Igor Maciel, da coluna Pinga Fogo*
Num mesmo palco, com o orador ao centro, reuniram-se parlamentares de todas as vertentes ideológicas. O senador Humberto Costa (PT), ao lado dos deputados Bispo Ossésio (Republicanos) e Raul Henry (MDB), com Sílvio Costa Filho (Republicanos) mais a frente, acompanhava atentamente.
Na outra ponta, o ex-ministro Mendonça Filho (DEM) e o deputado João Campos (PSB), como na cumplicidade de um mesmo palanque (que não compartilham), escutavam cada palavra. O orador, Rodrigo Maia (DEM), homenageado pelo setor sucroalcooleiro, é o presidente da Câmara, segundo alguns, alçado à posição de estadista não pela liderança mas pela sobriedade rara em tempos políticos cada vez mais estranhos.
Pode não ser um grande articulador, mas inspira confiança. Pode não ser um grande líder, mas passa sensatez. É sensato na hora de criticar Bolsonaro, mas também para reconhecer que é possível avançar gostando ou não dos métodos, se é que eles existem, do Presidente da República e de sua equipe, mantendo viva a esperança na política. Maia tem defeitos para quem busca algo além da sensatez morna, servida na inquietude de um franzir de testa constante.
*Igor Maciel é titular da coluna Pinga Fogo, do Jornal do Commercio
Em visita ao Complexo Administrativo de Jaboatão dos Guararapes, em Pernambuco, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) criticou o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, por ter dito que seria preciso “estudar como fazer” em referência à polêmica declaração do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) sobre um novo AI-5, medida mais dura da ditadura militar.
Rodrigo Maia também fez críticas à atuação da equipe econômica do presidente Jair Bolsonaro (PSL). As declarações do democrata foram dadas durante almoço de homenagem à sua atuação em defesa do setor da cana-de-açúcar no Nordeste, neste segunda-feira (4).
Maia contou que recebeu na residência oficial, em Brasília, representantes dos ministérios da Agricultura e da Economia para uma conversa sobre o etanol. "Tudo o que eu falava, ele [o representante da pasta da Economia] dizia que eu não tinha compreendido bem. Na terceira, eu me irritei e falei 'vamos fazer o seguinte: já que eu sou burro e você é inteligente, eu fico com a minha posição, você com a sua e nós vamos derrubar a decisão do governo na próxima semana no parlamento, não tem problema", narrou.
Apesar de reforçar sua admiração pelo ministro Paulo Guedes, Maia afirmou que a pasta da Economia está cheia de "professor de Deus". "Ali, na equipe econômica, tem muito professor de Deus, esse é o problema muitas vezes das equipes econômicas. Todo mundo sabe aqui da minha admiração pelo ministro, mas de fato as equipes econômicas têm duas visões, uma liberal na economia e outra de arrecadação para o Tesouro. E elas acham que a sociedade é capaz de aceitar tudo e de passar por todas as dificuldades por uma boa tese dos economistas brasileiros", disse. "Nós [os parlamentares] vivemos a vida real", disse Maia durante pronunciamento.