Entrada de Miguel Coelho no DEM promete acelerar o ritmo das decisões no bloco de oposição do Estado

Prestes a filiar-se em um partido disposto a bancar a sua postulação, o prefeito inicia uma nova fase do seu projeto, fato que deve levar os demais pré-candidatos do grupo a apressarem as definições sobre a estratégia que o coletivo adotará no pleito
Renata Monteiro
Publicado em 26/08/2021 às 20:14
NO JOGO Com um partido assegurado para lhe dar legenda, Miguel precisa convencer os demais prefeitos Foto: JONAS SANTOS/PREFEITURA DE PETROLINA


O anúncio de que o prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (MDB), vai se filiar ao Democratas no próximo dia 25 promete impor um novo ritmo às tratativas sobre as eleições de 2022 no grupo de oposição do Estado. Hoje no MDB, partido que compõe a base aliada do governador Paulo Câmara (PSB), Miguel teve o seu plano de candidatura rifado, pois a cúpula da sigla, ligada ao senador Jarbas Vasconcelos (MDB), se recusou a desembarcar da Frente Popular. Prestes a entrar em uma agremiação agora disposta a bancar a sua postulação, o gestor sertanejo inicia uma nova fase do seu projeto, fato que deve levar as outras lideranças do bloco e demais pré-candidatos a apressarem as definições sobre a estratégia que o coletivo adotará no pleito.

Com a entrada do prefeito Miguel no Democratas, o conjunto de partidos da oposição terá que dialogar para que possamos ter uma estratégia comum para garantir que as oposições serão capazes de colocar os interesses do conjunto acima dos interesses individuais. Nessa hora não há espaço para personalismos estreitos. O jogo agora vai ganhar outro ritmo”, observou o ex-senador Armando Monteiro Neto (PSDB).

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O ex-governador Mendonça Filho, presidente estadual do DEM, declarou que Miguel tem “todas as credenciais” para tornar-se o candidato do grupo, mas deixou claro que este é o momento de se intensificar as negociações no bloco, pois ainda haveria um longo caminho a ser percorrido até que um ou mais nomes sejam definidos pelos líderes da oposição para ir às urnas. “A gente tem que levar em consideração que para se viabilizar como candidato a governador não basta o apoio de um partido. Miguel tem credenciais de sobra para liderar esse projeto, se apresentar como candidato a governador e ganhar a eleição. (...) Mas isso precisa ser ampliado. Do ponto de vista do debate, a gente precisa levar em consideração a força política de Raquel em Caruaru, no Agreste, o mesmo com relação a Anderson, em Jaboatão, para que a gente possa ter uma boa construção, uma construção que some. A gente precisa cuidar de trabalhar e eu clamo pela unidade das forças de oposição, pois se ela sair fracionada, dividida, esse será um convite à vitória dos nossos adversários”, afirmou o democrata à Rádio Jornal Petrolina.

Durante a tarde, em entrevista à Rádio CBN Recife, Miguel Coelho disse estar pronto para encabeçar uma chapa pela oposição, afirmou que não é candidato de si mesmo e reforçou o discurso da necessidade de unidade no bloco. “A palavra de ordem é união, não cabem aqui projetos pessoais. Cabe um projeto coletivo, de mudança, precisamos estar todos com o olhar voltado para o futuro, para poder devolver a esperança e inspirar os pernambucanos para um futuro melhor”, declarou, na ocasião.

Questionado se aceitaria fazer parte da majoritária, porém na condição de candidato a vice-governador, Miguel preferiu não responder diretamente, limitando-se a afirmar que, caso não esteja na cabeça da chapa, irá “apoiar” o postulante escolhido pelo coletivo. “O que eu tenho colocado para todos os atores políticos da oposição é que eu estou trabalhando para viabilizar a construção desse projeto liderado agora pelo DEM, e coloco o meu nome à disposição para ser avaliado por todos os membros. Mas se por alguma razão Miguel não puder ser o candidato, que seja Anderson, Raquel, Lupércio ou quem for, Miguel está pronto para apoiar. Não se pode iniciar um debate como esse querendo apoio sem querer dar apoio. A reciprocidade é exigência 01 para começar. Eu não estou preocupado em ocuparmos as outras vagas da chapa, até porque quem vai fazer essas escolhas é o líder”, disse.

