CRIME

'Serial Killer' de Brasília: tudo que se sabe sobre o caso após uma semana

Maníaco é perseguido por 200 policiais após matar uma família

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Do jornal Correio para a Rede Nordeste

Publicado em 15/06/2021 às 13:29 | Atualizado em 16/06/2021 às 17:06
Lázaro tem 32 anos e uma longa ficha criminal que inclui homicídio, estupro, roubo, latrocínio e porte ilegal de arma de fogo. - Divulgação

Nesta terça-feira (15) completa uma semana desde que uma equipe com mais de 200 policiais procura Lázaro Barbosa, baiano que ficou conhecido como o "Serial Killer de Brasília" - termo utilizado por internautas para se referir sobre o caso -, após matar quatro pessoas da mesma família no Distrito Federal.

Na busca, policiais estão a pé, usando cães e cavalos. Eles também cercaram a mata entre o DF e o Entorno de Goiás, usando drones e um helicóptero.

 

Ao todo, 34 propriedades rurais estão ocupadas pela polícia para garantir a segurança dos moradores, que estão em pânico, e encontrar o suspeito.

 

Quem é Lázaro Barbosa, serial killer de Brasília


Lázaro tem 33 anos e uma longa ficha criminal que inclui homicídio, estupro, roubo, latrocínio e porte ilegal de arma de fogo.

Ele nasceu em Barra do Mendes, no sudoeste da Bahia. Lá ele iniciou sua vida criminosa e cometeu os primeiros assassinatos, ainda em 2007, quando tinha 19 anos.

Em uma de suas passagens pela polícia, em 2013, ele respondia por roubo, porte de arma de fogo e estupro.

As autoridades realizaram um laudo criminológico para investigar o perfil psicológico do suspeito. O relatório, divulgado, pelo G1, apontou que o maníaco tem características de personalidade como "agressividade, ausência de mecanismos de controle, dependência emocional, impulsividade, instabilidade emocional, possibilidade de ruptura do equilíbrio, preocupações sexuais e sentimentos de angústia".

O documento aponta ainda que caso Lázaro Barbosa fosse "inserido no contexto social e ambiental ao qual pertencia antes de sua reclusão, provavelmente retornará a delinquir."

O laudo criminológico ainda indicava que Lázaro "tinha consciência de sua atitudes" e que, apesar de "assumi-las e perceber o sofrimento causado em terceiros (passos importantes no processo de ressocialização), percebe-se que todos os crimes cometidos estão diretamente relacionados a dependência química, fato do qual o periciando não tem autocontrole, haja vista uso abusivo de bebida alcoólica antes de sua reclusão e vício no crack após a prisão."

A conclusão dos três psicólogos que assinam o laudo foi que antes de conceder qualquer benefício, "com o objetivo de promover um retorno saudável do indivíduo ao convívio social, tanto para si quanto para a coletividade" seria necessário o acompanhamento psicológico de Lázaro, "de forma regular e frequente".

Além disso, o grupo indicou que Lázaro fosse incluído em grupos de ajuda "tanto para dependentes químicos quanto para abusadores sexuais".

O documento ainda destaca que Lázaro teve o desenvolvimento psicossocial prejudicado por agressão familiar, uso abusivo de álcool e outras drogas, falecimento de familiar, abandono de atividades escolares, trabalho infantil e situação financeira precária.

 

Quais crimes o serial killer de Brasília cometeu


A saga de Lázaro começou no dia 9 de junho, quando ele matou uma família em Ceilândia, no Distrito Federal. Naquele dia, de acordo com o Correio Braziliense, o suspeito invadiu uma casa. Lá, ele matou Cláudio Vidal, 48, e os dois filhos, Gustavo Marques Vidal, 21, e Carlos Eduardo Marques Vidal, 15.

Após o triplo homicídio, ele fugiu levando a empresária Cleonice Marques, 43, refém. No entanto, a mulher conseguiu ligar para o irmão, que chegou à casa e encontrou os três corpos no chão, mas suspeito já tinha fugido levando a refém.

 

Família Marques Vidal - Reprodução

Cleonice foi encontrada morta três dias depois, no sábado (12). O corpo estava em um córrego próximo a Sol Nascente, também no Distrito Federal. O cadáver estava sem roupa e com diversos cortes.

Logo após a morte da família, Lázaro Barbosa começou sua saga fugindo da polícia. O baiano é conhecido por ter grande capacidade de sobreviver na mata e pela sua habilidade de fugir das autoridades.

Logo na manhã do dia seguinte, quinta-feira (10 de junho), o homem teria invadido uma casa que fica a 3km do local onde o triplo homicídio foi cometido. Lá, de acordo com o Correio Braziliense, ele teria colocado Sílvia Campos, 40, proprietária da chácara, e o caseiro, identificado como Anderson, 18, na mira de seu revólver por 3 horas.

No local, ele teria obrigado os dois a fumarem maconha. Antes de fugir, ele roubou R$ 200, uma jaqueta, celulares e carregador.

No terceiro dia de fuga, Lázaro fez mais um refém e roubou um Fiat Pálio em Ceilândia. Com o carro, ele se dirigiu a Cocalzinho, desta vez em Goiás, onde abandonou e incendiou o veículo.

As investigações apontam que lá se encontrou com um comparsa que o ofereceu suporte.

