Em reunião, na noite dessa segunda-feira, o Conselho Deliberativo do Náutico discutiu a acusação de assédio sexual e moral da ex-diretora Tatiana Roma contra o ex-superintendente financeiro Errisson Melo. Após um longo debate, os conselheiros decidiram que a Comissão de Ética irá estudar a possível exclusão do ex-funcionário do quadro de sócios. A informação foi confirmada pelo vice-presidente do órgão, Pablo Vitório, em entrevista ao Blog do Torcedor.
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Pablo Vitório presidiu a reunião diante do fato de que o presidente Alexandre Carneiro se considerou parte envolvida para coordenar as ações. Ele explicou que não existe um prazo para a Comissão de Ética finalizar os trabalhos, mas a ideia é colocar em votação no plenário do Deliberativo o quanto antes.
“O Conselho Deliberativo decidiu que é da sua competência julgar o caso. Agora, a Comissão de Ética vai começar a trabalhar a partir da próxima semana. Ouvir a Tatiana, o Errisson, outras testemunhas e depois o caso vai para votação no plenário do Conselho", afirmou Pablo Vitório.
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"Não existe um prazo específico no nosso estatuto, mas queremos gerar logo uma resposta. Se o plenário decidir, ele (Errisson Melo) pode ficar até oito anos proibido de integrar o quadro de sócios do Náutico”, completou o vice-presidente do Conselho Deliberativo.
INSATISFAÇÃO
Procurada pela reportagem, a ex-diretora Tatiana Roma não ficou satisfeita com o resultado da reunião. Na opinião dela, o Conselho Deliberativo não pode tomar grandes medidas em relação ao caso. Isso porque o acusado já foi demitido pelo Executivo. Ela ainda revelou que, no encontro entre os conselheiros, foi lida uma carta do presidente Edno Melo, onde ele diz que não tem capacidade de julgar o caso, pois o superintendente é seu irmão. O Blog do Torcedor teve acesso ao texto enviado pelo mandatário alvirrubro e ele também admite que errou na condução do processo após a denúncia.
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Tatiana Roma foi a primeira mulher que realizou as denúncias contra o ex-superintendente financeiro. Logo depois dela, outras ex-funcionárias tomaram a mesma atitude. Uma adolescente de 15 anos chegou a prestar queixa na Polícia Civil contra o acusado, onde ela diz que foi abusada, quando tinha 14 anos.
"Essa reunião para mim, deixei clara a minha posição nela, não teve sentindo de acontecer. A única punição que o Conselho poderia definir ao acusado era a demissão dele. Como ele já foi demitido, o Deliberativo não pode punir mais de alguma forma. No início da reunião, foi lida uma carta do presidente Edno Melo, onde ele se diz impedido de julgar e pede isso ao Conselho Deliberativo. Foi lido que o acusado pediu afastamento das funções de sócio até o processo terminar na Justiça. Sou contra a esse pedido do Conselho julgar o afastamento do sócio", comentou a ex-diretora.
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Tatiana não escondeu a revolta com a postura adotada pelo presidente Edno Melo na carta lida no Conselho Deliberativo. Para a ex-diretora da mulher e de operações do Náutico, o mandatário do Timbu também deveria pedir o afastamento do cargo que ocupa até o final deste ano. Ela reiterou a insatisfação com o resultado da reunião entre os conselheiros sobre a denúncia.
"O estatuto é muito claro. Ele deixa essa decisão na mão do presidente do Executivo. Disse na reunião e repito agora. Se o presidente do Executivo se declara impedido para julgar o acusado, por que ele não se declarou impedido para realizar a contratação ou quando chegou a denúncia, ele não se afastou de imediato, visto que estava impedido de julgar? Ele fechou um acordo comigo, mesmo o acusado sendo familiar dele. Então, se ele se declara impedido hoje, deveria se declarar impedido antes", declarou.
"Mesmo se declarando impedido hoje, ele (Edno Melo) está se declarando impedido das funções de presidente do Executivo. Então, a minha opinião é que ele tem que se afastar da posição de presidente e outra pessoa assuma a função. Hoje, seria o vice-presidente e que o caso possa ser julgado. E não jogar isso para o Conselho. Na verdade, não existiu uma decisão factível. O que houve foi uma decisão de que compete ao Conselho, que se vai abrir um processo na Comissão de Ética e ele será julgado. Não fico satisfeita com reunião, pois não gerou nenhuma decisão prática sobre o caso", completou Tatiana Roma.
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