidades.
O dossiê "Uma tragédia anunciada", feito por diversas organizações sociais, apontou soluções necessárias. Entre as propostas, estão o mapeamento das áreas de risco, elaboração de planos de contingenciamento, criação de abrigos permanentes e a ampliação das estruturas de alarme e de atendimento às vítimas.
Raquel Lyra e sua vice, Priscila Krause (Cid), se comprometeram, na campanha de 2022, a instituir medidas a fim de tornar as cidades mais "sustentáveis e resilientes", melhorando o saneamento básico, reduzindo o déficit habitacional e outras promessas que devem ser cobradas nos próximos quatro anos de governo. Confira clicando aqui.