Quem pedala no Recife poderá vir a ter uma segurança especial. A ampliação da infraestrutura cicloviária da cidade, o aumento do uso de bicicletas pela população e, consequentemente, dos roubos desses equipamentos, são as razões para a proposta de criação de uma patrulha ciclística na Guarda Municipal do Recife. O vereador Luiz Eustaquio (PSB) é quem está propondo. A ideia é a criação de uma patrulha ciclística para proteger os ciclistas e evitar os roubos de bicicleta, cada vez mais comuns no Recife. Os números da Secretaria de Defesa Social (SDS) mostraram que entre 2017 e 2020 o aumento de registros foi de 19% e não foi à toa que o Estado lançou no fim de junho o Programa Alerta Bike, uma nova ferramenta tecnológica para combater o comércio ilegal, furtos e roubos de bicicletas.
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A proposta ainda está tramitando nas comissões da Câmara Municipal, sem previsão de ir à votação no plenário. No dia 6 de agosto haverá uma audiência pública sobre o tema para explicar o projeto e para obter apoio da sociedade. Mas a ideia do vereador é que a cidade conte com uma patrulha específica para fiscalizar e cuidar da segurança dos ciclistas que utilizam a malha cicloviária da cidade (ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas). Essa patrulha integraria a Guarda Municipal e atuaria apenas nessa função, apesar de a categoria não usar armas na cidade. "O Recife está ampliando a rede ciclável e é importante também ter um olhar para a segurança do ciclista. Tanto na integridade física como também no respeito ao espaço destinado a ele. A capital tem aproximadamente sete mil trabalhadores que usam a bicicleta como meio de transporte. Imagine sair para trabalhar com sua bike e ela ser roubada no caminho?", indaga o vereador.
Apesar de o vereador citar o trabalhador que usa a bicicleta para se deslocar, a patrulha teria uma atenção especial para as ciclofaixas móveis instaladas nos domingos e feriados, onde têm sido comuns os relatos de roubos. Como justificativa para a proposta, é argumentado que o Recife vem ampliando a malha, hoje de 160 km (mais de sete anos para chegar a essa extensão, vale ressaltar) e com a promessa do prefeito João Campos (PSB) de implantar mais 100 km até o fim da primeira gestão - embora até agora tenha feito apenas 10 km. Além disso, cita os roubos a bicicletas, o baixo custo operacional e a aproximação do agente público da população que o uso da bike proporcionaria na patrulha.
Veja alguns dos outros argumentos apresentados no projeto de lei:
A bicicleta possui vantagens óbvias:
1) Discreta. Todas as experiências do seu uso para fins de segurança/policiamento destacam o fato de serem veículos silenciosos, quase “invisíveis”. Pode-se surpreender grupos de criminosos surgindo por onde eles menos esperam, sobretudo por rotas de fuga onde não dá para passar um carro.
2) Rápida. Em Londres, onde há mais bicicletas de patrulha do que viaturas, o tempo de resposta a chamadas caiu pela metade. E em 70% dos casos elas chegam à cena antes das ambulâncias.
3) Acessível. As pessoas têm mais facilidade de acenar e conversar com policiais ciclistas. Também é comum relatos de crianças que se aproximam querendo saber sobre as bicicletas. Um sargento britânico afirmou que “esse tipo de conversas revela algumas excelentes informações que levam a uma série de problemas de comportamento anti-social a serem abordados e resolvidos”.
4) Baixo custo. A cidade de Glasgow, na Escócia, relatou que “podem ser empregados 15 policiais ciclistas pelo mesmo custo de adquirir e manter um carro.” Mas um gasto suplementar que não pode ser esquecido é a manutenção, que por vezes pesa tanto quanto a aquisição das bicicletas.