A novela "Nos Tempos do Imperador" tem causado polêmica por referências à atualidade do Brasil. Nesta sexta-feira (10), o ator Alexandre Neto reforçou esse tom durante participação no "Mais Você", programa matinal comandado por Ana Maria Braga. Ele vive o político corrupto e sem escrúpulos Tonico, que se envolve num caso de "rachadinhas" quando assume o cargo de deputado - prática pela qual Flávio Bolsonaro, filho de Jair Bolsonaro, chegou a ser investigado.
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Na conversa, Alexandre Nero revelou o desejo de que a trama tivesse um desfecho parecido com o momento político do país: "Eu queria que ele fosse eleito presidente para a gente entender o que está acontecendo", disse, em referência ao presidente Jair Bolsonaro.
"Ele tem todos os pré-requisitos para se transformar em um futuro senador, um presidente da República, quem sabe", alfinetou o ator. Ele ainda falou sobre os motivos da corrupção no Brasil: "Vem da exploração da miséria, do analfabetismo, da ignorância do povo brasileiro. Quanto menos a gente educar o povo, cortar a cultura, cortar a educação maltratar professores, artistas, a ciência... Quanto mais isso acontecer, mais fácil vai ficar para eles."
Nero ainda disse que sentia muita indignação por Tonico. "Esse cara mata pessoas diariamente, rouba dinheiro, nega a ciência, nega o progresso, nega milhões de coisas. Agora, eu, como o cavalo dele, sou o cara que recebo esse ser, eu tenho dó", afirmou ele.
Apesar da crítica, afirmou também "ter dó" do personagem. "Eu compreendo os lugares desse cara ser esse sujeito. Um homem rejeitado pela família, um homem frustrado, que nunca foi nada, incompetente, um burro, covarde... Como cavalo dele, eu tenho dó, mas como cidadão, é claro, que ele é um mal terrível."
Mais atualidades
"Nos Tempos do Imperador" já fez algumas referências diretas à atualidade brasileira. Em determinada cena em novembro, o personagem Batista (Ernani Moraes) elogiaou Tonico por inventar um esquema de corrupção, o mesmo que tornou Flávio Bolsonaro investigado pela Justiça. "Essa rachadinha ainda vai virar moda no Brasil", disse o barão.
Em outra cena, exibida em agosto, Lota (Paula Cohen) exigiu que Tonico arranjasse o cargo de Embaixador dos Estados Unidos para Bernadinho (Gabriela Fuentes) em troca de ajudá-lo a se entender com Dolores (Daphne Bozaski), uma provável menção a Eduardo Bolsonaro. O presidente cogitou a hipótese de colocar o filho no mesmo cargo, o que não ocorreu.
Controvérsia sobre Dom Pedro 2º
Além disso, a representação de Pedro 2º como uma figura cosmopolita, liberal e "moderna" tem causado estranhamentos na esquerda e na direita. Em outubro, descendentes do imperador chegaram a publicar uma nota para manifestar repúdio para a Globo. Assinaram seis membros da família, incluindo Dom Luiz de Orleans e Bragança.
Eles mencionam que o imperador foi um "senhor de costumes privados sabidamente ilibados, foi também um pai de família modelar, coluna do lar, protetor suave e varonil dos seus" e que "a Globo vem promovendo sistematicamente, nas últimas décadas, uma verdadeira revolução cultural, caracterizada pela desconstrução dos padrões tradicionais, a promoção da extravagância, da amoralidade e da cultura do caos, e denegrindo sistematicamente a nossa Nação."