O deputado federal Túlio Gadelha (PDT) divulgou, na manhã desta terça-feira (24), uma nota para afirmar que um áudio, divulgado pela revista Veja, no qual sua voz aparece, foi retirado de contexto. Na gravação, segundo a revista, o parlamentar conta a uma terceira pessoa que teria recebido uma sugestão da candidata à Prefeitura do Recife, Marília Arraes (PT), com o objetivo de fazer um esquema de "rachadinha" e financiar uma possível futura campanha eleitoral dele. O pedetista, porém, disse que isso se trata de “fake news” e pediu a realização de uma perícia “para comprovar a manipulação” do material.
“Em relação à matéria veiculada pela Revista Veja, trata-se de mais uma fake news do PSB. Tática essa que tem se tornado corriqueira na campanha pela Prefeitura do Recife. [...] Quanto ao áudio mencionado, está completamente descontextualizado. Solicitei perícia para comprovar, em tempo, a manipulação da gravação apresentada fora do contexto”, diz trecho da nota do parlamentar, que também vai acionar contra os responsáveis pela divulgação do áudio.
Na mesma nota, o deputado reafirmou seu apoio à candidatura do PT no Recife e declarou que trabalhará “com ainda mais afinco pela vitória de Marília, com a certeza de que estamos do lado certo da história.”
Túlio, no texto, lembra ainda que a ação contra Marília Arraes em virtude de um suposto esquema de “rachadinha” foi arquivada em 2019. “Sobre as acusações de rachadinha, é de conhecimento público que a candidata já foi absolvida em várias incursões nos vários tipos de atos probatórios. E que essa antiga ação criminal está arquivada desde fevereiro de 2019”, pontua ele.
Segundo a Veja, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) cobrou da petista a devolução de 156 mil reais aos cofres públicos em ação de improbidade. Ela teria contratado quatro funcionárias que tinham emprego em outras empresas e não prestavam serviços quando era vereadora na Câmara do Recife. Ainda de acordo com a revista, as investigações que identificaram as quatro servidoras com duplo emprego começaram a partir de uma denúncia sobre a existência de esquema de “rachadinha” no gabinete da então vereadora Marília.
Apesar disso, o inquérito aberto pela Polícia Civil de Pernambuco não conseguiu comprovar a existência da “rachadinha” e a parte criminal foi arquivada. Na ação, o MPPE justificou a “falta de estrutura” para não fazer uma investigação mais aprofundada e acabou denunciando Marília somente pela dupla contratação de servidores e para que a candidata devolva o dinheiro público desviado.
“Em relação à matéria veiculada pela Revista Veja, trata-se de mais uma fake news do PSB. Tática essa que tem se tornado corriqueira na campanha pela Prefeitura do Recife.
Estão desesperados. Pensam que são donos da cidade. Pensam que podem comprar as pessoas. Quanto mais a sua candidatura derrete no apoio popular, mais mentiras são disseminadas, mais ódio é plantado.
Sobre as acusações de rachadinha, é de conhecimento público que a candidata já foi absolvida em várias incursões nos vários tipos de atos probatórios. E que essa antiga ação criminal está arquivada desde fevereiro de 2019.
Quanto ao áudio mencionado, está completamente descontextualizado. Solicitei perícia para comprovar, em tempo, a manipulação da gravação apresentada fora do contexto.
Essa divulgação tem a intenção de prejudicar a candidatura de Marília Arraes, colega à qual hipotequei meu irrestrito apoio e na qual tenho confiança que comandará um processo de mudança e aprimoramento na nossa cidade.
De consciência tranquila, trabalharei com ainda mais afinco pela vitória de Marília, com a certeza de que estamos do lado certo da história. Tomaremos todas as medidas jurídicas cabíveis para levar os seus responsáveis a responder cível e penalmente na Justiça.
Túlio Gadêlha Deputado Federal / PDT"
Um dia após declarar apoio à deputada federal Marília Arraes (PT) na corrida pela Prefeitura do Recife, o deputado federal Túlio Gadêlha (PDT) acusou o PSB, partido do deputado federal João Campos, adversário da petista, de procurar seu chefe de gabinete para tentar "negociar" seu silêncio no segundo turno das eleições na capital pernambucana. O assessor parlamentar do pedetista, contudo, desmentiu a tentativa de 'acordo' e anunciou que pediria exoneração do cargo.
