Todos os partidos políticos do País terão de 20 de julho até 5 de agosto para realizar convenções e definir quais candidatos os representarão nas urnas em 2022. Após o fim desse período, se inicia um novo momento da fase pré-eleitoral, que passa pela divisão do tempo de rádio e TV (12/8), registro de candidaturas (15/8), até o começo oficial da campanha, em 16 de agosto.
Até aqui, a menos de um mês para a realização dos eventos partidários, os pré-candidatos pernambucanos ao Palácio do Campo das Princesas já rodaram o Estado para se apresentar ao eleitorado, costuraram alianças e anunciaram companheiros de chapa, mas cada um construiu uma trajetória particular.
Liderando as principais pesquisas divulgadas nos últimos meses, a deputada federal Marília Arraes (SD) foi uma das poucas postulantes que já apresentou a sua chapa completa, com pré-candidatos ao Senado e a vice-governador, os deputados federais André de Paula (PSD) e Sebastião Oliveira (Avante), respectivamente. Entre os cinco nomes mais lembrados pelos eleitores em pesquisas de intenção de voto, ela foi a única a divulgar esses nomes.
A ex-petista chega ao período de convenções com duas siglas que deixaram a base do governo para aliar-se a ela, PSD e Avante. Além desses partidos, o PROS e o Agir 36 também estarão ao lado da pré-candidata durante a campanha deste ano.
Se por um lado Marília já colocou todas as suas cartas na mesa, Raquel Lyra (PSDB) tem se mostrado mais discreta e ainda não divulgou quem vai compor a sua chapa como senador ou vice. Na visão do ex-senador Armando Monteiro (PSDB), aliado de primeira hora da ex-prefeita de Caruaru, a estratégia de Raquel não deve ser vista como um problema ou atraso.
“Eu não acho que o fato de Raquel não ter apresentado os demais pré-candidatos a atrapalhe de alguma forma, pois ela tem quadros para ocupar essas posições. Não é uma demora que decorra da falta de opções Agora há o tempo da política, as posições têm que ser amadurecidas, existe a expectativa de ampliação das alianças e, nesta perspectiva, não se pode fechar logo a chapa. Essas conveniências de natureza política aconselham que se espere mais. Quem tem tempo não tem pressa”, avaliou o tucano. Até o momento, apenas o Cidadania declarou apoio à postulação da ex-gestora.
Ainda que Raquel Lyra não tenha divulgado a composição da própria chapa, comenta-se nos bastidores que ela já estaria montada, contando com a deputada estadual Priscila Krause (CID) na vice e com Armando na vaga ao Senado. O ex-senador diz ser “muito provável” a presença de Priscila na majoritária, mas evita se colocar no arranjo, embora não descarte participar da disputa caso seja convocado. “Eu não posso dizer que não teria condições de examinar uma proposta como essa. Estou vivo, tenho saúde, mas os meus planos não apontam nessa direção”, afirmou Armando.
Pré-candidato do PSB à sucessão do governador Paulo Câmara, Danilo Cabral herdou, com a indicação do seu nome para a disputa, uma amplo leque de partidos aliados. Apesar das baixas que ocorreram na Frente Popular, o deputado federal participou da costura de uma importante nova aliança, que trouxe o PT de volta à coligação, e vai poder contar com antigas parcerias, como a que os socialistas possuem com o MDB de Pernambuco.
O retorno do PT à base trouxe, inclusive, a pré-candidata do grupo ao Senado, a deputada estadual Teresa Leitão (PT). O trabalho do postulante a governador concentra-se, agora, na identificação de um nome para ocupar o posto de vice, espaço que pode ser preenchido pela atual vice-governadora do Estado, Luciana Santos (PCdoB).
Após deixar claro que gostaria de dividir a chapa com uma mulher na vice, Miguel Coelho (UB) indicou nesta semana a deputada estadual Alessandra Vieira (UB) para a posição. Agora, disse o ex-prefeito de Petrolina, ele vai se empenhar em encontrar a pessoa que melhor se encaixe no perfil que ele procura para o seu pré-candidato à Câmara Alta, seja no seu partido, o União Brasil, ou em uma das outras siglas que integram a sua base.
“O Podemos tem nomes (que podem ser indicados ao Senado), o PSC tem nomes, o Patriota tem nomes, mas esse candidato pode vir de outro partido até a convenção, então eu não quero fechar essa porta agora, acho que é prematuro. A gente tem tempo, até o dia 5 de agosto. Vamos rodar Pernambuco, apresentar Alessandra como a nossa vice-governadora, para que a gente possa chegar mais fortalecido na convenção”, destacou Miguel.
Outro pré-candidato a dizer que faz questão da presença feminina na sua vice foi Anderson Ferreira (PL). Assim que anunciou que participaria da disputa pelo Governo de Pernambuco, o ex-prefeito de Jaboatão dos Guararapes afirmou que iria apoiar Gilson Machado (PL) para o Senado, mas até o momento não houve uma definição do seu grupo político com relação à vice.
"A nossa chapa, do PL, está definida desde o início de abril, com a presença de Gilson Machado como pré-candidato ao Senado. Quanto à vice, apesar de ser uma construção ampla, não escondo minha preferência por uma mulher na posição e tenho feito movimentações nesse sentido, mas esse nome não vai ser definido nem anunciado nos próximos dias", pontuou o liberal, por nota.
Sem o apoio oficial de nenhum partido até agora, Anderson disse no texto que tem conversado com algumas legendas, e que apesar de outros pré-candidatos agirem como se as alianças já estivessem firmadas, a formalização desses arranjos só poderá ser feita nas convenções. "Muita coisa que aparenta estar resolvida pode mudar, com a possibilidade até de não se confirmarem pré-candidaturas que estão até então aí colocadas. A gente vai seguir conversando com muita tranquilidade e maturidade até o último minuto, quando, aí, sim, iremos anunciar a vice e eventuais apoios políticos e partidários", frisou o ex-prefeito.
Na avaliação da cientista política Priscila Lapa, nesta fase da corrida eleitoral, o principal desafio dos pré-candidatos é conseguir se destacar diante do eleitorado. "Quando há uma profusão de candidaturas de oposição, há uma dificuldade de constituição de palanques robustos por todas essas pessoas. Por isso que prevalecia originalmente a tese de que o melhor cenário para a oposição seria que ela saísse unida, para garantir que ela chegaria de forma fortalecida no segundo turno", explicou a docente.
Priscila conta, ainda, que apesar de a popularidade do governador Paulo Câmara não estar na sua melhor fase, as características de uma eleição para o Executivo estadual fazem com que o candidato do gestor, Danilo Cabral, ainda tenha chances de ganhar fôlego até o pleito, embora esteja somando agora cerca de 10% das intenções de voto.
"Historicamente, em uma eleição de governador o cabeça de chapa precisa ser alguém competitivo, que tenha abrangência no Estado, mas é necessário que você tenha um palanque irrigado por outras forças políticas que possam trazer recursos do fundo eleitoral, inserção em outras regiões, e a gente vê claramente que as pré-candidaturas de oposição estão passando por essa dificuldade de arrumação. (...) Por isso eu continuo achando a candidatura de Danilo Cabral extremamente competitiva. Porque apesar do desgaste da imagem e de todas as perdas da Frente Popular, ele tem esses ingredientes políticos, tem penetração na Região Metropolitana e no interior, e tem forças políticas constituídas que podem tornar essa multiplicação dos votos em todo o Estado mais competitiva. Do mesmo jeito que Marília também tem esse movimento", observou a estudiosa.