Enquanto o PT e o PSB se encaminham para um entendimento a respeito das eleições de 2022, alguns cenários vão despontando nas bolsas de apostas. O presidente do PSB de Pernambuco, Sileno Guedes, elimina enfaticamente um deles, ao declarar que o partido não abrirá mão de indicar um candidato próprio à sucessão do governador Paulo Câmara. Já a discussão sobre a composição da chapa majoritária - Senado e vice-governadoria - serão debatidos entre as legendas que compõem o bloco da Frente Popular. Ou seja: “se o PT voltar a integrar a Frente Popular, ele vai entrar nessa discussão com certeza”, dispara Guedes.
“O que o PSB reivindica é que não tem como o partido não disputar o governo de Pernambuco. O governador Paulo Câmara vai apresentar quem será o candidato à sucessão do PSB e o resto da chapa será discutido com a Frente Popular e os demais partidos”, afirma Guedes.
Não é segredo que o Partido dos Trabalhadores também almeja ter o protagonismo na disputa pelo comando do Palácio do Campo das Princesas. Se de fato couber à sigla a indicação para a vaga no Senado Federal, alguns nomes já são ventilados como o do deputado federal Carlos Veras, que tem marcado presença nas agendas do governador com foco nas ações que integram o Plano de Retomada, por diversas cidades do Estado; o presidente do PT de Pernambuco, o deputado estadual Doriel Barros; e a deputada federal Marília Arraes, que teria a preferência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas defende que os petistas tenham palanque próprio em 2022.
“O presidente nacional do PSB [Carlos Siqueira] tem dito que o nosso projeto é derrotar Bolsonaro, essa é a nossa prioridade. Então, se para derrotar Bolsonaro a gente vai reconstruir uma aliança com o PT, seja no Brasil ou aqui em Pernambuco, então esse será nosso caminho. Mas, acho que a vaga do Senado é uma discussão que vai caber a um todo”, avaliou Sileno Guedes, em entrevista à Rádio Clube, nesta quarta-feira (20).
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Posicionamento
Essa condição apresentada por Sileno Guedes para iniciar o debate sobre a composição do PT na chapa da Frente Popular esbarra na realidade do Legislativo.
Os petistas atualmente adotam uma posição de independência na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), ainda que isso não esteja formalizado, uma vez que as bancadas independentes não estão previstas no Regimento Interno da Casa.
A posição foi desencadeada pelos fatos da eleição de 2020 no Recife, quando o então candidato João Campos apostou no antipetismo contra Marília Arraes (PT), sua adversária no segundo turno. Ficar na oposição seria difícil, pois a bancada é composta por parlamentares da direita.
Da bancada petista, a deputada Teresa Leitão (PT) é a que adota uma postura mais combativa em relação ao governo Paulo Câmara. Já Doriel Barros (PT) - que também é presidente estadual do PT - tem adotado uma postura mais neutra, e votado junto com o governo, assim como Dulci Amorim (PT).
Já na Câmara do Recife, a bancada do PT é liderada pela vereadora Liana Cirne (PT), que faz oposição ferrenha ao governo João Campos. O posicionamento também foi respaldado pela eleição do Recife, como algo natural pelo fato dos dois partidos terem sido adversários no segundo turno.
Ao contrário da Alepe, os petistas são oficialmente oposição na Casa José Mariano, e formaram inclusive um grupo à parte dos oposicionistas de direita, com parlamentares do PT e do PSOL.
No cálculo sobre a concretização da aliança, pesa mais o posicionamento do PT a nível estadual, justamente porque o pleito em 2022 vai eleger o novo governador. A possibilidade do PT voltar para o governo em Pernambuco acaba, portanto, sendo mais palpável.
Candidato
As reiteradas negativas do ex-prefeito do Recife e secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Geraldo Julio, de ser candidato ao governo do Estado em 2022, continuam sem influenciar o posicionamento do diretório estadual do PSB. De acordo com Sileno Guedes, o ex-gestor é o melhor quadro para encabeçar o processo de sucessão de Paulo Câmara. Por outro lado, o dirigente socialista afirma que o partido poderá apresentar outros nomes.
“Quem conhece Geraldo sabe que quando ele está numa tarefa, seja de prefeito do Recife, seja como secretário Econômico, ele encarna e cuida daquilo. Ele pode ser candidato, mas ele não é o único quadro que pode ser apresentado pelo governador, que é o grande coordenador da sua sucessão, mas no momento certo”, disse Sileno Guedes, durante a entrevista à Rádio Clube.
Para o presidente do PSB, a definição em torno de nomes será feita a partir do ano que vem, mas entende que a inquietação, principalmente, por parte da oposição, seja natural. “Quem está procurando candidato agora, quem está batendo a cabeça para procurar candidato, se vai ter um, dois, três ou quatro, é a oposição. Porque a oposição não tem a responsabilidade que nós temos. Nós governamos o Estado, governamos a capital, governamos mais de 50 municípios de Pernambuco, temos a maior bancada federal, estadual. A gente tem que cuidar da política e pensar nas estratégias, mas nosso foco agora não pode ser exclusivamente quem será ou não o candidato”, disparou.