» Deputado federal do PDT, Túio Gadêlha declara apoio a Marília Arraes no segundo turno do Recife
"Meu chefe de gabinete foi procurado pela coordenação da campanha do PSB no Recife. Disse que eles estavam querendo "negociar o meu silêncio" nesse segundo turno. Dá pra acreditar? Me senti testemunha de um crime. Crime mesmo foi o que eles fizeram nesses últimos anos no Recife", publicou Túlio nas redes sociais.
Citado pelo deputado na denúncia, o chefe do gabinete de Túlio, Rafael Bezerra, também usou as redes para desmentir o pedetista e negar que tenha recebido a proposta do PSB. Na publicação, Bezerra chegou a dizer que ficou triste e consternado com o relato do deputado e afirmou que deixaria o cargo que ocupa na Câmara Federal.
"Afirmar algo que nunca aconteceu fere o que poderia se considerar contornável mesmo dentro do que conhecemos como "jogo político" [...] assim, é com muito pesar que me deparo com uma tentativa de exposição quase vil que, ainda que tenha muito me afetado, não conseguirá manchar um trabalho sério e árduo construído até então", escreveu em uma série de postagens no Twitter.
Procurado pelo JC, o agora ex-assessor parlamentar afirmou que prefere não se “pronunciar para além do conteúdo constante no Twitter como forma de preservar o Partido. Tudo que havia a ser esclarecido o foi através dele”, disse Rafael Bezerra. “Ainda hoje formalizarei a minha exoneração a pedido, concluindo a cessão do meu órgão de origem, MPPE, à Câmara dos Deputados”, emendou. O deputado Túlio Gadêlha e o PSB também foram procurados, mas não haviam retornado o contato até a última atualização desta reportagem.
Gadêlha chegou a lançar pré-candidatura à Prefeitura, mas foi impedido de seguir em frente com seu projeto pelo PDT, que indicou a ex-vereadora Isabella de Roldão como vice na chapa de João Campos. Quando anunciou sua desistência de concorrer ao pleito do Recife, Túlio indicou seu aliado, Rodrigo Patriota para a vice da chapa majoritária do PSB, nome rejeitado pelo PDT. O parlamentar, inclusive, perdeu o comando do PDT municipal.
Aliado de Ciro, que no começo do ano defendeu seu nome para a disputa, mas recuou em nome de uma aliança para 2022, Túlio viu seu padrinho político subir no palanque de Campos e “turbinar” a campanha do socialista no último fim de semana. "Posso dizer, como brasileiro, que todos nós estamos olhando para o Recife por duas razões: o Eduardo Campos, pai do João, a inspiração do João, quem preparou a vocação do João, morreu lutando pelo Brasil e João é como a gente devolver ao Eduardo a possibilidade melhorada, pois João é energizado pela juventude, pelas novas compreensões, pelas coisas extraordinárias que ele tem relevado na sua vida pública, já de forma muito brilhante", disse, entusiasmado, durante ato em apoio à candidatura do PSB no Recife.
Já o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, aproveitou seu discurso no mesmo ato em que estava Ciro para dar um recado a Túlio Gadêlha. "Quem do PDT não estiver com essa chapa, não tem mais o que fazer no PDT. No nosso partido não há espaço para traíras. Temos que ter clareza, amigos. A nossa opção é eterna, o nosso compromisso é de palavra, é de honra, não é de vaidade, não é de individualismo. Nós vamos vencer para o bem de Recife e do povo dessa terra", disparou Lupi.
Por meio de nota, Túlio Gadêlha rebateu as declarações de Rafael Bezerra. Disse ser comum as pessoas voltarem atrás "diante de pressão". Em seguida, limita-se a dizer que vai dar continuidade ao com seu mandato na Câmara dos Deputados. Seguimos firmes e convictos que a transparência e o diálogo sempre serão nossas principais ferramentas. Temos mais dois anos de construção ouvindo as pessoas e colocando as dores do povo recifense e pernambucano como prioridade. Porque do lado de cá não falta coragem e vontade de trabalhar", afirmou o pedetista.