FBC

Uma possível candidatura de Miguel ao governo estadual também interferiria diretamente no futuro eleitoral do pai dele, o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB), que concluirá o mandato em 2022. O parlamentar está atualmente no MDB, mas faz oposição ao PSB. Nos últimos meses, se chegou a especular uma possível retomada da aliança de FBC com os socialistas, o que possibilitaria que ele tentasse a reeleição pela Frente Popular, mas a filiação de Miguel ao DEM parece ter sepultado de vez esse cenário.

Segundo Mendonça Filho, a ida de FBC para o DEM estaria sendo negociada, mas se Miguel se firmar como postulante ao Palácio do Campo das Princesas, o espaço para o senador na majoritária da oposição ficaria comprometido. De acordo com Miguel, porém, entrar na disputa no ano que vem não é uma preocupação para o parlamentar, que tem inclusive cogitado não ir às urnas.

“O senador tem me ajudado bastante a sedimentar e construir esse caminho de unidade e união do novo campo político que queremos construir, não apenas com os partidos que hoje estão no bloco de oposição, mas com outros que queiram migrar para esse novo polo. Ele tem peso importante nesse projeto e está disposto a nem sequer disputar eleição para viabilizar esse projeto. (...) O senador já tem 40 anos de vida política, já foi prefeito, ministro de Estado, senador, deputado federal, deputado estadual, secretário de Estado. Deu a sua contribuição para o povo de Petrolina e para o povo pernambucano e já disse que não haverá dupla candidatura federal no nosso grupo político”, detalhou Miguel. Fernando Filho (DEM), irmão do prefeito e filho de FBC, é deputado federal e vai tentar a reeleição no ano que vem.

PSDB terá a melhor via para o futuro do Brasil, diz João Doria

Com viagem marcada para Pernambuco no próximo sábado (28), o governador de São Paulo e pré-candidato à Presidência da República João Doria (PSDB) projeta nas prévias do PSDB a definição do nome da terceira via que poderá, na sua avaliação, romper com a polarização que se desenha para as eleições presidenciais de 2022. 

"Eu estou convencido que o vitorioso dessas prévias será fortalecido justamente porque fez prévias, porque tem visibilidade nós estados brasileiros e tem praticado o debate. Então, teremos sim não só uma terceira via, como a partir de novembro teremos a melhor via para o futuro do Brasil", afirmou o governador em entrevista à Rádio Jornal Caruaru na manhã desta quinta-feira (26). 

O governador paulista cita um dado de uma pesquisa divulgada no início de julho pelo Instituto Datafolha com a intenção de voto para 2022. Ele faz o cálculo de 52% dos entrevistados que não votariam nem no presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nem no ex-presidente Lula (PT). Esse percentual corresponde à soma dos que, na parte da pesquisa espontânea, disseram que estão indecisos, os que votariam em branco ou nulo e os que votariam em outros candidatos. 

"Não querem nem Lula nem Bolsonaro, querem uma outra opção, uma opção motivadora, uma opção que resgate o direito dessas pessoas de viverem em paz. Nós não podemos viver em um conflito permanentemente", disse o tucano. 

Estatisticamente, porém, esse cálculo não pode ser feito. Primeiro porque nem todos os demais candidatos vão se unir numa mesma candidatura e, mesmo que isso ocorresse, não é possível garantir 100% de transferência de voto. Segundo que os indecisos costumam se distribuir em percentual parecido com os já decididos, de acordo com a literatura da Ciência Política. Terceiro que quem optou por branco ou nulo indica que não quer votar em Bolsonaro, Lula ou em nenhum dos demais pré-candidatos, incluindo o próprio Doria.