Já no sábado (12) ele teria passado a tarde bebendo e se divertindo em uma chácara próxima à Lagoa Samuel. Lá o suspeito fez o caseiro refém. O serial killer também o obrigou a fumar maconha. Antes de fugir novamente, Lázaro destruiu o carro do refém.

Após deixar essa casa, ele foi para outra chácara, onde baleou três homens e roubou duas armas de fogo. Uma das vítimas era Thiago, que em entrevista ao Correio Braziliense deu mais detalhes de como o crime ocorreu.

"Estávamos conversando, quando ele chegou invadindo, por volta das 19h, e atirando. Meus dois amigos ficaram muito feridos e eu fui baleado na perna", contou ele enquanto saia do hospital com um ferimento na perna.

Os outros dois homens foram socorridos pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e transferidos para Anápolis (GO), em estado grave.

"Estou bem, mas vou passar no Hospital de Anápolis para ver meus amigos", disse ao Correio Braziliense. Thiago deu algumas características do suspeito. "Ele é alto, magro, moreno, estava de barba e vestindo bermuda", completou.

No final daquela noite, a polícia o encontrou e quase o prendeu. Houve troca de tiros, mas o suspeito conseguiu escapar enquanto ateava fogo a uma casa em Cocalzinho, interior de Goiás.

Na tarde deste domingo (13), o foragido furtou um outro carro, também em Cocalzinho (GO), e abandonou o veículo, um Corsa vermelho, após avistar um ponto de bloqueio montado pela polícia.

No interior do automóvel, foi encontrado um carregador de munições. Policiais iniciaram uma intensa busca pela mata, usaram cães farejadores, drones e helicópteros.

Diversas viaturas estão em busca do paradeiro de Lázaro - Divulgação
 

Onde está Lázaro, o serial killer de Brasília


O última localização conhecida de Lázaro é em Edilândia, interior de Goiás. Lá, nesta segunda-feira (14), ele teria trocado tiros com um caseiro de uma chácara. O trabalhador disse que o baiano foi atingido por um disparo.

De acordo com o porta-voz da PMDF, major Michello Bueno, a área está cercada e a polícia espera prender Lázaro com brevidade. "Ele conseguiu fugir. A gente não sabe se ele está baleado. Acreditamos que vamos pegá-lo em breve", disse.

 

Um dos esconderijos achados pela polícia - PC/DF

Onde atua Lázaro Barbosa, o serial killer de Brasilia


Por estar fugindo, até onde se sabe, à pé, o campo de atuação de Lázaro está limitado ao Distrito Federal e seus arredores, no estado de Goiás. Ele já foi visto em Cocalzinho de Goiás, Águas Lindas de Goiás, Edilândia, Ceilândia e em Pirinépolis.

Onde nasceu Lázaro Barbosa, o serial killer de Brasília
Lázaro Barbosa é natual de Barra do Mendes, no sudoeste da Bahia. A população de lá conhece bem o histórico criminal do maníaco e está com medo de um eventual retorno.

Crime passional: 'Serial killer' procurado no DF matou dois homens ao perseguir adolescente na Bahia

“A família dele ainda tem terras aqui, uns sítios e uma certa vez, ele havia dito ao pai, que o sonhava em voltar para Melancia e tomar conta do que era dele. É por isso que todos estão com medo”, contou um morador, se referindo ao distrito onde Lázaro vivia.

Um áudio que teria sido feito pelo próprio pai de Lázaro pede que as pessoas tomem cuidado. “Está circulando nos grupos uma gravação do pai dele dizendo que o filho não tem mais jeito, não tem salvação, que para ele só a morte, que o filho pode voltar para Melancia e que por isso as pessoas tomem muito cuidado e acionem a polícia”, relatou.

Por conta dessa possibilidade, os moradores não estão saindo de suas casas à noite. “Está todo mundo aflito. Todo mundo achava que ele teria sido morto pela polícia há mais tempo. Estávamos sossegados até agora. Ninguém está saindo de casa sozinho à noite. As pessoas estão se trancando cedo. Ninguém está indo para a zona rural, porque tem que passar pelas serras, região que ele gostava de ficar. O medo é tão grande, que o povo está correndo só em cruzar à distância com qualquer homem moreno e de cabelo preto”, disse a moradora.

 

Quais crimes o serial killer de Brasília cometeu na Bahia


O matador fez suas primeiras vítimas em 2007, quando perseguia uma garota por quem havia se apaixonado. Dois trabalhadores rurais tentaram ajudar a moça e acabaram mortos. Nas redes sociais, o baiano está sendo chamado de “serial killer do DF”.

À época, Lázaro passou quase 15 dias escondido numa serra enquanto policiais tentam capturá-lo. A capacidade de ele se esconder, aliada à violência dos crimes, criou um boato na cidade de que Lázaro havia feito um pacto com o diabo. Sendo verdade ou não, a Polícia Civil informou que o acusado do duplo homicídio foi preso na ocasião do crime, após se apresentar na delegacia. “Ele conseguiu fugir cerca de 10 dias depois, sendo considerado foragido desde então”, diz nota da polícia.

Até então, o que há de concreto sobre a ficha criminal de Lázaro é que, além das mortes em Barra do Mendes, o o assassino matou quatro pessoas de uma mesma família em Ceilândia no último dia 9 de junho e baleou outra pessoas em Goiás três dias depois.

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