Com informações da repórter Juliana Oliveira, da TV Jornal
Ressignificar. Esta palavra talvez seja uma das que melhor resume o trabalho da Fábrica de Vassouras Ecológicas, em Brasília Teimosa, na Zona Sul do Recife, uma iniciativa comunitária que vem mudando o destino do lixo e a vida das 17 mulheres que a compõem.
“Muitas delas saíram da depressão e da violência doméstica. Damos autonomia para elas, além da geração de renda, empoderando e mostrando o que elas podem fazer”, conta a coordenadora da organização, Carolina Patrícia.
A iniciativa foi criada quando a Marcha Mundial das Mulheres procurou o Centro Educacional Turma do Flau em 2018 para formar um grupo de escuta com mulheres.
Com isso, a organização percebeu que muitas das participantes não tinham renda própria, e a necessidade de emancipá-las financeiramente. Pesquisando, uma das integrantes descobriu que produzir vassouras com garrafas pet precisava de um investimento pequeno para gerar dinheiro — e assim a ideia nasceu.
Hoje, o coletivo faz parte do projeto Atitude Cidadã, uma iniciativa do Instituto JCPM de Compromisso Social em parceria com o Sistema Jornal do Commercio de Comunicação.
Produção
Para fazer uma vassoura, são necessárias 25 garrafas e cinco etapas de produção. Primeiro, as garrafas têm o rótulo retirado e a parte debaixo retirada, depois é lavada e “filetada”. Os fios de plástico são, então, colocados em uma bandeja de ferro e levados ao forno por 40 minutos. Por último, são cortados e levados para a prensa para a montagem final da vassoura.
Desde a criação, já foram retiradas mais de 7 mil garrafas do lixo de prédios, escolas e da própria vizinhança. O faturamento do espaço varia entre R$ 750 e R$ 1 mil por mês. Metade do que é arrecadado é dividido entre as artesãs, e a outra metade é destinada para investir na fábrica, desde a compra de materiais, como cabo, bocal, madeira e pregos, até ajustes necessários nas máquinas.
Mudança de vida
Na fábrica, o cuidado com as mulheres é integral. Além de um incremento na renda, elas também ganham aulas gratuitas para autocuidado, como artesanato e ioga, e até sessões de massagem. “A gente se preocupa não só com o financeiro e com a geração de renda, que é o nosso propósito maior, mas com elas estarem bem. Aqui é um lugar de lazer, virou o Clube da Luluzinha”, relata Carol.
Há quase um ano a fábrica faz parte da rotina da aposentada Maria Agripina do Nascimento, de 90 anos. “Eu me sinto muito bem. Só não venho quando eu não posso. Se eu puder, eu venho. Tenho amizades aqui também. Não é difícil fabricá-las e ainda ganho um dinheirinho extra”, pontua.
O trabalho foi uma forma de Maria Elizoneide Bezerra, de 74 anos, manter a mente ocupada após a aposentadoria. “Eu era costureira de indústria, mas não gosto de estar parada, sempre arrumo algo para fazer. É muito bom vir para cá, a gente conversa, é um grupo muito animado. Já faço todas as etapas [de produção] e estou aprendendo a montar sozinha”, conta.
Apesar disso, ela também revela as dificuldades do negócio, que precisa de ajuda para ser ampliado. “Estou vendo a fábrica crescer bastante, mas temos algumas dificuldades. Não temos nosso próprio espaço e, quando chega um pedido, temos que ir logo atrás; falta verba também”, diz.
Ajude
As vassouras custam entre R$ 15 e R$ 30 e podem ser adquiridas por meio do Instagram @fabrica_de_vassouras, do WhatsApp 98822-4424 ou na sede da Turma do Flau, onde a fábrica funciona, na Rua Brazopolis, nº 51, em Brasília Teimosa. Essas também são as formas de contato para quem tiver interesse em doar material ou solicitar a coleta das garrafas em casa.