Novo episódio gera temor por ano de mais violência no futebol pernambucano

Náutico, FPF, Ministério Público e PM falaram da confusão nos arredores dos Aflitos
Diego Toscano
Publicado em 17/01/2019 às 7:41
Náutico, FPF, Ministério Público e PM falaram da confusão nos arredores dos Aflitos Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem


O jogo era simbólico: a reabertura oficial dos Aflitos, voltando a receber jogos após cinco anos. Mas a derrota do Náutico por 3x1 para o Fortaleza, na estreia da Copa do Nordeste, na última terça, ficou em segundo plano. Novamente a violência tomou as manchetes esportivas. Assim como em 2013, na tragédia do torcedor Lucas Lyra na Avenida Rosa e Silva, ou no ano seguinte, com a morte do torcedor Paulo Ricardo do lado de fora do Arruda, a nova confusão nos arredores de um estádio pernambucano levanta o questionamento: teremos mais um ano terror das organizadas no Recife?

Na última quarta (16), quem indicou que vai tomar medidas mais energéticas para tentar evitar a barbárie em dias de jogos foi o Náutico. “Graças a Deus não tivemos nada de mais grave, mas essa situação de torcida organizada já deveria ter acabado há muito tempo no Brasil, não só em Pernambuco. O Náutico vai solicitar, via federação, que os clássicos e os jogos de maior relevância na Copa do Nordeste sejam feitos com torcida unida”, afirmou o presidente Edno Melo.

Muito criticada pela escolha do caminho da escolta dos torcedores do Fortaleza para os Aflitos, a Polícia Militar de Pernambuco afirmou que 'agiu com o rigor necessário’. Segundo relatos, a PM levou a torcida do time visitante até a Avenida Rosa e Silva, e não pela entrada dos visitantes, na Rua Manuel de Carvalho, o que levou ao confronto entre pernambucanos e cearenses nos arredores do estádio.

“(A Polícia Militar) agiu com o rigor necessário, dispersando os agressores e detendo suas principais lideranças. Ontem (terça, 15), apesar de a maior parte dessas pessoas terem sido escoltadas para o estádio, uma parte delas conseguiu dar início a um tumulto, por volta das 19h20, em frente aos Aflitos. De imediato, o efetivo do 13º BPM agiu, dispersando os desordeiros e não havendo registro de mais nenhum confronto na área externa”, escreveu a PM em nota, afirmando também que deteve oito torcedores (sete oriundos do Ceará) nas confusões antes, durante e depois a partida.

Já o Ministério Público está aguardando a apuração total dos fatos para poder entrar em ação. Ao JC, o promotor do Juizado do Torcedor, José Bispo, revelou que até hoje deverá receber todas as informações da Polícia Militar sobre os incidentes. Isso porque, até o momento, apenas algumas informações generalizadas foram recebidas.

“Iremos tomar novas medidas de prevenção, mas preciso saber o que de fato aconteceu. Estou no aguardo dos relatórios da Polícia Militar junto com os TCOs (Termo Circunstancial de Ocorrência) para poder agir. Preciso entender bem o que foi que existiu. Inicialmente, o que estou sabendo é do confronto e que houve violência, mas que não existiu prisão” disse.

FEDERAÇÃO

Assim como o Ministério Público, o presidente da FPF, Evandro Carvalho, ainda espera receber mais informações detalhadas da PM antes de tomar um posicionamento. Mas já sinaliza que é adepto de leis mais rígidas para evitar violência nos estádios. “Toda violência é reprovável. O estado do Ceará agora está um caos. O Rio Grande do Norte também. Dentro desse contexto é necessário melhorar a legislação, que é frouxa e inadequada e não pune ninguém. Todo mundo sabe que sou a favor de baixar a idade mínima, com prisão mínima de quatro anos de reclusão em regime fechado. Pena de morte. Uma série medidas que quem está não poder não tem coragem de executar”, observou Evandro Carvalho.

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