Um dia após declarar apoio à deputada federal Marília Arraes (PT) na corrida pela Prefeitura do Recife, o deputado federal Túlio Gadêlha (PDT) acusou o PSB, partido do deputado federal João Campos, adversário da petista, de procurar seu chefe de gabinete para tentar "negociar" seu silêncio no segundo turno das eleições na capital pernambucana. O assessor parlamentar do pedetista, contudo, desmentiu a tentativa de 'acordo' e anunciou que pediria exoneração do cargo.
» Deputado federal do PDT, Túio Gadêlha declara apoio a Marília Arraes no segundo turno do Recife
"Meu chefe de gabinete foi procurado pela coordenação da campanha do PSB no Recife. Disse que eles estavam querendo "negociar o meu silêncio" nesse segundo turno. Dá pra acreditar? Me senti testemunha de um crime. Crime mesmo foi o que eles fizeram nesses últimos anos no Recife", publicou Túlio nas redes sociais.
Citado pelo deputado na denúncia, o chefe do gabinete de Túlio, Rafael Bezerra, também usou as redes para desmentir o pedetista e negar que tenha recebido a proposta do PSB. Na publicação, Bezerra chegou a dizer que ficou triste e consternado com o relato do deputado e afirmou que deixaria o cargo que ocupa na Câmara Federal.
"Afirmar algo que nunca aconteceu fere o que poderia se considerar contornável mesmo dentro do que conhecemos como "jogo político" [...] assim, é com muito pesar que me deparo com uma tentativa de exposição quase vil que, ainda que tenha muito me afetado, não conseguirá manchar um trabalho sério e árduo construído até então", escreveu em uma série de postagens no Twitter.
Procurado pelo JC, o agora ex-assessor parlamentar afirmou que prefere não se “pronunciar para além do conteúdo constante no Twitter como forma de preservar o Partido. Tudo que havia a ser esclarecido o foi através dele”, disse Rafael Bezerra. “Ainda hoje formalizarei a minha exoneração a pedido, concluindo a cessão do meu órgão de origem, MPPE, à Câmara dos Deputados”, emendou. O deputado Túlio Gadêlha e o PSB também foram procurados, mas não haviam retornado o contato até a última atualização desta reportagem.
Gadêlha chegou a lançar pré-candidatura à Prefeitura, mas foi impedido de seguir em frente com seu projeto pelo PDT, que indicou a ex-vereadora Isabella de Roldão como vice na chapa de João Campos. Quando anunciou sua desistência de concorrer ao pleito do Recife, Túlio indicou seu aliado, Rodrigo Patriota para a vice da chapa majoritária do PSB, nome rejeitado pelo PDT. O parlamentar, inclusive, perdeu o comando do PDT municipal.
Aliado de Ciro, que no começo do ano defendeu seu nome para a disputa, mas recuou em nome de uma aliança para 2022, Túlio viu seu padrinho político subir no palanque de Campos e “turbinar” a campanha do socialista no último fim de semana. "Posso dizer, como brasileiro, que todos nós estamos olhando para o Recife por duas razões: o Eduardo Campos, pai do João, a inspiração do João, quem preparou a vocação do João, morreu lutando pelo Brasil e João é como a gente devolver ao Eduardo a possibilidade melhorada, pois João é energizado pela juventude, pelas novas compreensões, pelas coisas extraordinárias que ele tem relevado na sua vida pública, já de forma muito brilhante", disse, entusiasmado, durante ato em apoio à candidatura do PSB no Recife.
Já o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, aproveitou seu discurso no mesmo ato em que estava Ciro para dar um recado a Túlio Gadêlha. "Quem do PDT não estiver com essa chapa, não tem mais o que fazer no PDT. No nosso partido não há espaço para traíras. Temos que ter clareza, amigos. A nossa opção é eterna, o nosso compromisso é de palavra, é de honra, não é de vaidade, não é de individualismo. Nós vamos vencer para o bem de Recife e do povo dessa terra", disparou Lupi.
Por meio de nota, Túlio Gadêlha rebateu as declarações de Rafael Bezerra. Disse ser comum as pessoas voltarem atrás "diante de pressão". Em seguida, limita-se a dizer que vai dar continuidade ao com seu mandato na Câmara dos Deputados. Seguimos firmes e convictos que a transparência e o diálogo sempre serão nossas principais ferramentas. Temos mais dois anos de construção ouvindo as pessoas e colocando as dores do povo recifense e pernambucano como prioridade. Porque do lado de cá não falta coragem e vontade de trabalhar", afirmou o pedetista.