A anulação das condenações do ex-presidente Lula (PT) em processos da Operação Lava Jato, conforme determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, nesta segunda-feira (8), não teriam ocorrido se não tivesse sido encontrado "grandes irregularidades insanáveis", segundo a avaliação do presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira.
Para o dirigente socialista, as anulações também não colocam em xeque os resultados obtidos pela Lava Jato, mas estariam a "salvando". “O ministro é defensor do combate à corrupção, e se tomou esta decisão é porque encontrou grandes irregularidades insanáveis. Ele está salvando a Lava Jato, e mostra que (Sergio) Moro não poderia agir conforme vem a sua cabeça, de maneira política, mas agir juridicamente”, afirma.
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Com a devolução dos direitos políticos do ex-presidente Lula, ganha força a possibilidade de o PT lançá-lo como candidato em 2022. Em paralelo, também existe a leitura de que com o líder do petista no páreo, isso ajudaria a fortalecer a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), diante do movimento antipetismo traduzido em 2018.
Sobre essa polarização, Carlos Siqueira explica que isso não afeta a forma como PSB está discutindo o processo eleitoral, neste momento. Ainda não há definição concreta de que os socialistas realmente poderão fortalecer o palanque do presidenciável Ciro Gomes (PDT) ou até mesmo lançar uma candidatura própria - cujo convite já teria sido feito ao governador do Espírito Santo, Renato Casagrande.
"Não nos afeta, a dinâmica da política brasileira é surpreendente. A ideia de termos um conjunto de forças formando uma ampla frente, não é exclusivamente eleitoral, mas para que reconquistemos a plenitude democrática. E alguém precisa personificar esse programa, que se mostre capaz de fazer isso. Representar o conjunto de forças para tirar o Brasil desse atoleiro econômico que ele está metido", declara.
PERNAMBUCO
O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), considera a devolução dos direitos políticos do ex-presidente Lula (PT), uma "vitória importante do campo progressista". A declaração foi publicada em seu perfil oficial no Twitter, na noite desta segunda-feira, após a repercussão da decisão do ministro Edson Fachin. "A reconquista dos direitos políticos pelo Presidente Lula é uma vitória importante do campo progressista que fará diferença no fortalecimento da democracia e no futuro do Brasil", declarou o governador.
O deputado federal Tadeu Alencar (PSB-PE), também comentou a anulação das condenações do ex-presidente, afirmando que "o combate à corrupção, que deve ser uma preocupação permanente da sociedade, não pode se fazer à margem da lei", já que decisão se deu em razão da incompetência da vara da justiça federal em Curitiba, quando deveria ter sido propostas e julgadas pela Justiça Federal, do Distrito Federal.
"A Lava Jato cumpriu um papel de grande relevo no combate à corrupção no Brasil, de maneira inédita alcançando os poderosos. No entanto, a se comprovarem a relação de verdadeira promiscuidade entre o órgão acusador e o julgador, entre membros do MPF, como o Deltan Dalagnol e outros, e Sérgio Moro, é um tributo ao devido processo ilegal. A imparcialidade do Juiz é um valor absoluto na legitimidade do processo e sua ausência, grave, muito grave, quando motivada por razões políticas, que levaram à interdição, por antecipação, de um dos concorrentes na eleição presidencial", declara Alencar.
Sobre as eleições de 2022 e a polarização entre o Lula e Bolsonaro, o parlamentar socialista também pondera que é preciso avaliar os efeitos dessa decisão no processo político. "A estratégia do PSB tem de ser arregimentar forças de diversos campos políticos, para uma frente ampla que se contraponha ao projeto autoritário de Bolsonaro", avalia.
"Essa é uma responsabilidade da qual não podemos abrir mão e que deveria ser a de todos - inclusive do ex-presidente Lula - que tenham compromisso com a Democracia e que sabem o mal que esse governo vem fazendo ao País", conclui Alencar.
O deputado federal Felipe Carreras (PSB-PE), não quis tecer comentários a respeito da decisão de Fachin, mas reforçou que este não seria o momento ideal para falar sobre as eleições de 2022. "A população não quer ouvir falar da eleição, porque a sua agenda é vacina e suporte dos hospitais para salvar vidas. Se dentro do partido (PSB) for colocado esse tema, não vou debater a respeito", defende Carreras.