ATUALIZAÇÃO

Trans queimada viva no Recife está consciente e respira sem ajuda de aparelhos, diz hospital

A vítima, que vive em situação de rua, foi queimada viva no Cais de Santa Rita, na área central da capital, e deu entrada na Restauração apresentando lesões no tórax, abdômen, mãos e braços

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Katarina Moraes

Publicado em 28/06/2021 às 9:27 | Atualizado em 28/06/2021 às 11:24
Roberta segue internada na enfermaria feminina da ala de queimados da unidade de saúde - DIEGO NIGRO/ACERVO JC IMAGEM

Roberta Silva, de 33 anos, mulher trans que sofreu uma tentativa de homicídio na última quinta-feira (25), já respira sem ajuda de aparelhos e está consciente, segundo atualização do estado de saúde feita pelo Hospital da Restauração (HR), no Centro do Recife, na manhã desta segunda-feira (28). Ela segue internada na enfermaria feminina da ala de queimados da unidade de saúde. Mais detalhes sobre o quadro dela serão divulgados à imprensa pelo médico Marcos Barreto, às 10h30.

A vítima, que vive em situação de rua, foi queimada viva na semana passada no Cais de Santa Rita, na área central da capital, e deu entrada na Restauração apresentando lesões no tórax, abdômen, mãos e braços. Roberta teve o braço esquerdo amputado em cirurgia realizada no último sábado (26) em decorrência dos ferimentos.

Um adolescente foi apreendido pelo crime e autuado pelo "ato infracional análogo a homicídio doloso tentado", de acordo com a Polícia Civil. O jovem foi encaminhado para a Unidade de Atendimento Inicial (Uniai) da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase).

A advogada, co-deputada estadual pelo Juntas (PSOL) e também travesti Robeyoncé Lima foi uma das vozes que jogou luz sobre o caso de Roberta através das redes sociais. Ela a visitou na unidade hospitalar na sexta-feira (25), e disse ao JC que, pelo relato da vítima, o caso teria sido de “um ataque de transfobia”. “O adolescente jogou um líquido inflamável nela e a incendiou. Como moradora de rua, ela já estava em uma situação de vulnerabilidade, e, depois desse incidente, ficou ainda mais. Ela está precisando de muita ajuda”, descreveu a parlamentar.

Ainda na sexta, o prefeito do Recife, João Campos (PSB), classificou como "intolerável" o que o ocorreu com Roberta e disse que determinou à Secretaria de Desenvolvimento Social do Recife que toda assistência seja dada à mulher. O Governo de Pernambuco, por sua vez, afirmou que está acompanhando o caso e que, além de apoiar física e mentalmente a vítima e seus familiares, irá ajudar na investigação criminal.

Através de nota, a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco (SJDH) informou que será a responsável por ficar à frente deste caso. "A Secretaria Executiva de Direitos Humanos (SEDH) já mobilizou a equipe do Centro Estadual de Combate à Homofobia (CECH) para realizar todos os encaminhamentos e acompanhamentos necessários", diz comunicado da pasta à imprensa.

"A SJDH também ressalta que está em articulação com o Centro Municipal do Recife e as Secretarias Estaduais de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude (SDSCJ), da Mulher (Sec. Mulher), de Defesa Social (SDS) e de Saúde (SES), bem como a mandata coletiva Juntas e entidades da sociedade civil, a fim de realizar um atendimento conjunto com a vítima e seus familiares, com o objetivo de garantir seus direitos", finaliza o texto.

Já a Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, afirmou que uma equipe do Centro de Referência em Cidadania LGBT do Recife foi até o Hospital da Restauração “para garantir que os direitos de Roberta fossem garantidos, como a utilização do nome social e a transferência para a ala feminina da unidade de saúde”, além de fazer uma visita à família de Roberta para “acompanhar o caso e dar apoio na recuperação”. “Além disso, a equipe permanecerá em diálogo com a Polícia Civil para acompanhar o resultado da investigação”.

Como denunciar LGBTfobia

A sociedade em geral e a população LGBTI podem denunciar qualquer ato violador dos seus Direitos pelo CECH, através dos números (81) 3182-7665/ 3182-7607, do e-mail centrolgbtpe@gmail.com, ou presencialmente na sede do órgão localizado na Rua Santo Elias, 535, bairro do Espinheiro. O governo do estado garante sigilo das informações. Já a Prefeitura do Recife disponibiliza plataforma online de denúncias contra LGBTfobia através do link http://bit.ly/DenunciaLGBTRecife. Vítimas também podem procurar o Centro de Referência em Cidadania LGBT do Recife. O equipamento fica na Rua dos Médicis, nº 86, Boa Vista, e funciona de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h.

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