O prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, irá se filiar ao partido Democratas. O anúncio foi feito pelo presidente estadual da sigla, Mendonça Filho, nesta quarta-feira (25). Com anúncio, Miguel oficializará sua pré-candidatura ao governo de Pernambuco, em ato marcado para o dia 25 de setembro, no Recife.
Aliás, esse foi o motivo que fez o político deixar seu antigo partido, o MDB. Coelho tinha o interesse em concorrer à cadeira do Executivo estadual, mas teve sua candidatura barrada por lideranças do MDB, como o senador Jarbas Vasconcellos e o deputado federal Raul Henry, que são aliados do PSB.
A filiação do prefeito ao DEM foi concretizada em um encontro realizado em Brasília. Além de Miguel e Mendonça, a reunião contou com a presença do presidente nacional do partido, ACM Neto.
Para Mendonça Filho, a filiação de Miguel Coelho significa um passo importante do DEM em Pernambuco. Segundo o ex-ministro da Educação, Miguel pode ser o nome ideal para liderar um novo ciclo político no Estado. "Miguel é um político e gestor jovem, talentoso e vem somar aos quadros do Democratas. É uma excelente opção para liderar um projeto de mudança em Pernambuco e tirar o estado da estagnação econômica e do domínio das forças do PSB e do PT”, afirmou Mendonça.
Miguel Coelho estava no MDB desde 2017. A saída do político do partido se deu após vetos de Jarbas Vasconcelos, senador pelo partido, e Raul Henry, deputado federal e presidente estadual do partido, à sua candidatura ao Governo do Estado. Isso porque os emedebistas têm interesse em permanecer na Frente Popular, bloco liderado pelo PSB.
No DEM, Miguel afirmou que encontra um ambiente favorável para liderar um novo ciclo político no Estado. “Estou à disposição do partido para contribuir para o regaste do protagonismo do Estado e para a construção de um novo tempo para Pernambuco. Há um sentimento de fadiga com as forças políticas que governam o Estado e um claro desejo de renovação”, declarou Miguel, que afirmou, também, defender a unidade das forças de oposição no Estado.
Além de Miguel, outros nomes do campo da direita e que compõe a oposição se colocam como pré-candidatos a governador de Pernambuco. O prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira (PL), e a prefeita de Caruaru, Raquel Lyra (PSDB), são postulantes ao cargo.
Na semana passada, Mendonça adiantou que o DEM estava de portas-abertas para Miguel, mas que ele precisaria construir um consenso com outras forças políticas em prol de viabilizar sua candidatura. Ele citou especificamente o presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo; o ex-senador Armando Monteiro Neto (PSDB) e o deputado federal Daniel Coelho (Cidadania). Todos estão hoje no palanque de Raquel Lyra.
Conversa com MDB esgotou
Na tarde desta quarta (25), o irmão de Miguel e líder da Oposição na Assembleia Legislativa de Pernambuco, Antonio Coelho (DEM), afirmou que as lideranças do MDB deixaram claro que não têm interesse em deixar a Frente Popular.
“Tentamos argumentar de forma democrática com as lideranças do MDB estadual, porque achávamos que o partido poderia fazer uma contribuição ainda maior para esse momento de Pernambuco, entretanto, esse debate foi esgotado e a gente já tem a certeza de que o MDB está decidido a preservar sua aliança com a Frente Popular”, afirmou o deputado estadual.
Antonio afirmou que o prefeito de Petrolina teria condições de fazer uma grande contribuição ao DEM, que está vivendo um momento de renovação dos quadros, de olho nas eleições de 2022, liderado por ACM Neto.
Ainda segundo Antonio Coelho, Miguel aspira liderar um projeto que não se resume a nomes de oposição e incluiria partidos de centro e centro-esquerda. A fala do parlamentar pernambucano se refere ao encontro entre Miguel e e o presidente estadual do PDT, o deputado federal Wolney Queiroz nessa terça (24).
“Existem estratégias eleitorais, uma coisa é a eleição de primeiro turno e uma eleição de segundo turno. O PDT poderia estar mais bem servido se fizesse parte de um projeto político com mais envergadura, se por exemplo tivesse nessa chapa e garantisse palanque para o seu presidenciável”, disse Coelho, em entrevista à Rádio Clube.
Racha no MDB
O racha no MDB teve início em 2017, quando o senador Fernando Bezerra Coelho, pai de Miguel e Antônio, rompeu com o PSB. Desde 2018, o grupo dos Coelhos tenta levar o partido para oposição em Pernambuco. Inclusive, nas eleições em que o governador Paulo Câmara (PSB) foi reeleito, essa tentativa de retirar o partido da Frente Popular foi parar na Justiça, que acabou favorecendo o atual presidente da agremiação, Raul Henry.
Neste ano, FBC tentou novamente retirar o partido da Frente Popular e, consequentemente, colocar Miguel como candidato ao Governo do Estado, mas não teve sucesso. No início do mês, Miguel Coelho classificou o veto de Raul Henry à sua candidatura como "uma posição pessoal" que ele teria com integrantes da Frente Popular.
"Eu tenho defendido de forma muito clara, desde o dia em que entrei no partido, que sou e estou oposição a esse grupo que aí se coloca no poder. O presidente Raul tem uma posição pessoal muito clara, da manutenção dessa parceria com a Frente Popular, da qual não concordo, pois defendo que o MDB possa romper isso, até porque ele não é partido de ser coadjuvante ou acessório em qualquer projeto, não pode ficar refém de uma única narrativa que o PSB vem querendo imprimir em Pernambuco pelos últimos anos", declarou Miguel, em entrevista à Rádio Jornal.