A Coluna Mobilidade está percorrendo alguns dos principais eixos rodoviários da Região Metropolitana do Recife na série de reportagens JC nas Estradas. A proposta é mostrar os gargalos viários, o impacto da transformação de muitas dessas estradas em avenidas urbanas para a população. Para validar as visitas, conta com a parceria de engenheiros do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-PE).
Muita gente não vai lembrar, mas a Avenida Belmino Correia (rodovia PE-005), via estrutural do município de Camaragibe e também importante para a cidade vizinha São Lourenço da Mata, na Zona Oeste do Grande Recife, deveria ter se transformado num eixo do Corredor de BRT Leste-Oeste, que liga o Centro do Recife à região. Era promessa antiga, feita pelo governo do Estado, com recursos do governo federal, que nunca sequer foi iniciada. Mas que poderia ter mudado a infraestrutura, a aparência, a segurança viária e, principalmente, agilizado o deslocamento dos moradores das duas cidades.
Confira a série de reportagens JC NAS ESTRADAS
Insegurança viária por toda parte na Estrada da Muribeca, no Grande Recife
Problemas da Estrada da Muribeca, no Grande Recife, começam ainda na BR-101
Governo de Pernambuco promete uma Estrada da Muribeca mais resistente e organizada
Projeto de restauração, infelizmente, não prevê ciclovia na Estrada da Muribeca, no Grande Recife
Estrada da Curcurana, no Grande Recife, é desafio diário, principalmente para ciclistas
Estrada da Curcurana, no Grande Recife, precisa ter sentido único para reduzir perigo, apontam especialistas
Estrada de Aldeia, no Grande Recife, é teste diário contra a vida
Projeto prevê uma Estrada de Aldeia com ciclovias, calçadas e segura; conheça
Os perigos e erros da Avenida Belmino Correia, em Camaragibe
A avenida é o principal acesso ao Terminal Integrado de Camaragibe, que faz integração com o Metrô do Recife, e por onde passam 51 mil passageiros diariamente. E, mesmo sem o corredor prometido, os BRTs seguem usando a via para entrar e sair da integração. A promessa era a adequação da via ao mesmo modelo do Corredor Leste-Oeste que desde 2014 funciona na Avenida Caxangá, no Recife. Sem ela, o sistema sofre diariamente. E, como consequência da difícil circulação dos ônibus e BRTs pela via, sofrem também os automóveis, motos e caminhões que utilizam a rodovia.
Segundo dados do Consórcio MobiBrasil, que opera o BRT Leste-Oeste, a desordem que predomina no trânsito da Avenida Belmino Correia faz com que os BRTs gastem o dobro do tempo que levam para circular na Avenida Caxangá, por exemplo, onde o corredor é segregado fisicamente. “Enquanto um BRT semi-expresso percorre os 3,6 km entre o TI Camaragibe e o entroncamento com a PE-027 a 17 km/h entre 6h e 6h30, o mesmo veículo desenvolve 30 km/h a partir do TI Caxangá, quando o corredor fica segregado. Ou seja, faz muita diferença porque na Belmino Correia ele vai misturado ao tráfego comum, desviando de buracos, parando devido aos giros à esquerda que ainda são permitidos na via”, pondera o diretor de operações do Consórcio MobiBrasil, Djalma Dutra.
Dutra destaca a importância da rodovia para o transporte público da região. “Ela é a única ligação direta do Recife com São Lourenço da Mata, passando por Camaragibe. Tem um tráfego muito carregado porque também recebe os veículos que vêm do interior, da Zona da Mata Norte, por exemplo”, diz. Das seis estações e do corredor de BRT prometidos, a Avenida Belmino Correia só conseguiu duas estações improvisadas, que abrigam muito mal os passageiros. E, mesmo assim, erguidas pelos operadores somente em 2020.
A Prefeitura de Camaragibe diz que vai tentar retomar o projeto de criar uma rota viária alternativa e paralela à rodovia PE-005. A ideia defendida para a Copa do Mundo e que permitiria a implantação do corredor de BR na via era transformar a Avenida Rafael Barbosa (ao norte da cidade) em uma via de mão única, compondo um binário parcial com a Belmino Correia. Mas faltam recursos para o projeto e, por enquanto, não há qualquer previsão.