Mas antes de pensar em disputar o título de terceira via - que é disputado também por nomes como Ciro Gomes - Doria é um dos muitos tucanos que se colocam para as prévias do PSDB, que estão marcadas para o dia 21 de novembro.

A lista conta com o senador Tasso Jereissati (PSDB), o ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB) e o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, seu principal oponente. 

Eduardo Leite, inclusive, esteve no Recife e em Caruaru há duas semanas, também em pré-campanha. Na ocasião, ele atribuiu as múltiplas candidaturas do PSDB à democracia interna do partido, linha semelhante à adotada por Doria. 

Na entrevista, João Doria fez questão de citar um a um os adversários e seus predicados, mas descreveu Eduardo Leite apenas como "jovem governador". 

"Certamente teremos (uma opção) ao final desse processo das prévias do PSDB, do qual participo, ao lado de outros ótimos candidatos, como Arthur Virgílio, ex-senador da República pelo seu estado do Amazonas, ex-prefeito também de Manaus, uma figura exemplar do ponto de vista humano, do ponto de vista político, Tasso Jereissati, senador da República do seu estado do Ceará, ex-governador do estado do Ceará, uma figura que dignifica a biografia do Congresso Nacional e ele dignificou a biografia do seu estado, sendo um excelente governador reeleito pelo seu estado, e o jovem governador Eduardo Leite do Rio Grande do Sul", pontuou. 

Programa

Neste período de pré-campanha, João Doria leva consigo várias ações implementadas nos seus dois anos e meio no Governo de São Paulo tentar viabilizar o seu nome na disputa interna do PSDB. Ele disse que conseguiria convencer os tucanos de que é a opção mais viável para disputar o Palácio do Planalto com propostas "e a realidade que fazemos aqui em São Paulo". 

Ele cita o programa Pró-Nordeste, estruturado nas áreas de educação, saúde pública, geração de emprego e renda e proteção social. "Quando eu assumi em janeiro de 2019, nós tínhamos 363 escolas de tempo integral.  Agora nós temos 1.858 escolas de tempo integral e serão 2 mil até o final deste ano para o ano letivo do ano que vem", afirmou o governador, atribuindo a educação como a prioridade número um do seu programa de governo. 

A segunda prioridade é a empregabilidade, defende ele. "Como fazer isso? Primeiro com uma política de desestatização, permitindo que o capital privado assuma tarefas que foram do setor público gerando empregos principalmente no setor de infraestrutura, na construção civil, no setor de estradas, ferrovias, metrôs, portos e aeroportos e outras atividades onde o setor privado tem recursos e tem vontade de investir em todo o Brasil, especialmente na região Nordeste", disse Doria. 

Outro ponto são as políticas de assistência social adotadas no estado, que vão desde um auxílio de R$ 100 a R$ 535 para famílias em situação de vulnerabilidade até a distribuição de uma cesta de 25 kg de alimentos e distribuição de vale gás.

Doria ainda fez questão de comparar o valor do auxílio com a quantia oferecida pelo Bolsa Família do governo Bolsonaro. "Aqui o bolso do povo oferece de 100 até 535 para famílias vulneráveis, famílias de pessoas que ficaram desempregadas e mais empobrecidas no período dessa triste crise da pandemia do covid-19. Não são os 200 reais do governo federal, que são bem vindos, aqui tem 535 reais para famílias vulneráveis", disse o presidenciável. 

Pernambuco

Doria chega no próximo sábado (28) em Caruaru, no Agreste de Pernambuco, cidade comandada pela sua correligionária Raquel Lyra (PSDB), que também é presidente estadual do partido. No mesmo dia, ele vai até o Recife para um encontro com o governador Paulo Câmara (PSB). 

"Eu aproveito para dar o meu abraço ao governador Paulo Câmara com quem estarei no sábado, ao prefeito João Campos com quem eu falei ontem, prefeito do Recife, ele não estará lá neste final de semana, ele estará aqui em São Paulo, mas na outra semana nós já vamos nos encontrar", afirmou Doria na entrevista. 

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